Argumento: Scott Z. Burns e Kurt Eichenwald
A comédia humana está ao seu melhor nível em O Delator! à medida que um importante executivo inicia a denúncia da sua própria empresa com a ideia fixa de sobrar como paladino da verdade e ascender ao topo da hierarquia.
À medida que a sua denúncia se torna numa espiral de mentiras e meias-verdades que ninguém consegue seguir.
À medida que vai roubando milhões à sua própria empresa enquanto trabalha com o FBI mas continua a julgar-se o paladino da sua empresa.
À medida que a sua denúncia se torna numa espiral de mentiras e meias-verdades que ninguém consegue seguir.
À medida que vai roubando milhões à sua própria empresa enquanto trabalha com o FBI mas continua a julgar-se o paladino da sua empresa.
Mark Whitacre - interpretado de forma soberba por Matt Damon - é um poço sem fundo de contradições.
Os seus desejos tornam-se na motivação das suas mais bizarras movimentações que ele própria acaba por ir desvendando, camada a camada.
Ele que nos momentos mais inconvenientes revela que não tem vindo a dizer toda a verdade, tem uma vontade de ser o homem necessário a cada momento, seja para a sua família, para a sua empresa ou para o FBI.
Ele é uma pessoa normal numa situação acima das suas expectativas. Mas depois de se ver lá, é ele próprio a manter essa situação, enrodilhando-se numa teia de crescente e bizarro protagonismo.
Daí que o seu próprio comportamento para o caso seja tão titubeante, deixando perplexos e surpresos os seus próprios advogados ou os agentes do FBI que com ele trabalham.
Os seus desejos tornam-se na motivação das suas mais bizarras movimentações que ele própria acaba por ir desvendando, camada a camada.
Ele que nos momentos mais inconvenientes revela que não tem vindo a dizer toda a verdade, tem uma vontade de ser o homem necessário a cada momento, seja para a sua família, para a sua empresa ou para o FBI.
Ele é uma pessoa normal numa situação acima das suas expectativas. Mas depois de se ver lá, é ele próprio a manter essa situação, enrodilhando-se numa teia de crescente e bizarro protagonismo.
Daí que o seu próprio comportamento para o caso seja tão titubeante, deixando perplexos e surpresos os seus próprios advogados ou os agentes do FBI que com ele trabalham.
Como pode um homem fazer tudo isto senão estando perdido de si mesmo?
Uma das demonstrações magistrais disso mesmo é o plano mental que se vai revelando lado a lado com o lado conspirativo da questão.
A sua mente vagueia por todo o género de ideias descabidas, sem linha de conexão.
Depois de aceder a usar um microfone, tudo o que lhe ocorre é as informações que viu num programa de televisão sobre macacos, como se no momento imediatamente anterior não fosse ele quem estivesse ali.
Ele próprio tem uma ideia para uma série de televisão que acaba por descrever a sua aparentemente louca complexidade interna, a de um homem que telefone para casa onde é atendido por si mesmo e que passará a série toda a tentar apanhar-se a si mesmo.
O problema é que Whitacre está no percurso inverso e, por força das circunstância (algumas criadas por si), está antes a separar-se em mais e mais ocorrências de si próprio.
Uma das demonstrações magistrais disso mesmo é o plano mental que se vai revelando lado a lado com o lado conspirativo da questão.
A sua mente vagueia por todo o género de ideias descabidas, sem linha de conexão.
Depois de aceder a usar um microfone, tudo o que lhe ocorre é as informações que viu num programa de televisão sobre macacos, como se no momento imediatamente anterior não fosse ele quem estivesse ali.
Ele próprio tem uma ideia para uma série de televisão que acaba por descrever a sua aparentemente louca complexidade interna, a de um homem que telefone para casa onde é atendido por si mesmo e que passará a série toda a tentar apanhar-se a si mesmo.
O problema é que Whitacre está no percurso inverso e, por força das circunstância (algumas criadas por si), está antes a separar-se em mais e mais ocorrências de si próprio.
Soderbergh filmou este filme sem ceder a um género específico mas aproveitando para misturar e retrabalhar vários género numa amálgama que só em mãos como as dele teria sucesso.
Dando ao filme o tom, acrescentando-lhe o género de humor que pontuava as comédias britânicas sobre crime e também o género de comédias que Cary Grant protagonizava nos anos 1940 e contando ainda com Matt Damon para criar um thriller psicanalítico de um homem só, Soderbergh criou um filme inclassificável, distinto de tudo o resto que é feito à sua volta, abrangente e eficaz, que dificilmente não irá ao encontro de todos os géneros de público - se lhe derem uma hipótese para tal.
Para todos aqueles que julgam que Tarantino é o grande conhecedor e revisitador dos inúmeros géneros que o Cinema teve, vale a pena pensar em tudo aquilo que Soderbergh tem feito ao longo da sua carreira, mesmo quando está a testar as possibilidade de futuro.
Dando ao filme o tom, acrescentando-lhe o género de humor que pontuava as comédias britânicas sobre crime e também o género de comédias que Cary Grant protagonizava nos anos 1940 e contando ainda com Matt Damon para criar um thriller psicanalítico de um homem só, Soderbergh criou um filme inclassificável, distinto de tudo o resto que é feito à sua volta, abrangente e eficaz, que dificilmente não irá ao encontro de todos os géneros de público - se lhe derem uma hipótese para tal.
Para todos aqueles que julgam que Tarantino é o grande conhecedor e revisitador dos inúmeros géneros que o Cinema teve, vale a pena pensar em tudo aquilo que Soderbergh tem feito ao longo da sua carreira, mesmo quando está a testar as possibilidade de futuro.
O Delator! está a ser "recusado" por várias pessoas pelo facto de ser distinto pois Soderbergh criou aqui uma obra interessante e com poder mas muito incompreensível.
ResponderEliminarAbraço
http://nekascw.blogspot.com/