Título original: Avatar (2009)
Realização: James Cameron
Argumento: James Cameron
Elenco: Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Michelle Rodriguez e Giovanni Ribisi
Foi preciso esperar 12 anos para se conhecer o próximo projecto de James Cameron após o sucesso mundial de Titanic (1997). 12 anos à espera que a tecnologia evoluísse o suficiente para pôr em imagens todo um mundo fantástico criado pela sua mente fértil. Com um orçamento de 300 milhões de dólares (o maior da História do Cinema), o risco era elevado, mas podemos dizer que essa espera valeu a pena. Avatar é tudo o que se poderia esperar e talvez ainda mais.
Avatar é a experiência visual mais avassaladora e alucinante que poderíamos imaginar. Consequência de uma intrincada construção dos cenários do planeta Pandora: um local exótico, detalhado e colorido. É aí que James Cameron e a sua equipa técnica conseguiram atingir o apogeu da cultura tecnológica, com recurso a evoluídas técnicas de 3D e de CGI. Este é o mais belo cenário do Cinema: bizarras espécies de fauna e flora, muitas delas luminescentes, permitem ao espectador sentir-se dentro do planeta, recebendo um sem número de estímulos visuais e técnicos incríveis. Há algo nesse visual que nos remete para universos fantásticos como o da trilogia O Senhor dos Anéis ou Star Wars, mas Avatar revoluciona essas visões, elevando-as para um patamar superior.
O 3D está sempre presente, mas não o comum. Diferentemente de outros filmes que usaram esta técnica, em Avatar ele foi não usado apenas para criar pequenos efeitos. Estamos em Pandora, graças ao excelente efeito de profundidade de campo, nunca antes visto, com várias camadas de percepção visual. Não é, contudo, um 3D intrusivo ou agressivo. Está sempre presente mas não incomoda o espectador, não interfere com a sua percepção da história, tornando tudo real. É essa técnica 3D que permite atentar o detalhe de cada ser vivo, na sua dimensão, cor, luz e sombra e movimento. Pandora é desarmante e repetimos: nunca vimos um universo tão belo como este. Também o CGI utilizado é competente no seu efeito, sendo o espectador confrontado inúmeras vezes com a dúvida: é isto real? Se não o era, James Cameron conseguiu fazê-lo real.
O motion capture foi bem utilizado, o que permite, por exemplo, quase não nos darmos conta que alguns actores nunca surjam em carne e osso, embora o pareça. Grande parte do filme utiliza esta técnica de captura de movimentos o que, apesar de nos poder provocar algumas dúvidas, na verdade e durante o visionamento de Avatar, quase não nos passam pela cabeça. Zoe Saldana nunca surge em carne e osso, mas consegue garantir uma enorme aproximação do espectador à sua personagem. Aliás, todo o elenco está competente na sua tarefa de transmitir a mensagem do filme. Sam Worthington, Sigourney Weaver e Stephen Lang em todo o seu protagonismo conseguem também transmitir essa imagem de competência.
Contudo, encontramos aqui o seu revés: será o motion capture o futuro do Cinema? Até que ponto é alterado o conceito de cinema e exploradas as capacidades performativas dos actores? De que forma poderá esta técnica alterar a forma como vemos o seu trabalho? Chegaremos a um ponto em que não precisaremos deles? Além disso, a verdade é que de certa forma, não conseguimos estabelecer laços com as personagens, acabando por não existir uma ligação emocional a eles. Reconhecemos a química das personagens de Zoe Saldana e Sam Worthington, mas até que ponto nos sentimos ligados a elas? Até que ponto torcemos pelo seu amor? Dúvidas que se colocam.
O argumento é a componente menos bem concebida de Avatar. Todo ele é cliché e previsível e não original. Mas a verdade é uma: conseguimos apontar-lhe o dedo? Não. Num mega investimento como este, apenas um argumento mainstream conseguiria trazer contrapartidas financeiras. E na verdade o argumento consegue envolver-nos, ser interessante e eficaz no seu efeito de entretenimento. Repleto de mensagens ambientalistas e anti-guerra, reconhecemos um alerta para o nosso próprio planeta Terra. O argumento de Avatar não acompanha a técnica revolucionária usada no filme. É todo ele clássico, cheio de exaustivas referências cinematográficas: Star Wars, The Lord of The Rings, The Fountain, Dances with Wolves, Pocahontas, The Lion King e Tarzan...
Avatar é a revolução visual que anunciou, é um dos melhores filmes do ano, da década e de sempre. Não é o melhor, apenas porque a narrativa não acompanha a técnica excelsa. Mas é sem sombra de dúvidas, um marco no Cinema. Agora no Cinema há o Antes de Avatar e o Depois de Avatar.
Classificação:
mm.. Não fiquei muito convencido...
ResponderEliminarPareçe-me algo contraditória a crítica..
É um marco no cinema, mas não é um grande filme?
Abraço
Jackie Brown,
ResponderEliminarNão mencionei que não era um grande filme. Apenas referi que o argumento não era original, nem o melhor de sempre, bastante cliché aliás. Mas ninguém pode desmentir que sim, é um marco no Cinema, particularmente a nível técnico como referi.
Muot bem escrito!
ResponderEliminarJá sabia que iria ser o argumento uma contrapartida pois teria que ser algo mais mainstream...
Tudo é devido ao dinheiro embora aqui exista definitivamente um marco no cinema.
Espero que o motion picture nao seja muito usado pois embora adore ficção-científica, actores de "carne e osso" são muito melhor aceitados por mim...
Embora Avatar não aprofunde tanto como Beowulf...
Abraço
http://nekascw.blogspot.com/
Nekas,
ResponderEliminarObrigado! :)
O argumento é o menos bem concebido do filme. Se o argumento é a alma do filme? Sim, mas na verdade, o argumento de Avatar embora banal não deixa de entreter o espectador. O motion picture do filme é bem utilizado, mas não desejo que se torne comum.
Concordo com a critica. É um filme que marca a história do cinema. Ao mesmo tempo, é também um filme com um argumento bastante previsível, mas nunca deixa de entreter e motivar o espectador. Na minha opinião, o melhor do argumento é o que fica nas entrelinhas, que nunca é atirado à cara do espectador, mas fica no ar para quem estiver disposto a interpretar.
ResponderEliminarNão é daqueles filmes que marcam as nossas vidas, mas é um filme que marca o cinema em si.
Acho que o maior feito do filme é a capacidade de esconder os efeitos especiais que tẽm, porque fica no espectador a sensação que o que vimos existe mesmo!
ResponderEliminarE todo o filme gira nesse sentido, porque não temos seres com formas fisicas que não lembram a ninguém (como em starwars), depois da parte dos humanos também existiu essa preocupação de transformar todas as maquinas em algo proximo do nosso conhecimento.
Acho que é um dos filmes que melhor se vẽ no cinema, os 162minutos passaram a correr e na sala on vi o filme fico com a sensação que mais de 90% das pessoas ficaram muito. muito satisfeitas com o filme.
Opa Tiago,
ResponderEliminarGostei da sua crítica e após assistir o filme concordo 100% com você. Mas mesmo com a história cliché tem algumas discussões subliminares que podem ir além do cliché.
É cinema pra toda família, diversão garantida pro cinéfilo que só entretenimento e pro cinéfilo cabeça que vai ficar discutindo todas as questẽos subiminares.
abs
Conhecendo os teus gostos, e, em certa parte, identificando-me com eles, fiquei surpreso ao ver uma crítica positiva.
ResponderEliminarAbraço
Telmo,
ResponderEliminarNão sendo o melhor filme da História do Cinema, consta certamente na minha lista dos melhores da década. O argumento entretém e por isso resulta. É mesmo um marco!
Nasp
Tecnicamente o filme é irrepreensível e é essa quase fusão com a realidade que o torna melhor. Avatar deve ser visto, definitivamente, no cinema e em 3D!
Sérgio Lima,
Obrigado. A história tem elementos interessantes como a mitologia associada (árvore da vida, por exemplo), a ligação biológica dos Navi's ao planeta Pandora, o misticismo das suas crenças... É garantidamente entretenimento puro.
Jackson,
Confesso que até eu me surpreendi. É um show tecnológico que vive graças ao 3D. Talvez sejamos "iludidos" pela beleza do planeta Pandora e pelo fantástico 3D. Fui à espera de um argumento péssimo e encontrei um menos mau do que esperava, o que por si só já é uma surpresa. Não me parece que vás gostar muito, mas nunca se sabe.
Ainda não o vi, vê-lo-ei na próxima quarta. Depois passarei por cá e deixarei o meu testemunho. O certo é quem AVATAR tem gerado um consenso fora do habitual entre a crítica. E só por aí já é um feito raríssimo.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Roberto F. A. Simões,
ResponderEliminarEstou confiante de que vais gostar bastante! É realmente um grande consenso, poucas vezes visto em cinema.
Roberto F. A. Simões,
ResponderEliminarEstou confiante de que vais gostar bastante! É realmente um grande consenso, poucas vezes visto em cinema.