terça-feira, 7 de julho de 2009

O Rei da Califórnia, por Carlos Antunes



Título original: King of California
Realização: Mike Cahill
Argumento: Mike Cahill
Elenco: Michael Douglas, Evan Rachel Wood e Gerald Emerick

O Rei da Califórnia é um filme que congrega em si mais do que um género de uma forma que pareceria impossível de realizar a contento mas que resulta magistralmente.

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Será evidente que O Rei da Califórnia trata das evidências mais cómicas e mais tocantes da passagem forçada à idade adulta perante a falta de um pai que, mesmo presente, está ausente no seu mundo singular e alheado da realidade convencional.
Trata da procura esperançada de uma relação com um pai, por mais inusitada que essa relação tenha de ser, inclusivamente por se ver invertida, tendo a filha de tomar conta do pai.

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É, sem simplismos, a procura intrínseca de afecto e das decisões que se tomam a esse respeito.
Mas é, também, um filme de aventuras, uma comédia quase burlesca e um heist movie.
A par da retoma do relacionamento entre Michael Douglas e Evan Rachel Wood, vamos acompanhando uma caça ao tesouro inusitada perante as complicações que a vida moderna lhe impõe.


O filme torna-se riquíssimo nesta abertura de géneros, ganhando a cada momento uma surpreendente frescura sem precisar de recorrer a truques narrativos mirabolantes.
A simples possibilidade da estranheza destas duas vidas, tão vincadamente normais na sua disfuncionalidade, mas tão singulares na sua demanda, são suficientes para nos manter intrigados e interessados.

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E, como seria inevitável, de assinalar as interpretações de ambos os actores.
Evan Rachel Wood ainda agarrada a um papel que, de uma forma ou de outra, lhe tem calhado quase sempre, mas que ela consegue tornar distinto mais uma vez.
Michael Douglas com uma das suas melhores interpretações de anos recentes - e talvez mesmo de anos não tão recentes - subtil e plena de nuances, cómica, trágica e comovente. Chega a ser irreconhecível no interior daquela figura.

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O Rei da Califórnia é um dos mais singulares filmes a estrear este ano nos cinemas portugueses.
Chega-nos atrasado mas chega-nos, o que é o mais importante.
Seria importante descobri-lo, embora não me pareça que seja bafejado pelas graças do público.




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