segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Chefes Intragáveis, por Carlos Antunes


Título original: Horrible Bosses
Realização: Seth Gordon
Argumento: Michael Markowitz, John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein
Elenco: Jason Bateman, Charlie Day, Jason Sudeikis, Jennifer Aniston, Kevin Spacey e Colin Farrell

Dêem oportunidade a bons actores de darem largas ao lado pior da personalidade humana e têm um óptimo resultado logo aí.
O melhor é mesmo Colin Farrell, a ir mais longe do que as suas outras personagens lhe permitiram. Haverá quem ache irritante o exagero, mas se Les Grossman esteve à beira de ter um filme só para si então as desventuras de Bobby Pellitt também o mereciam.
Kevin Spacey e Jennifer Aniston não ficam propriamente atrás de Farrell, mas têm personagens dentro de limites mais toleráveis.
Spacey faz o seu "vilão" com o talento que se lhe reconhece e Aniston tem o melhor papel humorístico em muito tempo de grande ecrã.
Enquanto estes três chefes tomam conta do filme e são intragáveis ao máximo, há muito do que rir. Tenha-se ou não um chefe como estes, vê-los a comportar-se assim com outros desperta o nosso próprio lado mais ruim.
Quando o filme coloca em movimento as engrenagens da história do assassinato - excessivamente complicada para a previsibilidade que revela - é que as coisas saem dos eixos.
Passa tudo a ser uma longa e mal sucedida base para uns quantos gags que tentaram aglutinar em filme.
Gags de entre os quais, para piorar a situação, os melhores já soam a velho depois de terem aparecido no trailer que, em vez de abrir o apetite para o filme, faz o erro de o tornar redundante.
Depois do último riso durante o filme - ou seja, depois daquela piada envolvendo uma confusão entre Alfred Hitchcock e Danny DeVito, que só funciona com meia dúzia das pessoas na sala - só volta a haver motivos para tal no gag reel que preencher os créditos finais com uma série de tiradas de Colin Farrell que acabaram de fora do filme e um inspirado (mas inutilizável) momento de auto-ironia.
Se o melhor humor veio do que tinha de ficar de fora, acho que o filme se sentenciou a si mesmo.
Jason Bateman, Charlie Day e Jason Sudeikis já mostraram em televisão que têm bastante humor para dar, mas aqui chegam mesmo a sacrificar alguma da lógica interna do filme só para fazerem piadas que já eram velhas quando as suas carreiras ainda eram jovens.
Nada contra que eles se queiram divertir em conjunto a fazer um filme, nem mesmo contra a sensação de que partiram em busca de um sucesso próprio ao jeito de The Hangover. Já estou é contra o humor tão fraco que revelam aqui quando tinham conseguido um óptimo ponto de partida.
O verdadeiro trio de comediantes aqui é o dos chefes, portanto acho que as pessoas podem estar à vontade para sair da sala quando começar virem que só um dos chefes ainda vai ser aproveitado em cena.


1 comentário:

  1. Normalmente fujo destas "comédias" como o Diabo da cruz mas tenho ouvido falar tão bem do Colin Farrell que admito que Bosses até me deixou curiosa.

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