domingo, 26 de julho de 2009

Incendiário, por Tiago Ramos



Título original: Incendiary (2008)
Realização:
Sharon Maguire
Argumento: Sharon Maguire e Chris Cleave
Elenco: Michelle Williams, Ewan McGregor, Matthew Macfadyen e Sidney Johnston

Existe uma diferença evidente entre o talento dos actores que compõem um filme e o próprio talento do filme em si. E esta adaptação do romance Incendiário, de Chris Cleave, não faz justiça à entrega de Michelle Williams durante a longa-metragem.



Começamos com duas personagens principais. A personagem de Michelle Williams, enquanto jovem mãe, cujo sofrimento é destrutivo e numa fase final construtivo e a própria cidade de Londres, enquanto personagem, que assume um carácter quase indestrutível ao longo da sua própria História. Dizer qual delas estará melhor é o mesmo que dizer o que veio primeiro: o ovo ou a galinha?.

Essa sequência principal, a história que afinal move todo o filme é claramente inteligente e interessante, num comovente retrato de como lidar com a culpa e com a morte dos entes queridos. Num registo por vezes cruelmente irónico, emotivo, sombrio ou depressivo somos conduzidos para um turbilhão de sentimentos, tal como a própria protagonista.



Mas o problema maior é a complexidade de tramas secundárias que se desenvolvem em sentido divergente ao cerne do filme. Essas histórias paralelas não mais fazem que desmotivar o espectador. Não servem absolutamente para nada, a não ser deitar por água abaixo, a ideia que podíamos ter um excelente filme entre mãos.

Todas essas falhas são, contudo, claramente colmatadas pelo fabuloso desempenho de Michelle Williams, numa das suas performances mais realistas e emotivas de sempre. Um desempenho que, não fosse o carácter pouco visível de Incendiário, lhe poderia valer uma série de prémios e quem sabe, uma nova nomeação para o Óscar, desta vez na categoria principal.



Incendiário é Michelle Williams. E parece que Sharon Maguire não se chegou a aperceber disso a tempo. Pena, pois podia ter sido muito mais do que foi.

Classificação:

2 comentários:

  1. Sempre em cima das novidades. Apesar de certamente não ser um filme marcante, entrou para a minha (longa) lista dos que tenho de ver. É um tipo de fita que me atrai.

    Abraço.

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  2. Red Dust,
    Tento sempre disponibilizar o máximo possível de críticas recentes também para incentivar os leitores a ir ao Cinema e ver mais Cinema. Independentemente do género. :)

    É um bom filme, mas padece das falhas que referi no texto. Recomendo o visionamento, claro.

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