domingo, 29 de março de 2009

Asfixia, por Carlos Antunes


Título original: Choke
Realização: Clark Gregg
Argumento: Clark Gregg
Elenco: Sam Rockwell, Anjelica Huston, Brad William Henke e Kelly Macdonald

Choke está perigosamente perto da comédia romântica e da simplificação freudiana para ser um bom sujeito sob um escudo de nociva personalidade.
Não bastaria aplicar a ambos os pressupostos uma estranheza genuína para salvar a perspectiva da banalidade indie que hoje em dia atravessa o cinema que Hollywood aceita no seio das grandes produções.
O que salva Choke da irrelevância é a cruel ironia com que Chuck Palahniuk revê a individualidade no mundo contemporâneo.


Do jovem Victor, que atravessa a vida procurando a sensação do (orgásmico) vazio para compensar uma bizarra relação com a mãe e que perante o amor - encontrado, hélas, num manicómio - perde as suas capacidade sexuais, temos tanta pena quanto vontade de ridicularizar.
Mas a ameaça histriónica de rendenção desta figura que é, fundamentalmente, sórdida excepto para quem o ama - e não sei se além da mãe que não o reconhece e da mulher que o ama haverá mais alguém - só não parece ridícula porque se concretiza na mais grandiosa absurdidade.
Afinal de contas, um tipo que força a sua asfixia em restaurantes para conseguir dinheiro de quem o salva, poderá ser o redentor num lar para idosas psicóticas.
Seria perturbador se a um ponto tão exagerado não fosse risível!


O mais delicioso de entre tudo isto é a hilariante metáfora que leva o protagonista dos seus "quadros vivos" da História Americana, com a sua esperança e pureza, para a sordidez desalmada dos tempos modernos.
A derrota do sonho americano no tempo de uma viagem de autocarro, ou o retrato da cultura do vazio americano?
Seja qual for a resposta, há algo nessa ideia que atinge o alvo melhor do que o humor mais directo que o resto do filme explora, mesmo que seja um humor feito numa base de puro desespero e tristeza perante o mundo.


Porque Clark Gregg bem tenta dar tempo aos seus actores para criarem personagens palpáveis e manter a sua realização discreta para não prejudicar a eficácia da narrativa.
Mas essa narrativa está logo à nascença a desfazer-se nas suas diversas partes, incapaz de se manter unida.
Há uma espécie de cambalear episódico à medida que o filme segue em frente que se acentua à medida que se caminha para o final.
A essência está lá, mas falta-lhe mais talento para dar a réplica certa a Fight Club, mesmo que esteja longe de ser um mau filme.

4 comentários:

  1. - Choke é apenas um filme bom pra mim, no meio de tantos outros!

    - DoullHouse, nem sei do que se trata direito!

    - Sou fã do Guy Ritchie -mas, detesto o Downey Jr - então veremos no que dá esse Sherlock.

    - Encontros e Desencontros - ADORO! Belo filme, sobre amor, amizade, romance passado na linda cidade de Tokyo!

    - ANG LEE ??? ANSCIEDADE MÁXIMA!

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  2. tb concordo contigo, falta-lhe obviamente algo, mas mesmo assim foi uma experiencia diferente e Sam Rockwell é um grande actor na minha opinião

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  3. Hugo Gomes,
    Na minha opinião, merece um 4. O argumento original é genial e sim, Sam Rockwell encarnou muito bem a personagem.

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  4. Hugo Gomes,
    Na minha opinião, merece um 4. O argumento original é genial e sim, Sam Rockwell encarnou muito bem a personagem.

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