segunda-feira, 18 de maio de 2009

DVD: Estranhos de Passagem, por Tiago Ramos



Título original: Dirty Pretty Things (2002)
Realização: Stephen Frears
Argumento:
Steven Knight
Elenco:
Chiwetel Ejiofor, Audrey Tautou, Sophie Okonedo e Sergi López

Em Estranhos de Passagem aborda-se uma temática em parte evitada pela indústria cinematográfica. Sempre que se decide abordar o submundo de grandes cidades ou governos acaba por se entrar num terreno demasiado arriscado, deixando muitas vezes os realizadores e produtores por sua própria conta e risco. Mas Stephen Frears pode dar-se a esse luxo, conhecido por excelentes projectos como The Queen (2006), High Fidelity (2000) e Dangerous Liaisons (1988).



E um coração numa sanita de um quarto de hotel em Londres é o ponto de partida para uma história complexa e tensa, acerca de temas como a imigração ou o tráfico de orgãos. E é longe da visão romântica que se tem sobre o coração de Londres, que Stephen Frears parte para uma longa divagação sobre um realista submundo longe dos olhares da população em geral.

O argumento de Steven Knight a par da realização de Stephen Frears estão de parabéns pela firmeza com que remetem o espectador para um thriller denso, político, num tremendo dilema moral de sobrevivência e de manutenção das normas morais de cada um. Em Estranhos de Passagem aquilo que vemos é precisamente o que o título original do filme nos revela. Um mundo de coisas bonitas, mas sujas. Dirty Pretty Things. Ou seja, uma dualidade, uma mentira ou fachada, de uma cidade comospolita de uma sociedade evoluída, mas que esconde os actos mais degradantes atrás de vãos de escada e vielas escuras e sujas.



É nos trazido um retrato cru do submundo britânico, uma perspectiva realista de um realizador que já nos habituou à sua visão do quotidiano das classes desfavorecidas. Mas sempre com uma pitada de romance ou até alguma dose de humor e algumas tiradas políticas que rematam o ponto de vista crítico de Stephen Frears.

A nível de casting, encontramos Audrey Tatou que apesar de ter um bom desempenho, não se encontra ao melhor nível das suas capacidades. Contudo, acaba por se revelar capaz quando partilha a cena com Chiwetel Ejiofor e ambos espelham uma grande química, num casal aparentemente improvável. E é precisamente neste último nome, que todo o filme revela uma dose de viagem catársica, uma espécie de justiça poética, numa fantástica revelação de uma personagem comovente, com um passado negro. E é sobretudo curioso que apesar de no início há um coração perdido a boiar numa sanita de um quarto de hotel, há quem acabe por ganhar um coração.



Estranhos de Passagem é uma interessante mostra de competência profissional, com um argumento complexo e contemporâneo.

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