Cidade dos Homens, por Carlos Antunes

Título original: Cidade dos Homens
Realização: Paulo Morelli
Argumento: Elena Soarez e Paulo Morelli

Elenco: Douglas Silva, Darlan Cunha, Jonathan Haagensen e Rodrigo dos Santos

Ainda recentemente dizia de como o modelo telenovelesco do Cinema Brasileiro parecia ser o único que era facultado ao público mundial e eis que surge um filme que o nega.

Cidade dos Homens, apesar da sua genealogia televisiva - que não conheço - não se reduz e a sua capacidade dramática é evidente.
Não há, aliás, necessidade de conhecer a série para compreender a forma como Laranjinha e Acerola chegaram a este ponto das suas vidas e da sua amizade.
O filme é auto-suficiente e rico.

Aqui lida-se com as dificuldades da condição de pai, sobretudo num local que estará sempre em guerra e onde é preciso tomar partidos e fazer opções a todo o momento.
As condicionantes deste pequeno universo não definem por si próprias aquilo que vai acontecer ou que já aconteceu com os pais dos dois protagonistas ou com a sua própria condição recente de pais.
Eles são personagens que precisam de reagir aos eventos, não se limitam a ser levados por eles.
Uma via de realidade que nos surpreende pelo seu inesperado plausível.

E no meio de uma guerra pelo domínio de uma favela, o filme explora a forma como o passado influencia a amizade dos dois protagonistas, define as suas possibilidades para o futuro e obriga-os a enfrentar a mais elementar verdade da vida, a sua dificuldade incerta.
Cidade dos Homens é um drama interessante e matizado, que nunca se reduz ao determinismo.