Título original: Pranzo di Ferragosto (2008)
Realização: Gianni Di Gregorio
Argumento: Gianni Di Gregorio e Simone Riccardini
Elenco: Gianni Di Gregorio, Valeria De Franciscis, Marina Cacciotti, Maria Calì, Grazia Cesarini Sforza, Alfonso Santagata, Luigi Marchetti, Marcello Ottolenghi e Petre Rosu
É o destino de todos, a não ser que a morte nos pregue alguma partida e venha antecipadamente: a velhice. E este filme do estreante Gianni Di Gregorio acaba por se tornar um ensaio sobre a velhice, sobre o tomar conta das pessoas mais velhas, das "esquisitices" e das conversas à volta de uma mesa de almoço.
Almoço de 15 de Agosto marca a nova vaga do cinema italiano, que prova que este não é só Nanni Moretti e Roberto Benigni. O filme de Gianni Di Gregorio é o regresso à inovação, classicismo e simplicidade do cinema italiano, vincado em 8 e 1/2 Festa do Cinema Italiano. É uma verdadeira comédia italiana com referências ao passado cultural e cinematográfico do país.
A primeira longa-metragem prima pelo elenco reduzido, maioritariamente amador, os planos amadores e rápidos, por vezes contemplativos, num cenário praticamente único, numa leveza certa e singular, como há muito não se via numa tela. Ferragosto é o mote para toda a trama, que se revela mais que uma história cómica, feita de lugares comuns. Em Pranzo di Ferragosto, o realizador brinca com os locais simples e humildes da vida quotidiana italiana, as casas antigas, as tascas, a cidade abandonada num dia de feriado, os gags divertidos de uma família comum, igual a tantas que conhecemos.
E nisso Gianni Di Gregorio está de parabéns. Na construção das personagens reais, nos gestos das senhoras de quem se torna um babysitter (só porque não há outra expressão), na iluminação escassa, no recurso à luz natural como ambiente de filmagens, nas discussões e teimas para ver quem fica com a televisão, quem come a massa no forno, apesar da saúde não o permitir, no libertar das maleitas da idade e numa eterna juventude que acaba por se revelar em cada uma das personagens.
E é sobretudo um filme sobre a dignidade e não resignação. Três senhoras que não se resignam à idade, que querem afinal algo de novo na sua vida, nem que seja apenas num almoço de feriado, que querem pelo menos conversar, que querem sair à noite como tantos outros e talvez encontrar um homem. O mérito é todo dos actores não profissionais que recheam deliciosamente todos os 75 minutos do filme. É o retrato humano e sincero de um filho que toma conta da sua mãe e das mães de outros, só porque lhes deve favores e dinheiro. Mas que acaba por fazê-lo com gosto e sem se irritar.
Pranzo di Ferragosto apresenta uma nova lufada no cinema europeu e italiano e que merece ser visto e revisto. Pena que apostemos que por cá, não vai ter muitos espectadores.
Elenco: Gianni Di Gregorio, Valeria De Franciscis, Marina Cacciotti, Maria Calì, Grazia Cesarini Sforza, Alfonso Santagata, Luigi Marchetti, Marcello Ottolenghi e Petre Rosu
É o destino de todos, a não ser que a morte nos pregue alguma partida e venha antecipadamente: a velhice. E este filme do estreante Gianni Di Gregorio acaba por se tornar um ensaio sobre a velhice, sobre o tomar conta das pessoas mais velhas, das "esquisitices" e das conversas à volta de uma mesa de almoço.
Almoço de 15 de Agosto marca a nova vaga do cinema italiano, que prova que este não é só Nanni Moretti e Roberto Benigni. O filme de Gianni Di Gregorio é o regresso à inovação, classicismo e simplicidade do cinema italiano, vincado em 8 e 1/2 Festa do Cinema Italiano. É uma verdadeira comédia italiana com referências ao passado cultural e cinematográfico do país.
A primeira longa-metragem prima pelo elenco reduzido, maioritariamente amador, os planos amadores e rápidos, por vezes contemplativos, num cenário praticamente único, numa leveza certa e singular, como há muito não se via numa tela. Ferragosto é o mote para toda a trama, que se revela mais que uma história cómica, feita de lugares comuns. Em Pranzo di Ferragosto, o realizador brinca com os locais simples e humildes da vida quotidiana italiana, as casas antigas, as tascas, a cidade abandonada num dia de feriado, os gags divertidos de uma família comum, igual a tantas que conhecemos.
E nisso Gianni Di Gregorio está de parabéns. Na construção das personagens reais, nos gestos das senhoras de quem se torna um babysitter (só porque não há outra expressão), na iluminação escassa, no recurso à luz natural como ambiente de filmagens, nas discussões e teimas para ver quem fica com a televisão, quem come a massa no forno, apesar da saúde não o permitir, no libertar das maleitas da idade e numa eterna juventude que acaba por se revelar em cada uma das personagens.
E é sobretudo um filme sobre a dignidade e não resignação. Três senhoras que não se resignam à idade, que querem afinal algo de novo na sua vida, nem que seja apenas num almoço de feriado, que querem pelo menos conversar, que querem sair à noite como tantos outros e talvez encontrar um homem. O mérito é todo dos actores não profissionais que recheam deliciosamente todos os 75 minutos do filme. É o retrato humano e sincero de um filho que toma conta da sua mãe e das mães de outros, só porque lhes deve favores e dinheiro. Mas que acaba por fazê-lo com gosto e sem se irritar.
Pranzo di Ferragosto apresenta uma nova lufada no cinema europeu e italiano e que merece ser visto e revisto. Pena que apostemos que por cá, não vai ter muitos espectadores.
Não conhecia este título. É que eu faço anos no dia... 15 de Agosto!
ResponderEliminarÉ um filme que repõe a dignidade na urbanidade. Absolutamente a não perder! Liberta-nos o respirar neste tempo em que quase nada se cumpre...E que vivam Roma, bela mãe de todas as cidades com suas muitas e desvairadas criaturas!
ResponderEliminarEsse filme é o raio-X da nossa CULTURA, é uma comedia tragica assim como nossas vidas, contraditorias, pouco compreendida pela maioria das pessoas que acham que tudo aquilo "só existe em filme", a abdicação dos esteriotipos por parte do diretor garantiu naturalidade as personas...
ResponderEliminarem suma uma obra prima, para todos os gostos !!!
Victor Afonso,
ResponderEliminarÉ curioso, realmente! Tens de ver, é um bom filme!
Ana Almeida,
Concordo plenamente. É muito genuíno!
Di Filippo,
Não conheço Itália, mas não podemos deixar de reparar na veracidade com que a vossa cultura é transmitida neste filme. Adorei.