Título original: Trainspotting (1996)
Realização: Danny Boyle
Argumento: Irvine Welsh e John Hodge
Elenco: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Kevin McKidd, Robert Carlyle, Kelly Macdonald e Peter Mullan
É debaixo do tema das escolhas que Danny Boyle abre este seu Trainspotting, uma das obras mais complexas e controversas transportas para o cinema. E é precisamente sobre este mote que nos é apresentado um retrato cruel e verdadeiro sobre a juventude dos anos 90, os vícios, depressão, drogas, música numa crítica à sociedade capitalista e consumista.
A realização de Danny Boyle apresenta de forma corajosa e sem censura as vidas de jovens que giram em torno da heroína e da cultura pop. Apesar de muitas críticas apontadas sobre a suposta aclamação do glamour das drogas, a verdade é que através do realismo urbano o filme acaba por demonstrar simplesmente tanto o lado do prazer como o lado da depressão, sem se tornar moralista sobre algum dos lados. Ainda para mais aquilo que é indirectamente revelado são as portas de entrada para uma vida de desgraça. Mas moralismos e valores à parte, o realizador acaba por desvendar o politicamente incorrecto, explorando o submundo das drogas, facto que parece já recorrente em alguma da sua filmografia.
E é esta componente visual e artística aliada ao argumento que transparece toda uma enorme componente visceral da linguagem, acabando por retratar toda uma geração alheia e descontente com o multiculturalismo que renascia à sua volta, especialmente destacado por uma das cenas em que Kelly Macdonald e Ewan McGregor contracenam. Afinal tudo lá fora mudava e não havia consciência: até as drogas mudavam.
O argumento de John Hodge chega ao ponto de não idealizar nenhuma das personagens, tornando-as mais genuínas e insiste em não os romantizar ou torná-los simpáticos. Simplesmente permite e tenta reconstituir as escolhas que cada um de nós pode passar pela sua vida. E quão fundo um indíviduo pode chegar na sua vida, sabiamente (e ironicamente) retratado pela cena da sanita e da casa-de-banho. É sobretudo uma ampliação de uma juventude perdida.
O elenco funciona todo ele de forma bastante competente, retratando a decadência humana de uma forma inovadora, com especial destaque para a personagem de Ewan McGregor, muitíssimo bem captada. Sem o querer há uma dose de heroísmo bastante grande em Renton que acaba por ter de fugir dos seus fantasmas pessoais e passar por todo um processo de desvinculação da cultura aditiva que experienciou. Mas acaba por dar a si próprio a oportunidade de escolha. Robert Carlyle, Jonny Lee Miller, Ewen Bremner representam também, cada um à sua maneira, uma faceta da tal juventude transviada já mencionada ao início.
A banda sonora do filme é outra componente-chave em todo o argumento do filme, com a sua veia delirante e pop que ultrapassa todas as barreiras juntamente com toda a componente visual. Danny Boyle não apresenta uma obra-prima e acaba por penalizar-se a si próprio ao tornar-se pretensioso na sua crítica, mas é inegável o pedaço de cultura e de irreverência que fica aqui registado neste Trainspotting.
Argumento: Irvine Welsh e John Hodge
Elenco: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Kevin McKidd, Robert Carlyle, Kelly Macdonald e Peter Mullan
É debaixo do tema das escolhas que Danny Boyle abre este seu Trainspotting, uma das obras mais complexas e controversas transportas para o cinema. E é precisamente sobre este mote que nos é apresentado um retrato cruel e verdadeiro sobre a juventude dos anos 90, os vícios, depressão, drogas, música numa crítica à sociedade capitalista e consumista.
A realização de Danny Boyle apresenta de forma corajosa e sem censura as vidas de jovens que giram em torno da heroína e da cultura pop. Apesar de muitas críticas apontadas sobre a suposta aclamação do glamour das drogas, a verdade é que através do realismo urbano o filme acaba por demonstrar simplesmente tanto o lado do prazer como o lado da depressão, sem se tornar moralista sobre algum dos lados. Ainda para mais aquilo que é indirectamente revelado são as portas de entrada para uma vida de desgraça. Mas moralismos e valores à parte, o realizador acaba por desvendar o politicamente incorrecto, explorando o submundo das drogas, facto que parece já recorrente em alguma da sua filmografia.
E é esta componente visual e artística aliada ao argumento que transparece toda uma enorme componente visceral da linguagem, acabando por retratar toda uma geração alheia e descontente com o multiculturalismo que renascia à sua volta, especialmente destacado por uma das cenas em que Kelly Macdonald e Ewan McGregor contracenam. Afinal tudo lá fora mudava e não havia consciência: até as drogas mudavam.
O argumento de John Hodge chega ao ponto de não idealizar nenhuma das personagens, tornando-as mais genuínas e insiste em não os romantizar ou torná-los simpáticos. Simplesmente permite e tenta reconstituir as escolhas que cada um de nós pode passar pela sua vida. E quão fundo um indíviduo pode chegar na sua vida, sabiamente (e ironicamente) retratado pela cena da sanita e da casa-de-banho. É sobretudo uma ampliação de uma juventude perdida.
O elenco funciona todo ele de forma bastante competente, retratando a decadência humana de uma forma inovadora, com especial destaque para a personagem de Ewan McGregor, muitíssimo bem captada. Sem o querer há uma dose de heroísmo bastante grande em Renton que acaba por ter de fugir dos seus fantasmas pessoais e passar por todo um processo de desvinculação da cultura aditiva que experienciou. Mas acaba por dar a si próprio a oportunidade de escolha. Robert Carlyle, Jonny Lee Miller, Ewen Bremner representam também, cada um à sua maneira, uma faceta da tal juventude transviada já mencionada ao início.
A banda sonora do filme é outra componente-chave em todo o argumento do filme, com a sua veia delirante e pop que ultrapassa todas as barreiras juntamente com toda a componente visual. Danny Boyle não apresenta uma obra-prima e acaba por penalizar-se a si próprio ao tornar-se pretensioso na sua crítica, mas é inegável o pedaço de cultura e de irreverência que fica aqui registado neste Trainspotting.
Classificação:
Extras:
- Capítulos
- Trailer
- Fotos
- DVD-ROM: Fotos, Artigos Imprensa, Dossier de Imprensa
Um filme que fez escola e deixou marca. Um forte retrato de uma certa juventude desamparada. Concordo com a tua nota.
ResponderEliminarAbraço.
Red Dust,
ResponderEliminarUm filme com uma temática muito forte, que retrata muito bem toda uma geração e a cultura pop da altura.