terça-feira, 14 de abril de 2009

DVD: Expiação, por Tiago Ramos



Título original: Atonement (2007)
Realização: Joe Wright
Argumento: Ian McEwan e Christopher Hampton
Elenco: Saoirse Ronan, Brenda Blethyn, James McAvoy, Keira Knightley, Romola Garai e Vanessa Redgrave

Há qualquer coisa em Expiação, de Joe Wright (Orgulho e Preconceito) que o torna um épico maior que a vida. Há qualquer coisa nos olhos e na perspectiva da jovem Briony que nos inquieta, que soca o estômago e nos deixa indecisos entre maldade ou ingenuidade. Afinal há qualquer coisa perturbadora na visão e (in)compreensão do amor, na mente fértil de uma prodigiosa menina.



Expiação é um belo produto cinematográfico, do melhor que o Cinema de Hollywood nos ofereceu nos últimos anos. A realização de Joe Wright é impecável, com uma articulação soberba entre espaços e ângulos distintos. É um filme académico, não há duvidas, há uma realização agarrada a uma cartilha rígida de normas, mas que resultam num projecto grandioso e comovente.

Em termos técnicos, a fotografia é soberbamente perfeita, com tons vivos e delicados, numa sumptuosidade latente a cada esquina do argumento, com cenas virtuosas e de construção inteligente. A delicadeza verificada no ínicio da história, contrasta com a crueldade e os tons acizentados de uma França na II Guerra Mundial. A banda sonora de Dario Marianelli, vencedora de um Óscar da Academia é uma das mais fantásticas obras do cinema e do género. O som das teclas, que remetem para o sentido literário da história e da personagem principal, conjugam-se com a veracidade de cada nota produzida pelo compositor, que se torna arrepiantemente comovente em dadas alturas.



A presença de Keira Knightley é compreensível. A delicadeza do seu aspecto remete-nos para os filmes de época, tendo já trabalhado com o realizador no seu projecto anterior, mas convenhamos que o seu desempenho está longe de ser perfeito. Pedia-se um pouco de mais vivacidade e até dramatismo. James McAvoy torna-se uma revelação neste casting, mas a meu ver peca pela mesma falta que Knightley apresenta.

A grande surpresa porém é, de longe, a jovem actriz Saoirse Ronan, que esteve inclusive nomeada para o Óscar de Melhor Actriz Secundária. Já o mencionámos na início, mas há qualquer coisa inquieta na sua presença e postura, no olhar com que penetra inquietantemente as outras personagens, na forma como parece esconder-se por detrás da sua aparência de menina. A jovem será certamente uma das actrizes mais promissoras de Hollywood no futuro. De destacar também a presença das outras duas actrizes que interpretam o mesmo papel em alturas distintas: Romola Garai e Vanessa Redgrave.



Há qualquer coisa distinta em Expiação. A dada altura, a meio do argumento, perde-se o encanto do filme, há qualquer coisa que falha. Mas tudo se perdoa, a cada plano, a cada fotografia, a cada efeito sonoro, a cada emoção, a cada expressão. O twist final é excelente e perfeitamente bem concebido. Existe uma linha muito ténue entre o certo e o errado. A redenção por erros cometidos é complexa, difícil e morosa. Mesmo que às vezes apenas a imaginação possa expiar as consequências nefastas do passado.

Classificação:


Extras:



  • Cenas Cortadas
  • Making Of
  • Comentário do Filme com o Realizador Joe Wright




Classificação dos Extras:

2 comentários:

  1. É um dos filmes que mais me impressionou nesta década. Tem tanto de profundo como de triste na abordagem dos sentimentos com um final que surpreende mesmo.

    9/10.

    Abraço.

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  2. Red Dust, concordo contigo. Era um género de filme que pensei que não ia gostar e por isso adiei o seu visionamento. Vi-o a semana passada e fiquei estupefacto com tamanha qualidade.

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