Realização: Matthew Vaughn
Argumento: Matthew Vaughn e Jane Goldman
Elenco: Aaron Johnson, Christopher Mintz-Plasse, Chloe Moretz e Nicolas Cage
A maior ironia que encontramos desde o início de Kick-Ass é que estamos perante um filme de super-heróis, sem super-heróis. Baseado na banda desenhada homónima tida por muitos fãs do género como uma das mais bem conseguidas, mas também violentas de sempre, Kick-Ass brilha pela desconstrução que faz do mito do super-herói. É precisamente o sufixo português "O Novo Super-Herói" que dá de imediato a dica nesse sentido.
E se de início, toda a estética quase cartoonesca pode soar inadvertidamente bizarra para o espectador, a verdade é que depressa nos ambientamos no espírito subversivo que o filme destila largamente nos diálogos e em grande maioria das cenas. Propositadamente apelativo ao público teen, a ideia do anti-herói nascido de alguém com disfunções sociais e claramente com sentimentos de inadaptação (o verdadeiro adolescente) não é original, mas tem como propósito claro a identificação do espectador com a personagem. E resulta.
Embora pleno de estereótipos, na verdade Kick-Ass consegue manter o espírito inventivo e imaginativo por não esconder a sua veia amoral e subversiva. Moralmente condenável para muitos, a verdade é que apesar do bizarro da situação, a realidade a que somos submetidos diariamente não deixa de ser muito diferente da ficção do filme. De realçar a sátira com que somos brindados, em mais que uma cena do filme, aos mass media, à cultura youtube, aos noticiários e à forma explosiva com que os perfis sociais conseguem impulsionar alguém socialmente.
A violência explicitamente gráfica, os diálogos crus e sem filtros, fazem de Kick-Ass uma das maiores lufadas de ar fresco do ano cinematográfico. As sequências violentas são mais que muitas, mas também - dentro do burlesco de toda a situação - justificadas. Porque dentro do espírito do filme e que Matthew Vaughn consegue adaptar ao grande ecrã é do mais genuíno que temos visto. O realizador não deixou, em momento algum, que a sua criatividade (e claramente a obra original) fosse castrada, mesmo que isso tivesse acabado por lhe causar dificuldades na distribuição do filme.
Matthew Vaughn não é um realizador espectacular. A sua estética de videoclip em muitos momentos, pode acabar por irritar, bem como algum slow motion em demasia. É competente na câmara, mas melhor no argumento. A forma como constrói as personagens e as relações entre si é bastante boa, conseguindo criar comoção em momentos aparentemente impossíveis de tal acontecer. Mas é também - e sobretudo - o elenco que consegue elevar o filme. Falamos claro de Mark Strong, no papel de vilão mafioso, mas também de Nicolas Cage - numa sátira à figura do Batman, mas também do treino militar. Por outro lado, a revelação de todo o filme é a jovem Chloe Moretz. A sua personagem, Hit-Girl, é uma das melhores do ano e, arriscaríamos dizer dos últimos anos. Só ela faz jus ao título do filme e evoca em demasiadas alturas o espírito tarantinesco em Kill Bill. A forma extremamente dedicada e energética como a jovem actriz consegue fazer o espectador apaixonar-se pela sua personagem, faz de si alguém a ser seguido de perto nos próximos anos.
Também a banda sonora é igualmente boa e adequada, energética, divertida e explosiva, não esquecendo também e mais uma vez (especialmente com o tema de Ennio Morricone) a cultura pop e a visão e arrojo que tantas vezes evocam Quentin Tarantino.
Kick-Ass é certamente um dos filmes mais divertidos do ano, mas também competente na sua função. Pisca o olho a uma ou várias sequências e daqui se fica com o pensamento: será Matthew Vaughn (ou outro realizador) capaz de repetir o feito?
E se de início, toda a estética quase cartoonesca pode soar inadvertidamente bizarra para o espectador, a verdade é que depressa nos ambientamos no espírito subversivo que o filme destila largamente nos diálogos e em grande maioria das cenas. Propositadamente apelativo ao público teen, a ideia do anti-herói nascido de alguém com disfunções sociais e claramente com sentimentos de inadaptação (o verdadeiro adolescente) não é original, mas tem como propósito claro a identificação do espectador com a personagem. E resulta.
Embora pleno de estereótipos, na verdade Kick-Ass consegue manter o espírito inventivo e imaginativo por não esconder a sua veia amoral e subversiva. Moralmente condenável para muitos, a verdade é que apesar do bizarro da situação, a realidade a que somos submetidos diariamente não deixa de ser muito diferente da ficção do filme. De realçar a sátira com que somos brindados, em mais que uma cena do filme, aos mass media, à cultura youtube, aos noticiários e à forma explosiva com que os perfis sociais conseguem impulsionar alguém socialmente.
A violência explicitamente gráfica, os diálogos crus e sem filtros, fazem de Kick-Ass uma das maiores lufadas de ar fresco do ano cinematográfico. As sequências violentas são mais que muitas, mas também - dentro do burlesco de toda a situação - justificadas. Porque dentro do espírito do filme e que Matthew Vaughn consegue adaptar ao grande ecrã é do mais genuíno que temos visto. O realizador não deixou, em momento algum, que a sua criatividade (e claramente a obra original) fosse castrada, mesmo que isso tivesse acabado por lhe causar dificuldades na distribuição do filme.
Matthew Vaughn não é um realizador espectacular. A sua estética de videoclip em muitos momentos, pode acabar por irritar, bem como algum slow motion em demasia. É competente na câmara, mas melhor no argumento. A forma como constrói as personagens e as relações entre si é bastante boa, conseguindo criar comoção em momentos aparentemente impossíveis de tal acontecer. Mas é também - e sobretudo - o elenco que consegue elevar o filme. Falamos claro de Mark Strong, no papel de vilão mafioso, mas também de Nicolas Cage - numa sátira à figura do Batman, mas também do treino militar. Por outro lado, a revelação de todo o filme é a jovem Chloe Moretz. A sua personagem, Hit-Girl, é uma das melhores do ano e, arriscaríamos dizer dos últimos anos. Só ela faz jus ao título do filme e evoca em demasiadas alturas o espírito tarantinesco em Kill Bill. A forma extremamente dedicada e energética como a jovem actriz consegue fazer o espectador apaixonar-se pela sua personagem, faz de si alguém a ser seguido de perto nos próximos anos.
Também a banda sonora é igualmente boa e adequada, energética, divertida e explosiva, não esquecendo também e mais uma vez (especialmente com o tema de Ennio Morricone) a cultura pop e a visão e arrojo que tantas vezes evocam Quentin Tarantino.
Kick-Ass é certamente um dos filmes mais divertidos do ano, mas também competente na sua função. Pisca o olho a uma ou várias sequências e daqui se fica com o pensamento: será Matthew Vaughn (ou outro realizador) capaz de repetir o feito?
Classificação:
Eu diverti-me imenso com este filme. Também concordo que vale muito a pena ver.
ResponderEliminarO Nicolas Cage até imita o Adam West na sua caricatura de Batman :D
É um filme divertido mesmo. :) E gostei mesmo do desempenho de Nicolas Cage.
ResponderEliminarKiss-Ass anda numa boa onda de reviews..... um filme que tenho que ver brevemente.
ResponderEliminarEu acho que vais gostar muito!
ResponderEliminarApesar de clichés estereotipados, Kick-Ass vive desses mesmo e torna-se, como tu referes, uma lufada de ar fresco no cinema! Não foi tão violento como a BD mas foi o suficiente para ser entretenimento requintado! Entretenimento mesmo do melhor!
ResponderEliminarAbraço
Cinema as my World
Concordo, as reacções na antestreia foram extremamente positivas!
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