Título original: Terminator 2: Judgment Day (1991)
Realização: James Cameron
Argumento: James Cameron, William Wisher
Numa altura em que o 3D começa a tornar-se cada vez mais impopular e, na maioria das vezes, um pensamento secundário, valerá a pena revisitar este clássico do cinema de acção e da ficção científica um quarto de século depois da sua estreia original?
A verdade é que a conversão para 3D não abona a favor do filme, não seja o facto deste já ter 26 anos em cima, o que provavelmente tornou a tarefa difícil, na melhor das hipóteses.
Mas a verdade é que, para quem nunca tenha tido a oportunidade de o fazer, vale a pena experienciar o clássico de James Cameron num ecrã de cinema. E apesar da terceira dimensão não lhe acrescentar nada que não tivesse já (o que fala muito sobre os óscares que este filme ganhou), o trabalho de som e imagem que aqui foi feito possibilita viver este filme como se tivesse sido feito hoje em dia. A definição da imagem é extremamente nítida e pormenorizada (ao ponto de conseguirmos ver inclusive os poros no corpo de Schwarzenegger na sua primeira cena), e o trabalho sonoro e musical tem uma qualidade igualável (senão melhor) a qualquer blockbuster que o rivalize actualmente. Nota-se que o olhar que Cameron voltou a pôr na sua criação não teve (apenas) o dinheiro em mente.
Além desse cuidado na melhoria da qualidade técnica do filme, não existe, na verdade, muito mais que possa acrescentar em termos críticos após estes longos anos em que este filme se manteve na memória do cinema e dos seus fãs.
A verdade é que, num período em que os filmes de acção (e as próprias sequelas infelizes deste) não deixam nenhuma marca nas nossas memórias, quer em termos técnicos ou narrativos, Terminator 2 mantém-se ainda hoje em dia, e como muito poucos conseguem reproduzir, um marco em como um blockbuster pode ter uma estória simples e ainda assim conseguir dizer mais através dos meios visuais que utiliza com extrema mestria do que com narração ou diálogo (ainda que presentes).
Nesse sentido, até é pena que, num tempo em que os avanços tecnológicos sofrem um exponencial desenvolvimento e tendo visualizado já várias vezes a versão estendida, as cenas adicionais que exploram a ideia da evolução de uma inteligência artificial de modo a conseguir imitar reacções humanas e aprender sozinha, assim como os benefícios dessa ideia e os perigos inerentes ao desenvolvimento irracional da tecnologia apenas pelo desejo de atingir o seu potencial, não estejam aqui incluídas. Até porque, neste caso específico, até fere o ritmo de algumas cenas (e o que não daria eu para poder ver a três dimensões a cena em que Sarah Connor trabalha na cabeça do Exterminador, enquanto vemos toda a cena decorrer num espelho..! - cena a qual podem ver mais abaixo).
Ainda assim, é impressionante ver que um filme tão violento em certos momentos, ainda hoje consegue passar uma mensagem tão óbvia quanto esperançosa e actual, sem nos bater na cabeça constantemente com ela e integrando-a na própria narrativa maior deste universo. A ideia de que, apesar da nossa irracionalidade e ambição poder levar a melhor das nossas decisões emocionais e antecipadas, o futuro não está nunca traçado e podemos sempre reformular as nossas decisões e lutar pela construção de um legado digno, ainda que desconhecido ao resto da humanidade. A ideia de que, no meio do desespero e de decisões difíceis, nunca devemos deixar de lado a nossa humanidade. Numa era de explosões sem sentido e discursos vazios, as palavras finais proferidas pela personagem de Linda Hamilton ecoam na nossa mente tão actuais quanto em 1991.
No final, só posso na verdade afirmar que foi um gosto tremendo poder ver na sua glória este agora clássico, numa onda pontual e bem vinda de remasterizações de filmes mais antigos de volta no grande ecrã, assim como poder ouvir o tema original de Brad Fiedel ressoar nos meus ouvidos até ao final do dia. It's good to have him back.
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