segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Agosto & Gus Van Sant: O quadro-síntese

Chegados ao fim de Agosto, temos o prazer de anunciar o término da iniciativa Agosto & Gus Van Sant que durante todo o mês homenageou o cineasta de Louisville. Agradecemos a comparência de todos no Split Screen, seeSAWseen, CINEROAD e Flavio's World, principalmente pelos comentários e apoios (que nunca serão demais). Fica abaixo o quadro-síntese em que todos os participantes desta iniciativa classificaram os filmes de Gus Van Sant.



Nesta iniciativa foram classificados 13 filmes do realizador, incluindo duas curtas-metragens, de onde resultaram mais de 30 críticas ao longo dos quatro blogues envolvidos.


Agradecemos também a todas as 78 pessoas que votaram no questionário «Para si, qual é o melhor filme de Gus Van Sant?».

Daqui apurámos que o filme que mais consenso gerou em torno da filmografia do realizador foi o recente Milk (2008). O filme que foi nomeado para 8 Óscares, venceu o Óscar de Melhor Actor Principal (Sean Penn) e Melhor Argumento Original (Dustin Lance Black) conseguiu 33% dos votos.

Em segundo lugar, temos a Palma de Ouro em Cannes, o filme Elephant (2003), que também garantiu a Gus Van Sant o prémio de Melhor Realizador do certame. O filme reuniu 20% dos votos.

E por fim, em terceiro lugar, temos outro oscarizado: Good Will Hunting (1997). O filme que esteve nomeado para 9 Óscares em 1998 e ganhou o Óscar de Melhor Actor Secundário (Robin Williams) e de Melhor Argumento Original (Matt Damon e Ben Affleck) foi o preferido de 15% dos nossos visitantes.

Obrigado a todos!


Novos posters de Agora

Depois do trailer, temos novos posters do filme de Alejandro Amenábar:



Os cinco novos posters são centrados nas principais personagens do filme e quatro deles estão associados a um conceito: Rachel Weisz será a filósofa Hypatia que representa a liberdade, Sami Samir será Cyril que representa a ambição, Max Minghella é Davus que representa a paixão, e Oscar Isaac como Orestes será o poder.

Agora estreia a 9 de Outubro de 2009 em Espanha.

Poster de [REC] 2

Já não é novidade na Internet, mas deixamos aqui um poster de [REC] 2.



Depois de [REC] que se tornou o fenómeno do cinema de terror de 2008 e de um remake americano do filme, Quarantine, os realizadores Jaume Balagueró e Paco Plaza apostam num novo ponto de vista da mesma história. Na sequela, os polícias que estavam do lado de fora do prédio entram para ver o que aconteceu com os que estavam presos no local.

[REC] 2 estreia a 9 de Outubro de 2009.

Leia também:

Box Office Portugal - Lá nas Alturas!



É um filme da animação. É da Pixar. E estamos no Verão. Tudo boas razões para levar toda a família a ver Up - Altamente!, que continua a ser o filme mais visto da semana em Portugal.

Box Office Portugal - Top 10
Semana de 20 de Agosto a 26 de Agosto de 2009


Up - Altamente! continua com excelentes valores de audiência. Na segunda semana de exibição por terras lusitanas, o filme foi visto por 116.203 pessoas, o que foi apenas um decréscimo de 22% em número de espectadores. O filme já facturou 1.575.967,30€ em receitas brutas de bilheteiras, com uma assistência total de 270.985 pessoas.



O segundo lugar recebe directamente a estreia de ABC da Sedução, protagonizado por Katherine Heigl e Gerard Butler. A comédia romântica continua a ser um dos géneros preferidos de quem vai ao cinema, o que perfez um total de 65.506 espectadores, em 46 salas de cinema portuguesas. No IMDb, o filme é classificado com 6.5/10, enquanto que o RottenTomatoes e o MetaCritic classifica-o com média de 22% de críticas positivas. Para conhecer a opinião de Carlos Antunes sobre este filme, basta ler a crítica AQUI.

O último lugar do pódio é ocupado por Inimigos Públicos, que mantém a terceira posição. O filme foi visto 35.685 espectadores nesta semana. Por seu lado, G. I. Joe: O Ataque dos Cobra cai dois lugares e agora na quarta posição, foi visto por mais 33.852 espectadores. Hannah Montana: O Filme mantém o seu quinto lugar, tal como na semana passada e já foi visto por 143.004 pessoas em apenas 28 dias.



Nos seguintes lugares também não constam novidades. A Proposta já estreou em Portugal há 49 dias e já facturou 1.110.745,38€, com 247.402 espectadores. 17 Anos, Outra Vez! mantém-se no sétimo lugar, com 9.829 espectadores. Na nona posição temos Harry Potter e o Príncipe Misterioso que acrescenta 7.559 espectadores ao total acumulado em 42 dias de exibição.

O último lugar é ocupado pela estreia de Passageiros, realizado por Rodrigo García e com Anne Hathaway e Patrick Wilson nos principais papéis. O filme foi exibido em 8 salas de cinema, com 5.018 espectadores. No IMDb, consta uma classificação de 5.6/10, enquanto que os utilizadores do RottenTomatoes e MetaCritic dão-lhe 31% de críticas positivas. Pode ler a minha opinão acerca do filme, clicando AQUI ou ainda a opinião de Carlos Antunes, AQUI.

Passageiros, por Tiago Ramos



Título original: Passengers (2008)
Realização: Rodrigo García
Argumento: Ronnie Christensen
Elenco: Anne Hathaway, Patrick Wilson, Andre Braugher, Dianne Wiest, David Morse, William B. Davis, Ryan Robbins e Clea DuVall

O maior erro de Passageiros é subestimar a inteligência do espectador. Ao disfarçar-se de thriller psicológico, o argumento de Ronnie Christensen deixa uma sensação de déja vu que já se torna cansativa por Hollywood.



O que se sente em grande parte do filme é uma narrativa inconsistente, culpa também de um trabalho de realização pouco consistente por parte de Rodrigo García. À medida que começa a plantar pistas, o filme começa a criar um sentido diferente daquele que no fim nos revela. Isso tudo à base de um twist, que sendo de certa forma curiosa, não deixa de não fazer sentido em relação àquilo que nos foram mostrando. Em Passageiros não encontramos a sensibilidade e visão do realizador como a que consta na série In Treatment, mas também não encontramos grandes qualidades no argumento que tenta imitar um The Sixth Sense (1999) ou num The Others (2001).

Em Passageiros, desperdiça-se o talento de Anne Hathaway (Rachel Getting Married), Patrick Wilson (Little Children) e Dianne Wiest (Hannah and Her Sisters), que actuam de forma mecânica, não acrescentando nada de novo. Ao longo de todo o filme, trabalham num drama, com toques romanceados, que remetem para personagens estereotipadas e recheadas de clichés.



Aqui falta uma personalidade própria, que distinga Passageiros de outros thrillers do género, num argumento que não subestime o espectador como este fez.

Classificação:

domingo, 30 de agosto de 2009

Sacanas Sem Lei, por Carlos Antunes

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Título original:
Inglourious Basterds
Realização: Quentin Tarantino
Argumento: Quentin Tarantino
Elenco: Brad Pitt, Mélanie Laurent, Christoph Waltz, Eli Roth, Michael Fassbender e Diane Kruger

Não haja dúvidas de que o mais recente filme de Tarantino não pode ser visto senão como uma inteligente declaração de amor ao Cinema.
Ao Cinema como arma, propagandística e literalmente incendiária. Ao Cinema como força aglutinadora. Ao Cinema como expressão universal (e universalmente entendível), ainda que passível de divergência.
Se tal não bastasse, o filme de Tarantino é também um tratado sobre o poder e a importância da linguagem.
Algo como um poema multilingue onde cada contorno do que se diz - e faz, pois a um ponto trata-se também de linguagem gestual - pode ser, afinal de contas, menos importante do que como se diz.

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Nota-se que este filme começou a crescer para lá do que primeiro teria sido, que cresceu para lá do que o seu nascimento deixava prever.
Uma declaração de amor que se vive tão intensamente na forma como Tarantino tão magistralmente toca a linguagem do western spaghetti, thriller Hitchcockiano ou do noir, entre tantos outros géneros dignos de nota que sentimos na tela.
Tão intensa declaração de amor suplantou por completo a reinterpretação do sub-género de filme de guerra com que Tarantino começou mas à qual teima em voltar uma e outra vez.
Tarantino não parece disposto a ceder à evidência de que o sub-género menor que cita não se coaduna com o género maior que estava prestes a criar.
Quando tal acontece, coloca a nú as fragilidades de um cineasta que não soube largar o que não é mais do que uma condicionante admiração de fã e não uma fonte de inspiração de um cineasta.



De permeio com cenas tão dramaticamente magníficas como são a de abertura ou a do jogo disputado num bar de cave, as cenas com os bastardos (cito estas exactamente para acentuar a distância entre os dois pólos deste filme) fazem figura de caricatura destoante.
O humor sôfrego e a violência sadística não fazem aqui figura de marca autoral mas antes revelam o quão imberbe Tarantino ainda é.
O seu argumento, mais uma vez dividido em capítulos - cada vez mais pedaços independentes de cinema ligados tenuamente -, tem um problema de falta de ligação narrativa e dramática, surgindo segmentado e periclitante entre as suas componentes.
Essa ligação é algo que se exigia a uma obra que está sempre à beira de tornar-se magistral se se afirmasse como um épico coerente.

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Se a isso juntarmos o péssimo casting dos bastardos - Brad Pitt consegue ser terrível mas sem a ironia que os irmãos Coen lhe tinham imposto e nem a amizade justifica o "job for the boy" de Eli Roth - perceberemos logo que só há um pormenor a atravessar o filme e a salvá-lo.
Que é como quem diz que este é um filme de um actor só e esse actor é o brilhante Christoph Waltz a interpretar um papel que vai entrar directamente para a história do cinema.
O carisma e o génio do seu Coronel Hans Landa fica assente logo à primeira cena (tão tensa, tão aterradora, tão apaixonante) e quando o final chega, temos pena do que lhe acontece, mas sobretudo de o perder de vista, ele que merecia um épico só seu, das suas façanhas.

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Ainda que a confiança de Tarantino neste seu trabalho seja admirável em toda a sua dimensão - seja pela sua afirmação de que Inglourious Basterds é que merecia a Palma de Ouro ou a frase (em breve mítica, certamente) com que conclui o filme "I believe I just made my masterpiece." - não consegue realmente compôr a obra que anuncia.
Tarantino estagnou logo antes da maturidade cinéfila e apesar do seu estilo, isso já não chega para satisfazer as esperanças que depositamos no seu talento.

[3.png]

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Paranoid Park, por Tiago Ramos



Título original: Paranoid Park (2007)
Realização: Gus Van Sant
Argumento: Gus Van Sant e Blake Nelson
Elenco: Gabe Nevins, Daniel Liu, Jake Miller, Taylor Momsen e Lauren McKinney

Enquanto que nos seus últimos filmes - especialmente os conhecidos como Trilogia da Morte - Gus Van Sant explorou a temática conceptual do vazio, da ausência e da complacência, em Paranoid Park é retomado o espírito mais mainstream do realizador. Dostoiévski espreita a cada canto de uma das melhores obras do realizador.



Paranoid Park
torna-se assim num ensaio contemporâneo sobre a culpa, o crime e o castigo. Alex, é um adolescente comum, que cometeu um crime. E que nos tenta contar a sua história. Mas enquanto narrador, é bastante ilusório e inacessível, que tenta dissimular os acontecimentos tanto para os outros como para si próprio. É por vezes inconsciente, amnésico e pouco fiável, para nós espectadores. Até porque ele próprio tenta reconstituir toda a história, mas recalcou-a.

Alex, confessa o inconfessável escrevendo uma carta. E é através dela que nos vamos apercebendo da realidade dos factos, onde por vezes parecem faltar folhas, numa narrativa incompreensível. O objectivo é tentar descobrir entre essa narrativa fragmentada, o que se esconde entre os planos, mesmo até ao corte. Por tal motivo, Alex descobre a realidade dos factos ao mesmo tempo que os espectadores: reconstituindo eventos passados, voltando às imagens já vistas e vendo para além da superfície.



A realização de Gus Van Sant é por demais inteligente. Ilustrando a confusão interna do seu protagonista - interpretado pelo fantástico Gabe Nevins - o realizador conjugas imagens filmadas em 35mm, como de super 8, imagens rápidas e lentas, planos largos e planos fechados. Inclusive na banda sonora teve o cuidado de realçar o factor confusão e fragmentação, com músicas aparentemente desconexas das cenas. Essa conexão só é recuperada no final, quando se redime da culpa numa fogueira, tal como já acontecera em My Own Private Idaho (1991). Mas o elogio nunca estaria completo sem chamar a atenção para o trabalho fotográfico do excelente Christopher Doyle.

Mas esta fragmentação que se explora do início ao fim do filme é até evidenciada pelo poster, acima ilustrado. Os fragmentos em que está dividido remete para o corpo do vigilante cortado em dois, para os carris ou até para o skate. A sobreposição de certas zonas ou omissão de outras aborda o estado confuso da mente de Alex, em mais um sinal de inteligência do realizador e dos envolvidos no projecto.



Paranoid Park é dos projectos mais fascinantes e coerentes do cineasta Gus Van Sant, num excelente balanço entre o seu estilo e o estilo comercial.

Classificação:



sábado, 29 de agosto de 2009

Posters e imagens do que aí vem em TV

Gossip Girl, 3ª temporada


The Good Wife, 1ª temporada


Fringe, 2ª temporada


Beautiful Life, 1ª temporada


The Mentalist, 2ª temporada


Merlin, 2ª temporada


Eastwick, 1ª temporada


Dollhouse, 2ª temporada


The Forgotten, 1ª temporada


Private Practice, 3ª temporada (claramente se nota a ausência de uma baixa)


Nip/Tuck, 6ª temporada


Flash Forward, 1ª temporada (estas imagens promocionais já contam com Dominic Monaghan)


Desperate Housewives, 6ª temporada


House, 6ª temporada


Heroes, 4ª temporada


Duplo Amor, por Carlos Antunes



Título original: Two Lovers
Realização: James Gray
Argumento: James Gray e Ric Menello
Elenco: Joaquin Phoenix, Gwyneth Paltrow e Vinessa Shaw

Leonard é uma personagem um pouco triste e um pouco cómica.
Um suicida falhado de regresso à casa dos pais que não consegue aprender a ser independente ou a desistir por completo.
Mas Leonard parece subitamente transformar-se numa outra pessoa, num homem ainda dividido e inseguro mas que parece ter um talento para manter um jogo de duplicidade com a mulher que o quer ajudar e que parece certa para ele e com a mulher por quem ele se sente atraído mas que é um caso tão complicado como ele próprio.



Com tal enredo, Two Lovers podia cair para o lado da comédia romântica ou para o lado do verdadeiro melodrama.
Mas o filme insiste em permanecer em indefinição, procurando seguir as suas personagens, enquadrá-las sem as obrigar a escolher um caminho.
Não fosse o tom, certamente perfeito, de Joaquin Phoenix e o filme cairia no puro desinteresse à medida que esse efeito tentado cai na redundância.
Mas Phoenix consegue equilibrar a ténue história que o mantém como uma figura dúbia, ora triste, ora cómica, ora desprezível.



O realizador, acentuando essa ideia de seguir as suas personagens, filmá-las quase em liberdade, tenta alguns artifícios de mise en scène.
Mas esses artifícios parecem eles próprios resquícios de uma ideia inconcretizável, como se filmar as personagens como ele filma fosse, afinal, falta de sabedoria para fazer com elas um filme perfeitamente definido.


E logo Two Lovers se encaminha depois para um previsível final, um final que parece ser a única saída possível.
Uma saída que é como um contentamento descontente, a escapatória possível para uma solidão que não se desvanece.
Nessa previsibilidade, Two Lovers acaba por se render um pouco a um certo dramatismo de noveleta, um destino previamente escrito a que não se poderia fugir.
Esse é o desfecho errado, que rende o filme à sua condição inicial, um pequeno triângulo amoroso que fica a meio caminho de uma verdadeira concretização.