quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

"Tabu", de Miguel Gomes, estreia nos cinemas portugueses a 5 de Abril


A produtora Som e Fúria anunciou hoje que o filme Tabu, de Miguel Gomes, será lançado em oito salas de cinema do país, na região de Lisboa, Coimbra e Porto, a 5 de Abril. A terceira longa-metragem do cineasta após A Cara Que Mereces (2004) e Aquele Querido Mês de Agosto (2008), estreou no Festival de Berlim 2012 onde venceu o prémio FIPRESCI da crítica internacional e o Prémio Alfred Bauer para a Inovação.

O filme, a preto e branco, é apresentado em duas partes (uma delas muda) e centra-se numa história de amor passada em África, contando com Teresa Madruga (Sangue do meu Sangue), Laura Soveral (The Lovebirds), Ana Moreira (A Religiosa Portuguesa) e Carloto Cotta (Morrer como um Homem), nos principais papéis.

Saturn Awards 2012: Os nomeados


Foram anunciados os nomeados aos Saturn Awards 2012, que honram o melhor que se faz no campo da ficção, fantasia e terror, na televisão e cinema. Hugo e Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2 lideram com dez nomeações cada. Em televisão, Breaking Bad consegue seis nomeações, seguido de American Horror Story com cinco.

CINEMA

Melhor Filme de Ficção Científica
The Adjustment Bureau
Captain America: The First Avenger
Limitless
Rise of the Planet of the Apes
Super 8
X-Men: First Class

Melhor Filme de Fantasia
Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2
Hugo Immortals
Midnight in Paris
The Muppets
Thor

Melhor Filme de Terror/Thriller
Contagion
The Devil's Double
The Girl with the Dragon Tattoo
The Grey
Take Shelter
The Thing

Melhor Filme de Acção e Aventura
Fast Five
The Lincoln Lawyer
Mission: Impossible - Ghost Protocol
Red Tails
Sherlock Holmes: A Game of Shadows
War Horse

Melhor Actor
Antonio Banderas em La piel que habito
Dominic Cooper em The Devil's Double
Tom Cruise em Mission: Impossible - Ghost Protocol
Chris Evans em Captain America: The First Avenger
Ben Kingsley em Hugo
Michael Shannon em Take Shelter

Melhor Actriz
Jessica Chastain em Take Shelter
Kirsten Dunst em Melancholia
Rooney Mara em The Girl with the Dragon Tattoo
Brit Marling em Another Year
Keira Knightley em A Dangerous Method
Elizabeth Olsen em Martha Marcy May Marlene

Melhor Actor Secundário
Ralph Fiennes em Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2
Harrison Ford em Cowboys & Aliens
Tom Hiddleston em Thor
Alan Rickman em Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2
Andy Serkis em Rise of the Planet of the Apes
Stanley Tucci em Captain America: The First Avenger

Melhor Actriz Secundária
Elena Anaya em La piel que habito
Emily Blunt em The Adjustment Bureau
Charlotte Gainsbourg em Melancholia
Paula Patton em Mission: Impossible - Ghost Protocol
Lin Shaye em Insidious
Emma Watson em Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2

Melhor Desempenho por um Jovem Actor
Asa Butterfield em Hugo
Joel Courtney em Super 8
Elle Fanning em Super 8
Dakota Goyo em Real Steel
Chloe Grace Moretz em Hugo
Saoirse Ronan em Hanna

Melhor Realizador
J. J. Abrams em Super 8
Brad Bird em Mission: Impossible - Ghost Protocol
Martin Scorsese em Hugo
Steven Spielberg em The Adventures of Tintin
Rupert Wyatt em Rise of the Planet of the Apes
David Yates em Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2

Melhor Argumento
J. J. Abrams por Super 8
Woody Allen por Midnight in Paris
Mike Cahill e Brit Marling por Another Earth
Rick Jaffa e Amanda Silver por Rise of the Planet of the Apes
John Logan por Hugo
Jeff Nichols por Take Shelter

Melhor Música
Michael Giacchino em Mission: Impossible - Ghost Protocol
Michael Giacchino em Super 8
Howard Shore em Hugo
Alan Silvestri em Captain American: The First Avenger
John Williams em The Adventures of Tintin
John Williams em War Horse

Melhor Design de Produção
Stuart Craig em Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2
Dante Ferretti em Hugo
Tom Foden em Immortals
Rick Heinrichs em Captain America: The First Avenger
Kim Sinclair em The Adventures of Tintin
Bo Welch em Thor

Melhor Montagem
Maryann Brandon e Mary Jo Markey em Super 8
Mark Day em Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2
Paul Hirsch em Mission: Impossible - Ghost Protocol
Michael Kahn em The Adventures of Tintin
Kelly Matsumoto, Fred Raskin e Christian Watner em Fast Five
Thelma Schoonmaker em Hugo

Melhor Guarda-Roupa
Sherlock Holmes: A Game of Shadows
Thor
Anonymous
Hugo
Captain America: The First Avenger
Harry Potter and the Deathly Hallows

Melhor Maquilhagem
Conan the Barbarian
Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2
Immortals
La piel que habito
The Thing
X-Men: First Class

Melhores Efeitos Especiais
The Adventures of Tintin
Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2
Rise of the Planet of the Apes
Super 8
Transformers: Dark of the Moon

Melhor Filme Internacional
Attack the Block
The Heir Apparent: Largo Winch
Melancholia
Point Blank
La piel que habito
Troll Hunter

Melhor Filme de Animação
The Adventures of Tintin
Cars 2
Kung Fu Panda 2
Puss in Boots
Rango
Rio

TELEVISÃO

Melhor Série em Canal Aberto
Fringe
A Gifted Man
Grimm
Once Upon a Time
Supernatural
Terra Nova

Melhor Série em Canal por Cabo
American Horror Story
Breaking Bad
The Closer
Dexter
Leverage
True Blood

Melhor Apresentação em Televisão (10 episódios ou menos)
Camelot
Falling Skies
Game of Thrones
The Killing
Torchwood: Miracle Day
Trek Nation
The Walking Dead

Melhor Série Juvenil
Being Human
Doctor Who
The Nine Lives of Chloe King
Secret Circle
Teen Wolf
The Vampire Diaries

Melhor Actor
Sean Bean em Game of Thrones
Bryan Cranston em Breaking Bad
Michael C. Hall em Dexter
Timothy Hutton em Leverage
Dylan McDermott em American Horror Story
Noah Wylie em Falling Skies

Melhor Actriz
Mireille Enos em The Killing
Lena Headey em Game of Thrones
Jessica Lange em American Horror Story
Eve Myles em Torchwood: Miracle Day
Kyra Sedgwick em The Closer
Anna Torv em Fringe

Melhor Actor Secundário
Giancarlo Esposito em Breaking Bad
Kit Harington em Game of Thrones
Joel Kinnaman em The Killing
John Noble em Fringe
Aaron Paul em Breaking Bad
Bill Pullman em Torchwood: Miracle Day
Norman Reedus em The Walking Dead

Melhor Actriz SecundáriaLauren Ambrose em Torchwood: Miracle Day
Jennifer Carpenter em Dexter
Frances Conroy em American Horror Story
Michelle Forbes em The Killing
Lana Parrilla em Once Upon a Time
Beth Riesgraf em Leverage

Melhor Actor ConvidadoSteven Bauer em Breaking Bad
Orla Brady em Fringe
Mark Margolis em Breaking Bad
Edward James Olmos em Dexter
Zachary Quinto em American Horror Story
Tom Skerritt em Leverage

DVD

Melhor Lançamento
13
Atlas Shrugged: Part One
City of Life and Death
The Double
The Perfect Host
Kill the Irishman
The Reef

Melhor Edição Especial
Citizen Kane (70th Anniversary Ultimate Collector’s Edition)
Giorgio Moroder Presents Metropolis
Mimic (The Director’s Cut)
Phantom of the Opera (1925 Silent, Blu-Ray)
The Rocketeer (20th Anniversary Edition)
Willy Wonka and the Chocolate Factory (40th Anniversary Collector’s Edition)

Melhor Colecção
Jean Rollin Cinema Collection
Jurassic Park Ultimate Trilogy
The Lord of the Rings: The Motion Picture Trilogy (Extended Editions)
Stanley Kubrick: The Essential Collection
Star Wars: The Complete Saga
Superman: The Motion Picture Anthology, 1978-2006

Melhor Lançamento de DVD de Série Televisiva
The Bionic Woman: Seasons 2 & 3
Camelot: The Complete First Season
Farscape: The Complete Series
Nikita: The Complete First Season
Spartacus: Gods of the Arena
The Twilight Zone: Season 3-5

Estreias 01 Março'12: Shame, Extremely Loud and Incredibly Close, Contraband e Ghost Rider: Spirit of Vengeance

Dia 01 de Março, pode contar com as seguintes estreias numa sala de cinema perto de si: 

Destaques:
  Vergonha (Shame)
Ano: 2011
Realização: Steve McQueen
Argumento: Steve McQueenAbi Morgan
Género: Drama
Aos trinta e poucos anos, Brandon (Michael Fassbender) é um bem-sucedido irlandês com um cargo de topo numa grande empresa de Nova Iorque. A viver sozinho num pequeno apartamento, tem a vida controlada ao milímetro. Porém, por trás de uma máscara de autocontenção, está um homem a viver no limite. Numa luta constante entre um medo incontrolável de intimidade e uma ânsia de sexo, ele vive de encontros ocasionais com estranhos. Até Sissy (Carey Mulligan), a sua irmã mais nova, aparecer sem pré-aviso e instalar-se no seu apartamento. Brandon perde então todo o controlo sobre a sua vida e a sua sexualidade. Quatro anos depois do êxito do filme "Fome" (também com Fassbender como protagonista), Steve McQueen regressa ao tema da liberdade, desta vez focando o vício enquanto prisão da própria mente. Nomeado para Leão de Ouro na edição de 2011 do Festival de Veneza, arrebatou o prémio FIPRESCI - Prémio da Crítica Internacional.

Outras sugestões:

  Extremamente Alto, Incrivelmente Perto
Ano: 2011
Realização: Stephen Daldry
Género: Drama
Elenco: Thomas Horn, Tom Hanks, Sandra Bullock e Max von Sydow
Oskar (Thomas Horn), de 11 anos, demonstrou desde cedo ser um menino-prodígio. Pacifista e entusiasta, o seu passatempo predilecto era a "expedição de reconhecimento", um jogo que criara com o pai (Tom Hanks), com quem sempre tivera uma ligação de absoluta cumplicidade. Porém, a trágica morte deste, durante os atentados terroristas do 11 de Setembro, vem alterar a própria natureza do pequeno Oskar que, incapaz de lidar com a perda, se fecha sobre si mesmo e se torna uma criança infeliz e solitária. Agora, um ano após o incidente, descobre num dos armários de casa uma chave do falecido pai. Convencido de que o objecto está de algum modo ligado a mais uma expedição, ele vai seguir diferentes pistas numa longa viagem pela cidade de Nova Iorque, em busca de uma última mensagem que lhe terá sido deixada. Nesse percurso vai ter a ajuda de um velho mudo (Max von Sydow) e conhecer algumas pessoas que, se por um lado lhe são estranhas, por outro o vão fazer compreender mais sobre si próprio e ajudá-lo a cumprir o luto que lhe faltava. Realizado por Stephen Daldry ("Billy Elliot", "As Horas", "O Leitor") e com argumento de Eric Roth, é baseado na obra homónima de Jonathan Safran Foer. Nomeado para dois Óscares: melhores filme e actor secundário (Max von Sydow).

  Contrabando  (Contraband)
Ano: 2012
Realização: Baltasar Kormákur
Género: Acção, Thriller
Chris Farraday (Mark Wahlberg) é um homem que toda a sua vida sobreviveu à custa de esquemas e negócios escuros. Considerado nos meandros do crime como um dos melhores, abandona tudo para se dedicar de corpo e alma à sua mulher (Kate Beckinsale) e ao filho pequeno. Até descobrir que Andy, o cunhado, se meteu em sérios problemas com o bando de Tim Briggs (Giovanni Ribisi), ex-patrão de Chris e um dos mais implacáveis mafiosos da zona. De maneira a emendar o erro de Andy e salvar a sua vida, Chris vê-se coagido a aceitar um novo trabalho de contrabando no Panamá. Assim, com a ajuda de Sebastian (Ben Foster), um dos seus mais fiéis amigos, junta alguns contactos do passado e forma uma equipa de especialistas. Porém, as coisas não correm como previsto e, numa corrida contra o tempo, eles vão ter de dar a volta à situação enquanto tentam escapar à polícia corrupta e aos mais perigosos criminosos.

  Ghost Rider: Espírito de Vingança
Ano: 2011
Realização:  Mark Neveldine e Brian Taylor
Género: Acção, Fantasia
No passado, Johnny Blaze (Nicolas Cage), aficionado por motas e capaz das mais audazes acrobacias, vendeu a alma ao diabo para salvar aqueles que amava. Quando, inevitavelmente, Satanás vem cobrar a sua dívida, Johnny, condenado a andar sem destino pela noite, transforma-se em Ghost Rider. Agora, escondido numa zona remota da Europa Oriental, é contactado por uma seita religiosa para resgatar a alma possuída de uma criança prestes a tornar-se no Anticristo. Apesar das reticências em voltar a encarnar o sombrio motoqueiro, Johnny percebe que o seu regresso se transformou na derradeira esperança daquela criança inocente e também de toda a Humanidade. Realizado por Mark Neveldine e Brian Taylor, é baseado na famosa personagem da Marvel, criada em 1972 pelo desenhista Mike Ploog e pelos autores de BD Roy Thomas e Gary Friedrich.
Sinopses: Cinecartaz Público

Vergonha, por Tiago Ramos


Título original: Shame (2011)
Realização: Steve McQueen
Argumento: Abi MorganSteve McQueen
Elenco: Michael Fassbender e Carey Mulligan

O título do filme vem de um prévio trabalho de pesquisa a viciados em sexo que nos seu depoimentos utilizaram inúmeras vezes a palavra "vergonha". Explicitamente e simbolicamente, a câmara de Steve McQueen capta a todo o instante esse sentimento que gera desconforto nas personagens e no espectador. Na sua primeira longa-metragem (Hunger), o realizador britânico revelou que tinha muito Cinema para mostrar e isso é confirmado na sua segunda produção, Shame, um retrato cru e sufocante sobre a compulsão extrema de um homem por sexo. Um tema que poderia ter resultado numa trama cliché, repleta de estereótipos, mas que aqui nunca se manifestam e transmitem uma sensação de honestidade única. Brandon segue uma vida dita como normal perante a sociedade. Profissionalmente bem sucedido, uma casa no centro de Nova Iorque, bem-parecido. Tudo para ser feliz e realizado, mas na verdade a imagem que Michael Fassbender (num dos seus melhores trabalhos) transmite tanto no olhar como na expressão corporal é a do vazio. Vazio que Steve McQueen faz questão de revelar exaustivamente, através da sua câmara próxima à personagem que mostra a sua compulsão sexual como um desejo de preencher precisamente os vazios da sua existência. Veja-se uma das mais belas cenas onde a personagem de Carey Mulligan interpreta uma versão de New York, New York, de Frank Sinatra e onde a sensação de constatação de vazio trespassa toda a cena e a face das personagens. Fassbender cria uma composição profunda, perturbadora, torturada de um homem preso no seu próprio labirinto de emoções. O mesmo faz Carey Mulligan. Personagem errante e essencialmente carente, cujos diálogos entre si e a personagem de Fassbender soam sufocantemente crus e verdadeiros. Raras vezes no cinema se transmitiu tão bem a essência da solidão como nestas duas personagens principais que compõem o filme.

A realização de Steve McQueen, virtuosamente impecável, demonstra de imediato a sua melhor forma nos minutos iniciais de filme, numa provocante e tensa cena tão bem capturada e assombrosa, que de imediato capta o espírito do filme e personagem. Em planos fechados e abertos, o realizador capta a angústia das personagens, tão desconfortável como subtil, mesmo nas cenas de sexo, psicologicamente fortes que transparecem a dor da personagem. Uma narrativa criada a meias por si e por Abi Morgan, não-linear, vai compondo gradualmente a estrutura das personagens, cujos actores tratam de cimentar. Através da repetição, de uma forma quase ritualista, de uma edição (de Joe Walker) tanto rápida como lenta, uma banda sonora que pontua a trama com um compasso (especialmente um tema específico de Harry Escott) e uma fotografia fulgurante de Sean Bobbitt, Shame transmite e constrói toda a claustrofobia das personagens, extremamente solitárias e em doses intensamente climáticas que trespassam a vergonha que o título retrata. Do mesmo tratamento das personagens, Nova Iorque é criada como uma personagem igualmente distinta, mas igualmente solitária. Sufocantemente aprisionadora, como prisioneira. Ritmada e opressiva. A sensação é a da vergonha. Da solidão. Dos grilhões da compulsão. Do vício. Da obsessão. A mesma sensação com que o espectador sai no fim do filme, também ele espancado e sufocado com tão claustrofóbica criação.


Classificação:

Fantasporto 2012: Dia 9

Para o nono dia de festival apenas acompanhámos as duas primeiras sessões da noite no Grande Auditório: o polaco Rose e o britânico Attack the Block. Este último foi agraciado com a presença do realizador Joe Cornish que não deixou de manifestar o seu desagrado com a tradução portuguesa do título do filme: ETs in Da Bairro.

Rose (2011), de Wojciech Smarzowski ½
Rose não foge muito aos habituais filmes com a temática da Segunda Guerra Mundial, mas foca-se num lado menos conhecido: o pós-guerra na região da Masúria (na Polónia), após a ocupação Nazi e do Exército Vermelho. O filme é um drama competente e bem realizado, focado essencialmente na sobrevivência das personagens e focado também na questão da perda da identidade, através da germanização e posteriormente quando os sobreviventes foram sujeitos a verificação da nacionalidade organizada pelo governo comunista da Polónia. Os actores Marcin Dorocinski e Agata Kulesza apresentam dois desempenhos excelentes e que em muito contribuem para o sucesso do filme.

É uma proposta interessante, de uma produção bastante competente, incluindo realização e banda sonora (Steven Price) bastante boas. É um filme que evoca algumas produções dos anos 80, um género híbrido entre comédia, terror e ficção-científica que resulta bem e tendo como pano de fundo uma paisagem suburbana em meio a problemas de marginalidade, mas sem moralismos. Os efeitos visuais são simples e resultam bastante bem e destaca-se o excelente trabalho do jovem  actor John Boyega. É uma história simples, a espaços algo repetitiva (e por vezes aborrecida) e também não tão inventiva como faz crer. Mas tem como ponto positivo o de revelar o talento de Joe Cornish (que escreveu e realizou o filme) e esperar por novos projectos seus.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Poster da 65.ª edição do Festival de Cannes

A organização do Festival de Cannes revelou o poster da sua 65.ª edição, onde identifica os 50 anos após a morte de Marilyn Monroe, sendo esta a cara da nova edição, como uma eterna e contemporânea referência à graça, mistério e sedução.


O Festival de Cannes 2012 decorrerá de 16 a 27 de Maio, com Nanni Moretti como presidente do júri. 

Leia também:

Poster da quinta temporada de "Mad Men"

Foi revelado o poster da quinta temporada de Mad Men, que estreia nos Estados Unidos a 25 de Março.


Em entrevista ao New York Times, o criador da série Matthew Weiner referiu que o poster é uma representação do tema da nova temporada. Após uma pausa de um ano e meio, a campanha publicitária do canal AMC tratará a série como uma estreia, de forma a conquistar de novo a audiência.

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Eva, por Tiago Ramos


Título original: Eva (2011)
Realização: Kike Maíllo

Verdade que muito do que nos costuma chegar deve ser precisamente o melhor de uma larga selecção, mas não deixamos de nos sentir interessados por aquela que, ano após ano, aparenta ser uma das grandes indústrias cinematográficas em expansão: a espanhola. Aquele que nos parece ser grande parte do segredo é precisamente a criatividade de uma indústria que não parece agarrada ao cliché do drama ou melodrama, popularizado por Pedro Almodóvar, mas que começa apostar também em outros géneros, como o caso do fantástico ou terror, o qual o Fantasporto tem sido excelente em promover. Tanto que esta produção espanhola de ficção-científica nos deixa surpreendidos precisamente por imaginarmos que uma proposta do género em português parece longe da realidade.

A história de Eva não é precisamente original e é isso que mais a prejudica. A narrativa assemelha-se bastante a uma revisitação de Artificial Intelligence (2001), de Steven Spielberg, sendo por isso bastante previsível e cliché. Uma maior irreverência no argumento teria contribuído para um filme superior ao conseguido, a começar pelo título que denuncia de imediato a intenção da história e pelo sem número de referências que surgem do já referido A.I. ou de Bicentennial Man (1999), Minority Report (2002) e o recente Splice (2009). Curiosa nota ainda para a referência à história de 1001 Noites. Contudo, Kike Maíllo e a sua realização segura e inteligente, consegue fazer o espectador esquecer-se dessa fraca originalidade, deixando o espectador mais interessado no lado emocional e daí melodramático da trama, criando uma série de personagens bem construídas e pelo qual nos sentimos imediatamente atraídos. Especialmente porque grande parte desse trabalho é bem complementado pelas competentes interpretações de todo o elenco, de onde se destacam obviamente a estreia de Claudia Vega e que tem com certeza muito potencial a explorar em outras produções e o desempenho do veterano Lluis Homar (Los abrazos rotos), excelente a recriar um andróide com todas as suas nuances.

Mas é também a nível técnico que Eva surpreende. A começar pela excelente direcção de fotografia de Arnau Valls Colomer e pelos brilhantes, mas não invasivos, efeitos especiais de uma competentíssima e vasta equipa técnica. Curiosa ainda a forma como a trama explora a sociedade em 2041 de uma forma menos vistosa e aparatosa, longe de toda a parafernália esperada, deixando-a bastante mais próxima da realidade actual, utilizando até uns curiosos apontamentos vintage a nível de guarda-roupa (María Gil) ou na utilização numa cena da música Space Oddity, de David Bowie. Ou destaque ainda para os fabulosos créditos iniciais.

Eva não é original, mas é uma produção que merece verdadeiro destaque, nem que seja para verificar a vitalidade do cinema espanhol e a ascensão do cinema catalão, que ainda recentemente nos trouxe o excelente Pa Negre (2010).


Classificação:

Obituário: Erland Josephson

15 de Junho de 1923 - 26 de Fevereiro de 2012

Faleceu, aos 88 anos, o actor sueco Erland Josephson, após uma longa batalha contra a doença de Parkinson. Tornou-se especialmente conhecido pela sua longa parceria com o realizador sueco Ingmar Bergman, em filmes como Hour of the Wolf (1968), Cries and Whispers (1972), Scenes from a Marriage (1973), The Magic Flute (1975), Autumn Sonata (1978), Fanny and Alexander (1982) e Saraband (2003). O seu último trabalho no cinema foi em 2006 com Wellkåmm to Verona.

Prémios Autores 2012:Os vencedores


Decorreu ontem a gala de entrega dos prémios Autores 2012, organizada pela SPA (Sociedade Portuguesa de Autores). Em cinema, o principal vencedor foi Sangue do meu Sangue que venceu em três das quatro categorias. Em televisão, o vencedor foi a RTP, com três programas seus a vencerem em todas as categorias.

CINEMA

Melhor Argumento
João Canijo por "Sangue do meu Sangue"

Melhor Filme
Sangue do meu Sangue, de João Canijo

Melhor Actriz
Rita Blanco em Sangue do meu Sangue

Melhor Actor
Nuno Melo em O Barão

TELEVISÃO

Melhor Programa de Informação
Linha da Frente, de Mafalda Gameiro (RTP1)

Melhor Programa de Ficção
O Último a Sair, de Bruno Nogueira, Frederico Pombares, João Quadros, Sérgio Graciano, André Banza e Ricardo Freitas (RTP1)

Melhor Programa de Entretenimento
Cuidado com a Língua, de José Mário Costa e Ricardo Freitas (RTP1)



Leia também:

Fantasporto 2012: Dia 8

O oitavo dia de Fantasporto decorreu tranquilamente e sem mais sobressaltos de projecção/cortinas. A cobertura do certame fez-se mais uma vez no Grande Auditório do Teatro Rivoli.

Code 37: The Movie (2011), de Jakob Verbruggen ½
Longa-metragem adaptada da série policial belga homónima cujo maior defeito é precisamente o facto de parecer um longo episódio, em vez de um filme. A produção segue toda a imagética de uma série policial tanto a nível das personagens, como a nível do desenvolvimento de argumento. Embora seja veja de forma fluida e independentemente de conhecermos a série ou não, existem de facto muitas pontas soltas e que remeterão para a versão televisiva, incluindo o desfecho da narrativa.

Immaturi (2011), de Paolo Genovese ½
Immaturi segue a linha do novo cinema italiano de comédia. É uma narrativa simples, linear e inconsequente, mas  bastante divertida, com personagens carismáticos e diálogos com piada. Não acrescenta nada de novo ao género, mas entretém bastante o espectador e um dos momentos mais agradáveis do dia.

A israelita Hagar Ben-Asher surpreende na sua primeira longa-metragem, na escrita do argumento, realização e protagonismo, com um filme que é bem mais interessante e denso do que à partida parece. Embora a espaços aborrecido e um argumento nem sempre claro, o filme destaca-se pelo bom trabalho na realização e fotografia, mas também pela densidade impressa às personagens e abertas à interpretação do espectador e um simbolismo latente durante grande parte do filme.

Lobos de Arga (2011), de Juan Martínez Moreno  ½
Surpreendente e divertida produção espanhola que remete, a espaços, para um tipo de cinema dos anos 80 e que consegue equilibrar-se bem enquanto género híbrido de comédia de terror. A realização é bastante competente, o argumento pontuado com diálogos divertidos, bem construídos e com algumas reviravoltas na trama que contribuem para a manutenção da expectativa do espectador e para o seu divertimento, claro. Destaque ainda para o trabalho de Carlos Areces como actor secundário.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Óscares 2012: Os vencedores


A cerimónia deste ano decorreu mais uma vez sem grandes surpresas. Hugo (11 nomeações) e The Artist (10 nomeações) venceram em cinco categorias. O filme de Michel Hazanavicius venceu nas categorias principais de Melhor Filme e Melhor Realizador.

Melhor Filme
The Artist

Melhor Realizador
Michel Hazanavicius por The Artist

Melhor Argumento Adaptado
The Descendants

Melhor Argumento Original
Midnight in Paris

Melhor Actor
Jean Dujardin em The Artist

Melhor Actor Secundário
Christopher Plummer em Beginners

Melhor Actriz
Meryl Streep em The Iron Lady

Melhor Actriz Secundária
Octavia Spencer em The Help

Melhor Filme de Animação
Rango

Melhor Documentário
Undefeated

Melhor Filme Estrangeiro
A Separation (Irão)

Melhor Montagem
The Girl with the Dragon Tattoo

Melhor Fotografia
Hugo

Melhor Direcção Artística
Hugo

Melhor Som
Hugo

Melhor Mistura de Som
Hugo

Melhor Guarda-Roupa
The Artist

Melhor Banda Sonora Original
Ludovic Bource por The Artist

Melhores Efeitos Visuais
Hugo

Melhor Maquilhagem
The Iron Lady

Melhor Canção Original
Man or Muppet, de The Muppets

Melhor Curta-metragem Documental
Saving Face

Melhor Curta-metragem de Animação
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore

Melhor Curta-metragem

Fantasporto 2012: Dia 7

Domingo no Rivoli e o Grande Auditório cheio, mas não lotado já que a diversidade de filmes também não deverá ter ajudado a atrair um público mais vasto. Nota negativa para os problemas de projecção mais uma vez, especialmente na exibição de Hotel Lux. Embora a direcção do festival já tivesse alertado para tal, devido a ser a primeira vez que o Fantasporto utiliza um equipamento digital, não deixa de ser aborrecido. Especialmente porque parece que não existe prontidão na resolução imediata do problema e durante esta exibição, o filme foi atrasado por duas vezes e os espectadores obrigados a reverem novamente uns bons minutos das mesmas cenas e depois alterado de uma versão em Blu-Ray para outra num DVD screener, com marca d'água da produtora. Mesmo com pedidos de desculpas, o público começa a não reagir muito bem (e o realizador que estava presente também não).

Madonna's Pig (2011), de Frank Van Passel ½
Foi uma das surpresas do dia. Uma comédia ligeira e divertida, ao estilo burlesco, com uma narrativa bastante simples mas cativante, seja pelo honestidade ou pelo forma amorosa como conduz as personagens. Os toques de fantasia resultam bastante bem e contribuem para a originalidade do filme como um todo, embora talvez necessitasse de uma duração inferior para ser ainda mais competente. Destaque positivo para algumas referências políticas, nomeadamente à Europa como comunidade.

Também da Bélgica, Lena oferece-nos um drama pungente sobre a passagem da adolescência à idade adulta. Na sua estreia como actriz, Emma Levie consegue apresentar uma composição detalhada e complexa, especialmente na linguagem corporal e no olhar. O argumento foca-se precisamente nessa personagem que dá nome ao filme, na ânsia por emancipação e nos relacionamentos familiares. A história, embora não seja original é impactante e nota-se o trabalho cuidado na realização, banda sonora e fotografia de Menno Westendorp.

Hotel Lux (2011), de Leander Haußmann 
O filme tinha um grande potencial entre mãos. Mas para algo que se anunciava tão cómico (o próprio realizador o referiu na sua apresentação), Hotel Lux não deixa de ser bastante aborrecido e de fraca concepção. O problema mais grave é que a narrativa tenta ser muita coisa ao mesmo tempo: uma comédia satírica, uma grande produção de Hollywood ao estilo dos anos 30 e perto do fim, um filme de acção e aventura. Mas no fim de contas, não consegue assumir nenhum destes tons da forma acertada, gerando uma trama desequilibrada e sem grande interesse.

Keyhole (2011), de Guy Maddin ½
É complicado avaliar esta obra de Guy Maddin sem conhecer um pouco a sua filmografia e o seu estilo. Uma adaptação livre da história de Ulisses em Odisseia e provavelmente o filme menos convencional e bizarro do cineasta. A narrativa não-linear e bastante confusa não tenta sequer ser coesa, apresentando apenas conceitos intransigentes na sua estética claustrofóbica, psicossexual e simbólica, mas tão hipnotizante.