terça-feira, 11 de agosto de 2009

Os Limites do Controlo, por Tiago Ramos



Título original: The Limits of Control (2008)
Realização: Jim Jarmusch
Argumento: Jim Jarmusch
Elenco: Isaach De Bankolé, Paz de la Huerta, Tilda Swinton, Youki Kudoh, Óscar Jaenada, Luis Tosar, John Hurt, Gael García Bernal, Hiam Abbass e Bill Murray

Nem sempre o Cinema é a arte de contar histórias. Por vezes é isso complementado com um forte sentido estético, com cenas que são mais para sentir que compreender. Assente nessa opinião surge o último trabalho de Jim Jarmusch, aclamado por Broken Flowers (2005), entre outros.



O cineasta cinge Os Limites do Controlo a uma estética muito sua e muito própria, tornando aquilo que podia ser um thriller acelerado, num ensaio crítico e lento, mas sofisticado, da espionagem, do crime e em instâncias finais, daquilo que temos como percepção da realidade. Longe do típico blockbuster dirigido a um público mainstream, Jim Jarmusch entrega-nos um mundo pouco estereotipado e singular, bastante direccionado para a estética artística.



O multiculturalismo está latente em cada recanto do filme com a utilização de variadíssimas línguas, desde o francês, o espanhol, inglês, japonês ou hebraico, incluindo ainda um elenco diverso e de diferentes nacionalidades. Mas também a fotografia de Christopher Doyle (Paranoid Park) é soberba, única e talvez o maior elo de ligação do filme à Arte propriamente dita: desde planos aéreos, cores saturadas contrastadas com elementos neutros até longos planos contemplativos de paisagens urbanas e rurais.



Com uma estrutura lenta mas coesa, o filme utiliza poucos mas excelentes diálogos, bastante sábios e curiosos, onde por vezes se repete a mesma frase para realçar a percepção da realidade. E são os encontros, marcados através de caixas de fósforos, que garantem uma longa dissertação sobre temas variados como Música, Cinema, Pintura e Ciência.

Os Limites do Controlo é um filme pouco usual, onde a banalidade não existe, bem suportado por Isaach De Bankolé e onde encontramos alguns bónus, como uma Tilda Swinton renovada ou o reencontro com antigos companheiros de trabalho de Jim Jarmusch, como John Hurt, Yuki Kudoh e Bill Murray.



O final é inesperado, como se esperaria de um filme do realizador, uma ode à metafísica, onde nos apercebemos que nem tudo aquilo que percepcionámos como realidade o pode ser. É um filme assente em repetições constantes, bastante bem fabricadas, onde ressoa durante bastante tempo e em diferentes línguas, a frase: "O Universo não tem centro nem arestas".

Classificação:



3 comentários:

  1. Sinceramente, não gostei do filme. Parece-me confuso e sem uma historia bem definida. De qualquer forma, gosto de ler as tuas opinioes.

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  2. Anônimo,
    É um filme estranho, apesar de primar pela excelente qualidade técnica. Obrigado por seguires o blogue.

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