terça-feira, 13 de abril de 2010

O Corpo de Jennifer, por Carlos Antunes


Título original: Jennifer's Body
Realização: Karyn Kusama
Argumento: Diablo Cody
Elenco: Megan Fox, Amanda Seyfried, Johnny Simmons e Adam Brody
Editora: Castello Lopes Multimédia

Jennifer's Body não é um novo Juno, mas apenas porque ao segundo argumento Diablo Cody não aparece mais como uma revelação.
Aqui ela tem dois propósitos que se equilibram suficientemente bem, a aguerrida defesa da condição feminina e a desconstrução do filme de terror. Haveria forma mais eficaz de falar da estranheza pubertária que atinge as raparigas e das expectativas que o género masculino lhes impõe desde logo.
Tudo visto à luz de uma mulher que sabe como poucos escrever deliciosos diálogos, com um olhar crítico e politicamente incorrecto sobre uma sociedade que se corrompeu debaixo de uma capa de moraliade extremada.


Diablo Cody acerta no espectador com um humor negro que muitas vezes se insinua no espectador quando este está desarmado por um diálogo quase absurdo.
Um humor negro que vai destruindo as convenções americanas, mais do que banalizando-as, expondo-as ao ridículo.
Vejam-se os motivos - a dificuldade de ter sucesso no mundo da música - para o sacrifício de Jennifer ao demónio ou a escolha - Aquamarine em DVD - de programa com que Jennifer convence uma das suas vítimas a ir ao seu encontro. O ridículo é tanto dos que levam isto a sério como dos que se deixam ir, sem questionar, de encontro aos seus propósitos e resultados.


Quanto à dupla de actrizes, tem aqui a sua definitiva revelação.
Megan Fox é, finalmente, a protagonista que já se prometia tornar e mostra que tem um sentido de entrega e uma disposição para se olhar com ironia.
Amanda Seyfried vai pelo mesmo caminho, mostra que tem força e capacidade para desfazer estereótipos e variar os seus papéis e, em muitos momentos, rouba o protagonismo a Fox.


Portanto, apesar do género pouco transversal de Jennifer's Body, não há motivo para que o público que, por qualquer justificação, chegue a ver o filme não acabe por se ver surpreso.
Singelo sem ser radicalmente inovador - como Juno, lá está - este é um filme conseguido.



Extras

Cenas cortadas - Interessante conjunto de cenas que ficaram fora da montagem final, em alguns casos que mostram que adicionavam algo mais ao sentido do filme.

Gags - Pequenos momentos cómicos das filmagens



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