segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Homens que Matam Cabras só com o Olhar, por Carlos Antunes

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Título original:
The Men Who Stare at Goats
Realização: Grant Heslov
Argumento: Peter Straughan e Jon Ronson
Elenco: George Clooney, Ewan McGregor, Jeff Bridges, Kevin Spacey e Stephen Lang

O que nos parece ridículo não passa de uma materialização de uma crença alheia que, como todas as crenças, é obviamente absurda e nem por isso menos digna e estimada.
O que é ridículo nos outros será também em nós, apenas não se revelando da mesma maneira.
Por isso nos rimos quando alguém corre contra uma parede tentando atravessá-la ou quando outro alguém começa a falar na tentativa de conseguir a invisibilidade apenas com o poder da mente.

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Assim é esta comédia, que ausculta a possibilidade do absurdo ser credível e real até um certo ponto que está para lá das nossas expectativas - como o filme anuncia logo de início.
Só falta ao filme colocar-se ainda mais junto ao limiar que coloca a dúvida sobre se os poderes destes homens são reais ou fruto de uma espécie de locura colectiva.
Essa era a forma de levar o riso a um estado de mais incerta bizarria perante o mundo como o conhecemos e como estas personagens o criam.

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À parte isso, o filme coloca-se como a perseguição de um fugidio objectivo, o do jornalista que procura uma prova de si mesmo na história que julga ter encontrado e o do exército que quer tornar-se inútil.
As personagens que se cruzam acabam por render-se à esperança que criam na presença umas das outras.
Esperança para um mundo onde as suas vidas tenham significado e a realidade que eles conhecem do mundo pareça, ainda, capaz de ser alterada.

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Clooney e McGregor interpretam isto ao milímetro, como que simultaneamente dispersos no mundo e nos seus próprios mundos, dispostos a todas as deambulações por mero capricho do charme que sentem um pelo outro.
Jeff Bridges faz lembrar o seu próprio The Dude, desta vez minando o sistema por dentro na esperança de o reerguer melhor, a consciência militar americana tocada pela consicência social.
São personagens que interessam, "aberrações" curiosas que fazem falta ao mundo, pois claro.

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No final o absurdo parece uma apetecível libertação, quer privada quer global.
A entrega ao absurdo é a conquista de uma crença que os faz mover para um futuro que eles acreditam ser melhor.
Mesmo que não se concretize, é por ele que eles continuam a avançar.


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