quarta-feira, 17 de março de 2010

Uma Outra Educação, por Carlos Antunes


Título original: An Education
Realização: Lone Scherfig
Argumento: Lynn Barber e Nick Hornby
Elenco: Carey Mulligan, Olivia Williams, Alfred Molina, Peter Sarsgaard e Dominic Cooper

Numa sociedade onde uma mulher tem de garantir o futuro por estudar muito mais do que os restantes ou por se casar com quem a sustente, é difícil que uma rapariga não se revolte com as imposições que rapidamente lhe formatam o futuro.
Sobretudo quando além de lhe impôr regras rígidas o pai opta por menosprezar as suas capacidades mostrando alívio mal ela parece determinada a casar-se.


Numa sociedade assim, é natural que essa rapariga, apesar de ser determinada e inteligente, se deixe rapidamente seduzir por um mundo onde o prazer e o deslumbramento são a norma e não a excepção.
Que essa rapariga se permita libertar e viver um pouco, apesar de todos os avisos, porque é na juventude que se deve experimentar (alguma) rebeldia e liberdade, não apenas viver para o trabalho.


Só que o idílio que ela julga viver revela-se uma mentira cruel onde o ignominoso papel que guardam para as mulheres se revela a esta rapariga ainda ingénua e esperançosa.
A sua descoberta do mundo vive de toda a beleza que lhe mostram mas também de toda a feiura do que lhe causam.
A ilusão de que o mundo é muito mais do que aquilo que ela tem direito devolve-lhe a consciência da necessidade de lutar pelo direito a experimentar tudo.


Uma Outra Educação é um filme digno e simpático, bem ao estilo britânico. Bem escrito, com um genuíno poder de atracção.
Mas não teria nada de distinto não fossem as interpretações do versátil Peter Sarsgaard mas, acima de tudo, de Carey Mulligan, uma miúda que salpica o ecrã com tanto de energia ingénua como de sabedoria arisca de uma actriz de enorme experiência.
Carey Mulligan é uma revelação como já parecem haver poucas do género e esperamos agora reencontrá-la rapidamente.



1 comentário:

  1. O que o torna único são realmente as interpretações. Mas o próprio filme pela sua simplicidade torna-se desarmante e emocionalmente competente.

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