terça-feira, 30 de junho de 2009

A Ressaca, por Carlos Antunes

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Título original:
The Hangover
Realização: Todd Phillips
Argumento: Jon Lucas e Scott Moore
Elenco: Bradley Cooper, Heather Graham , Jeffrey Tambor, Justin Bartha e Ken Jeong

A Ressaca tem como facto distintivo de tantas outras comédias a sua estrutura narrativa.
A história que seguimos é aquela que vem depois da essência da loucura que aconteceu.

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Assim consegue ela dois efeitos.
O primeiro, o de criar um ambiente aventuroso, onde se procuram as pistas do que aconteceu anteriormente.
O segundo, de nos permitir seguir dois conjuntos de desventuras, aquele que se vai reconstituindo e aquele que se cria nesse processo.

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Claro que isso seria insuficiente se a comédia em si mesma não conseguisse galvanizar o espectador. Mas consegue, com a sua permanente energia.
Mesmo quando se rende ao humor mais grosseiro, destoante, consegue depois elevar-se desse ponto baixo pela insistentemente divertida tresloucada forma de encarar a realidade resultante da bebedeira da noite anterior.

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A comédia é, aqui, a quase toda a prova, superando mesmo a incapacidade do filme de criar um verdadeiro sentimento de buddy movie que parece espreitar na sua essência.
Afinal, tratam-se de três personagens - excluo o noivo, quase totalmente ausente - com personalidades opostas mas, de forma perturbada, complementares.

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Mas há um ponto que, verdadeiramente, aglutina todo o efeito desta história que, de outra forma, teria ficado dispersa.
Há um conjunto de fotos - não sejam demasiado rápidos a levantarem-se dos lugares - que revelam aquilo que só podíamos, em parte, imaginar até aí e que tinha sido prometido desde que víramos a galinha e o sofá em chamas.
O efeito cómico desse momento é, além de completamente desvairado, certamente o mais conseguido de todo o filme, assim dando azo a que o melhor esteja, literalmente, guardado para o final.

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Não é de admirar que A Ressaca venha tendo tão bons resultados.
Afinal, trata-se da confirmação definitiva de que Todd Phillips é um dos nomes a reter na comédia mainstream actual.
Isso e ser verdadeiramente hilariante.



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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Cartoons de séries - II

Mais um pequeno jogo providenciado pelo blogue Toon Séries. Tente adivinhar as personagens e a série a que pertencem. Os nomes encontram-se, mais uma vez, por baixo de cada imagem, pelo que tem apenas de seleccionar essa zona para ver se acertou.

Will (The Fresh Prince of Bel-Air)

MacGyver (MacGyver)

Walter Bishop (Fringe)

Dexter Morgan (Dexter)

As Minhas Estrelas, por Carlos Antunes

http://dua.typepad.com/.a/6a00d834516fc269e2010535d9594d970b-800wi

Título original:
Mes Stars et Moi
Realização: Laetitia Colombani
Argumento: Laetitia Colombani
Elenco: Kad Merad, Catherine Deneuve, Emmanuelle Béart, Mélanie Bernier, Maria de Medeiros e Scali Delpeyrat

Perante provas da vitalidade da indústria francesa de cinema, como é de facto este As minhas estrelas, a única pergunta que subsiste é como podem continuar a estrear tão poucos títulos por cá, optando-se ao invés por estrear filmes de origem norte-americana cuja relevência e capacidade para chamar público é nula - e basta pensar em Redline, estreado recentemente.

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As minhas estrelas é um filme determinado a reflectir com humor nas relações extremadas que se criam entre as estrelas de cinema e os seus fãs, bem como na condição comportamental das próprias estrelas no interior do seu mundo fechado.
Porque não é apenas Robert (Kad Merad) que vive obcecado com as estrelas. Também elas vivem obcecadas consigo próprias.
E se ele se resigna a uma vida de perseguição distante das três actrizes, também elas se resignam a situações incomportáveis nas suas próprias vidas.

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Mas nessa reflexão, este filme não se afasta da concepção de filme popular.
Não há nenhuma cisão entre o tipo de público que pode e pretende atingir.
Trata-se, no fundamental, de uma comédia de costumes, com a sua lição de como todos temos algo a aprender com quem nos rodeia, por mais bizarro que o processo possa ser.

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O resultado, apesar de algum humor falhado, é prazeroso, refrescante e divertido.
Kad Merad volta a revelar o seu talento cómico, depois de já se ter destacado em Paris 36 - num papel que, apesar de secundário, era o mais ricamente conseguido - no seio de uma tríade de actrizes plenas de classe, que se passeiam pelo ecrã com graciosidade e acerto.

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Um cinema sobre cinema, para todos os públicos.
Ou, se preferirem, a prova de que não há forma de se saber o que quer o público (especializado e não especializado, se é que tais coisas existem) fazendo cinema com algo para contar.


domingo, 28 de junho de 2009

Box Office EUA - Transformers na liderança

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Fim-de-Semana de 26 de Junho a 28 de Junho de 2009


Transformers: Revenge of the Fallen ainda agora chegou aos cinemas, mas já bate recordes. A sequela do franchise, novamente realizada por Michael Bay, bateu o recorde de maior estreia numa quarta-feira, anteriormente possuído por Harry Potter and the Order of the Phoenix (2007). O filme acumulou $60.6M contra os $44M conseguidos por Harry Potter em 2007. Até ao momento, Transformers: Revenge of the Fallen acumulou 201 milhões de dólares nos Estados Unidos, enquanto que no resto do mundo já ascende aos 80 milhões de dólares. De sexta-feira a Domingo, já facturou $112M o que o coloca no quarto lugar do top dos filmes que mais facturaram no fim-de-semana de estreia. De lembrar que Transformers (2007) teve uma estreia de $70,502,384 e facturou a nível mundial, ao todo, $708,272,592.

Na quinta posição, My Sister's Keeper de Nick Cassavetes, estreia-se facturando 12 milhões de dólares nos Estados Unidos. Com Cameron Diaz e Abigail Breslin, o filme conta com 7.0/10 de classificação no IMDb. Nos sites RottenTomatoes e MetaCritic tem média de 50% de críticas positivas.

Páginas vs. Fotogramas - Choke, de Chuck Palahniuk

Título Original: Choke
Autor: Chuck Palahniuk
Editora: Editorial Notícias
Páginas: 258
Tipo: Capa Mole

Chuck Palahniuk continua com a mesma crítica social que nos habituámos ao seu primeiro romance: Fight Club. Mas neste seu Asfixia - Choke o autor inicia uma ainda mais mordaz à sociedade moderna como todo o seu consumismo e o excesso de informação que produz.

Abusando de uma prosa crua e feroz, capaz de ferir a susceptibilidades de muitos leitores, Chuck Palahniuk não se coíbe de utilizar termos politicamente incorrectos, palavrões ou abordar uma temática aversa ao pudor da sociedade: o vício do sexo e tudo o que isso implica. O humor negro e preverso que muitos apontaram em relação ao filme que foi recentemente adaptado da obra, é ainda mais ácido no livro. É uma obra extremamente dura sobre a luxúria e a salvação, a culpa e a redenção, o sagrado e o profano.

Em relação ao filme de Clark Gregg, é uma adaptação bastante fiel ao livro, muito mais do que foi o Fight Club de David Fincher. Ambos os livros são diferentes, bem como os filmes, mas a corrosão e acidez de Chuck Palahniuk continua lá, marcando-o como um dos melhores autores contemporâneos.

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Coco avant Chanel, por Tiago Ramos



Título Original: Coco avant Chanel (2009)
Realização: Anne Fontaine
Argumento: Edmonde Charles-Roux e Anne Fontaine
Elenco: Audrey Tautou, Benoît Poelvoorde , Alessandro Nivola e Marie Gillain

Se espera grande encanto, cenários portentosos e figurinos de assombro, Coco avant Chanel não é o filme para si. O título é, porém, o mais adequado. Gabrielle aka Coco antes de Chanel, que lhe deu o nome imortal. Denuncia, portanto, as intenções desta biopic, género sempre demasiado ingrato: condensar em duas horas uma vida mais que completa e intensa é uma tarefa de todo megalómana.



Coco avant Chanel revela-se cedo uma obra simples, despojada de detalhes portentosos, com uma elegância sucinta. Gabrielle Chanel é também assim revelada, com uma distância calculada do público, com algum despojo, sem grande emoção latente, de certa forma vulgar. Esta é a suposta verdadeira biografia, que Coco Chanel tentou ocultar a vida inteira, baseada no livro de Edmonde Charles-Roux, antiga editora da Vogue francesa. Acompanhamos assim a sua presença em cabarets, cantando para ganhar a vida, com intuito de singrar na carreira, de viver no luxo, uma certa atitude sem escrúpulos, mas inteligente. E se Coco avant Chanel acaba por se tornar é inteligente.

Não é uma obra perfeita e perante as expectativas que se criaram, não é nada. Tem até um ligeiro toque de desilusão. Mas talvez a própria Coco Chanel teria gostado deste tom cruel, frio, calculista e amoral do filme. Porque talvez seja esse tom que confere a esta biopic uma ponderada dose de ousadia e despojo, que não se veria se tivesse sido criada por terras de Hollywood. Percebemos o imenso sentido avant garde na estética de Coco e muitas das modas que por hoje temos, mas o maior problema e que pode afastar o público é precisamente o distanciamento que Anne Fontaine cria quando adaptou e realizou o filme. Não há, praticamente em nenhum momento, algo que nos una emocionalmente à personagem que dá nome à obra, não há a comoção que entoava numa canção de cabaret, não há nada por vezes, há vazio e isso penaliza-a.



Audrey Tatou para sempre ficará ligada a
Le fabuleux destin d'Amélie Poulain (2001) e apesar de ter de lutar, a cada seu novo projecto, contra tal lembrança, este será com certeza o seu trabalho mais forte e bem conseguido. A actriz consegue segurar a firmeza e ousadia da personagem, convence na dureza do rosto que tão bem demonstra. Alessandro Nivola tem uma participação menor, mas também interessante. Pena que de facto, Anne Fontaine não tenha permitido, ao espectador, perceber em que medida os acontecimentos sentimentais entre "Boy" e Coco Chanel afectaram a vida posterior da protagonista, tendo o assunto sido tratado de uma forma bastante frívola.

Mas o maior ponto de destaque do filme vai para a excelente banda sonora da autoria de Alexandre Desplat, que imprime toda a energia e dramatismo que se esperava (e exigia) para esta biopic. Um trabalho exímio e sem defeitos. Pena que não se possa dizer o mesmo deste Coco avant Chanel, porque quando lhe começamos a sentir o gosto, o seu fim interpõe-se entre nós.

Classificação:



Posters das personagens de 9

Conforme já se esperava, foram divulgados os posters das personagens do filme 9.





Em Portugal, o filme estreia a 29 de Outubro de 2009.

Cinema: Classificações Maio


sábado, 27 de junho de 2009

DVD: Mulan, por Tiago Ramos



Título original: Mulan (1998)
Realização: Tony Bancroft e Barry Cook
Argumento: Robert D. San Souci e Rita Hsiao
Elenco de vozes: Miguel Ferrer, Eddie Murphy e Ming-Na

Mulan é tanto um clássico como uma obra-prima de animação da Disney. Inspirado numa lenda que surgiu de um clássico poema da literatura chinesa, Mulan consegue subtilmente envolver o espectador (criança ou adulto) num ambiente sumptuosamente detalhado, com cenários ricos e épicos.



Na sua mensagem, tal como já é apanágio da Disney, veiculam valores como o amor pela família, altruísmo, amizade, força, empenho e dedicação. Historicamente bem referenciado, são raros os erros que podemos verificar no argumento, excepto talvez alguns de continuidade, mas que em nada afectam a experiência do visionamento. As personagens são maioritariamente bem construídas, com detalhes bastante emotivos, mas também com humor intemporal e requintado, especialmente a própria Mulan, Mushu e o trio de soldados.

O trabalho de toda a equipa é brilhante, especialmente na evolução da animação (afinal estávamos no final da década de 90), que ousou em incluir difíceis planos aéreos ou reconstituição de multidões onde todos se movimentam perfeitamente. Destaque especial para a cena da batalha na montanha, com níveis de riqueza estrondosos e os belíssimos cenários asiáticos. A banda sonora é também bastante boa, com vozes excelentes e letras inteligentes e comoventes.



Mulan é um dos argumentos mais ousados na História da animação Disney, num claro tributo à China, mas também com importantes referências à emancipação feminina ou à guerra.

Classificação:


Extras da Edição Especial:
Disco 1
Canta com a Disney
Disneypedia - O Mundo de Mulan
Comentários Áudio
Factos Divertidos sobre Mulan

Disco 2
Vídeos Musicais
Bastidores da Disney
À Descoberta de Mulan
A Balada de Hua Mulan
Primeiras Apresentações
À Procura de Mulan
Comparação do Storyboard com o Filme
Desenho de Arte
Desenho das Personagens


Classificação dos Extras:

Alterações ao Óscar de Melhor Canção Original



Depois da estrondosa divulgação relativa ao Óscar na categoria de Melhor Filme, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou que nem sempre poderá existir a categoria de Melhor Canção Original nas próximas cerimónias.

De acordo com a organização, o júri será formado por membros especializados da Academia, que julgarão as músicas dando notas de 6 a 10. Só as canções com nota superior a 8.25 poderão concorrer à categoria, pelo que se não tiverem qualidade suficiente o Óscar de Melhor Canção Original pode nem chegar a ser atribuído.

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Harry Potter and the Deathly Hallows: Conheça o ponto de ligação entre as duas partes



Harry Potter and the Deathly Hallows
é o último livro da saga de J.K. Rowling e na sua adaptação para o cinema será dividido em duas partes: Harry Potter and the Deathly Hallows: Part I (2010) e Harry Potter and the Deathly Hallows: Part II (2011). A dúvida que ficava era qual o ponto que serviria de ligação às duas partes, mas parece que David Yates já tomou uma decisão sobre o assunto.

Em entrevista ao LA Times, o realizador menciona que será numa altura emocionante do filme, na floresta, onde Harry, Hermione e Rony são capturados, após uma longa e brutal perseguição que se fará o ponto de ligação ao fim da primeira parte e início da segunda.

Além dessa revelação, David Yates reforça as vantagens do último livro ser divido em duas partes: dois orçamentos distintos, o dobro do tempo e por conseguinte, mais efeitos especiais. Obviamente que não mencionou que, por parte do estúdio, isto trará o dobro do lucro, fazendo render um dos franchises mais lucrativos do cinema.

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Primeiras imagens de Avatar

No Cinema Expo International, em Amesterdão, James Cameron divulgou duas fantásticas imagens do seu novo projecto sci-fi Avatar:




Pelas imagens facilmente nos apercebemos do investimento em efeitos especiais que o filme terá. A expectativa vai aumentando até 17 de Dezembro, data em que Avatar será exibido em Portugal.

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sexta-feira, 26 de junho de 2009

A Pianista, por Tiago Ramos



Título original: La pianiste (2001)
Realização: Michael Haneke
Argumento: Michael Haneke e Elfriede Jelinek
Elenco: Isabelle Huppert, Annie Girardot e Benoît Magimel

Michael Haneke tem em A Pianista um dos seus filmes mais fascinantes e um dos mais provocantes de sempre. Mais uma vez, o realizador foge do alvo mainstream para revelar um argumento e uma realização sublime e sem grandes artifícios em sentido estético.

A Pianista é uma viagem destrutiva ao universo dos fetiches mais recônditos, como sado-masoquismo ou auto-degradação. De uma forma bastante crua, o realizador balança em contrastes do socialmente correcto e incorrecto, do standard e da atitude desviante, do académico e das imagens realistas. E o veículo de todo esse contraste é uma única mulher possuidora de um olhar cru, vítima da sua própria frustração, da tentativa de chegar a um patamar mais alto em vista do seu talento, uma mulher egoísta, mas ao mesmo tempo muito carente. Isabelle Huppert é o seu nome e mereceu garantidamente a Palma de Ouro para Melhor Actriz em Cannes.



Michael Haneke tem, ao longo de todo o filme, a câmara praticamente estática e sem ambições de grandes recursos estilísticos ou uma fotografia particularmente limpa. O realizador deixa na tela todos os defeitos da filmagem, dos planos, mas ao mesmo tempo atribui ao A Pianista uma grande coerência, num trabalho propiciador de grandes murros no estômago.

Num dos argumentos mais fortes de sempre, A Pianista é um filme grotesco e brutal, mas profundamente impressionantes, numa tentativa infrutífera de lidar com a sexualidade reprimida ao mesmo tempo que tenta extravasar os seus desejos. Com uma banda sonora brilhante e extremamente erudita, Michael Haneke explora a enfermidade do Eros, numa quase-morte do amor e que não isenta as supostas mentes cultivadas e sociedades refinadas da atrocidade de uma civilização moribunda, quase como se fosse um vírus contagioso.



A lição em A Pianista é dada pelo aluno, numa relação doentia consumada e explorada até ao limite. O final súbito levanta o enigma por detrás da personagem, causando um certo desconforto, à medida que somos confrontados com uma peça musical incompleta, numa determinada tentativa de redenção final.

Classificação: