domingo, 15 de novembro de 2009

O Solista, por Carlos Antunes

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Título original:
The Soloist
Realização: Joe Wright
Argumento: Susannah Grant e Steve Lopez
Elenco: Jamie Foxx, Robert Downey Jr. e Catherine Keener

O Solista tem a pior das motivações escondida sob a sua história simples de um tema de coluna tornada amizade.
Essa motivação é a mesma que as novelas actuais apresentam, um moralismo pretencioso e vácuo, que dura o tempo necessário para impigir aos espectadores os sentimentos mais básicos que os mantenham agarrados ao ecrã.

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Isso mesmo custa ao filme o seu foco, resultando numa falta de linha condutora que seja reconhecível.
A história daquela amizade é insuficiente para quem pretendeu fazer o filme pois os sentimentos que a conduzem a maior parte do tempo não são dignos ou não são capazes de imprimir a elevação pretendida, por isso é preciso reduzi esta amizade a meros episódios
E, ao mesmo tempo, explora-se os pedaços mais escabrosos da vida pessoal do jornalista ou as justificações mais básicas para o estado actual do músico.

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A tal motivação pedagógica e moralista revela-se depois num olhar que parece demasiado falso, um olhar que se estende sobre uma Los Angeles empobrecida e desprezada, a braços com todo o género de doença mental.
Uma Los Angeles que precisa de atenção, por isso se apresenta ali sem tacto, tornada numa colecção de aberrações (e uso a palavra sem pretender desrespeito algum) cuja culpa de existirem quer ser imputada à sociedade que vai apenas ver o filme.

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Seria necessário ter maior capacidade para fazer cinema disto mesmo, seria preciso disfarçar as intenções num bom trabalho ficcional e artístico.
Não é o caso, com Joe Wright a não apresentar uma ideia relevante, chegando mesmo ao ponto de lidar com a música do filme como mera justificação para planos aéreos da cidade ou efeitos visuais que poderiam ter sido feitos pelo Windows Media Player.
Os actores, no seio de tudo isto, parecem igualmente perdidos, como se estivessem a postos para algo que nunca se concretiza.
Jamie Foxx tem uma personagem composta de forma exagerada e deixada à solta sem controlo, como se a loucura se representasse por simples libertação de qualquer plano lógico.
Robert Downey Jr. pelo contrário tenta apagar-se, mas deixando rasto dos maneirismos a que não consegue escapar.

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Nada parece ter saído bem, nada parece ter substância suficiente para ter chegado a dar um filme.
Podia ser um pequeno documentário recriado para um qualquer canal de televisão a capitalizar nas emoções dos espectadores.
Continuaria a não ter interesse, mas pelo menos estaria mais de acordo com o que se esperaria dele.



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