sexta-feira, 5 de junho de 2009

Religulous - Que o Céu nos Ajude, por Tiago Ramos



Título original: Religulous (2008)
Realização:
Larry Charles
Argumento: Bill Maher

A ideia era interessante e, se bem concebida, podia funcionar bastante bem. A perspectiva de um mockumentary que confrontasse várias religiões e os seus dogmas era, por si só, um exercício interessante, mesmo que um tom algo cómico. Bill Maher, conhecido comediante, não esconde o seu ateísmo e descontentamento perante a religião manipulando o seu pseudo-documentário num retrato irónico e patético dos líderes e crentes de algumas religiões e seitas.



Ao invés de explorar a religião, mesmo que com a divulgação de algum fanatismo de uma forma irónica, Religulous não pretende discutir a temática da Religião. Na verdade, Bill Maher pretende resumir tudo à sua crença (ou falta dela) e resume toda a Religão aos seus membros fanáticos e patéticos. Falta-lhe algum profissionalismo na escolha dos entrevistados, reduzindo o filme a um mero conjunto aleatório de sketches patéticos e rídiculos. Nem consegue sequer diferenciar a linha ténue que distingue fé de fanatismo, porque ao espectador é dada a conhecer apenas a perspectiva irracional de algumas religiões e seitas.

Infelizmente, acabamos por verificar que em Religulous cede-se a estereótipos sociais, associando claramente o Islamismo aos terroristas ou o Catolicismo à hipocrisia e à estagnação da mente. A dada altura, acaba por misturar várias crenças religiosas e colocá-las todas no mesmo patamar, permitindo que elas se ridicularizem a si próprias, tentando destruir a Religião.



Inclusive relacionar religiões ditas oficiais, como o Islão ou Catolicismo juntamente com a Cientologia ou com uma seita que glorifica a cannabis como potenciador da busca de um propósito na vida, é desrespeitar as crenças. Ainda para mais porque sempre que surge alguém na tela com algo interessante para dizer, Bill Maher corta-lhes a palavra ou coloca em rodapé comentários irónicos e que em nada funcionam.

Apesar de ser um ponto de vista cómico, Bill Maher acaba por se tornar ele próprio uma figura rídicula, reduzindo a ideia interessante por detrás de Religulous a basicamente nada.

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