Título original: Bright Star
Realização: Jane Campion
Argumento: Jane Campion
Por mais que pareça contraditório, Bright Star é uma intensa história de amor feita de uma suave descrição.
Por mais que a emoção se liberte das personagens, Jane Campion não vampiriza nem adorna a expressão dessas emoções.
Onde outros filmariam a agonia final da morte do poeta, Campion filma apenas o relato quase inócuo da sua morte, deixando depois cair a tristeza dolorosa da mulher que o amava.
Por mais que a emoção se liberte das personagens, Jane Campion não vampiriza nem adorna a expressão dessas emoções.
Onde outros filmariam a agonia final da morte do poeta, Campion filma apenas o relato quase inócuo da sua morte, deixando depois cair a tristeza dolorosa da mulher que o amava.
É isto que distingue o filme das habituais produções do género, que ele não esteja interessado em arrastar para o melodrama barato aquilo que é a rica mas delicada transformação de dois seres na presença um do outro.
Não há desculpas ou justificações para a inspiração do poeta mas um processo de evolução que não se traça linearmente à história de amor.
Isto porque, afinal, nem sequer é o poeta a força do filme, mas antes a mulher que o aceita e que se chega a ele.
Este é o retrato da força da mulher, uma mulher que aprendeu a viver a poesia para poder sentir o poeta a viver em si.
Uma mulher que contrariou os preceitos da sua época para defender algo que ela intuiu ser a única Verdade do mundo muito antes que qualquer outro o pudesse ver.
Esta não é a mulher que inspirou um poema, é a mulher que tornou esse poema possível, que o criou pela sua própria existência.
O poeta apenas a traduziu em palavras, magníficas claro, mas quem sabe se insuficientes para traduzir a percepção que atravessou a sua alma.
Uma mulher que contrariou os preceitos da sua época para defender algo que ela intuiu ser a única Verdade do mundo muito antes que qualquer outro o pudesse ver.
Esta não é a mulher que inspirou um poema, é a mulher que tornou esse poema possível, que o criou pela sua própria existência.
O poeta apenas a traduziu em palavras, magníficas claro, mas quem sabe se insuficientes para traduzir a percepção que atravessou a sua alma.
A inolvidável beleza serve aqui o filme quando nos filmes anteriores de Campion parecia acabar por se sobrepor ao restante.
Estilisticamente o filme é um pequeno conjunto de belíssimos quadros, embora seja também o mais controlado dos filmes de Campion nesse aspecto.
Apetecia-me dizer que Jane Campion amadureceu o seu olhar, mas talvez tenha sido o meu olhar que amadureceu com ela. Talvez antes eu não estivesse preparado para aceitar o que ela sempre afirmou como a sua visão cinematográfica, ainda que ela sempre tenha primado pela perfeição, não só visual como também da performance dos magníficos actores que sempre encontra - ou, mais certamente, cria - para os seus filmes.
Abbie Cornish é uma revelação e obrigará a que a encaremos de maneira diferente a partir de agora por nunca a termos visto assim até este filme.
Tenho de admitir, então, que no mínimo devo a Jane Campion uma revisão dos seus restantes filmes, pois ela é uma realizadora rara mas tão necessária ao cinema que qualquer possibilidade de a reencontrar é uma benção.
Com Bright Star demonstrou em definitivo que nos vem ensinando a olhar a tela de uma forma um pouco mais distinta a cada filme que faz.
Estilisticamente o filme é um pequeno conjunto de belíssimos quadros, embora seja também o mais controlado dos filmes de Campion nesse aspecto.
Apetecia-me dizer que Jane Campion amadureceu o seu olhar, mas talvez tenha sido o meu olhar que amadureceu com ela. Talvez antes eu não estivesse preparado para aceitar o que ela sempre afirmou como a sua visão cinematográfica, ainda que ela sempre tenha primado pela perfeição, não só visual como também da performance dos magníficos actores que sempre encontra - ou, mais certamente, cria - para os seus filmes.
Abbie Cornish é uma revelação e obrigará a que a encaremos de maneira diferente a partir de agora por nunca a termos visto assim até este filme.
Tenho de admitir, então, que no mínimo devo a Jane Campion uma revisão dos seus restantes filmes, pois ela é uma realizadora rara mas tão necessária ao cinema que qualquer possibilidade de a reencontrar é uma benção.
Com Bright Star demonstrou em definitivo que nos vem ensinando a olhar a tela de uma forma um pouco mais distinta a cada filme que faz.
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