sábado, 19 de junho de 2010

A Verdade e só a Verdade, por Carlos Antunes


Título original: Nothing But the Truth
Realização: Rod Lurie
Argumento: Rod Lurie
Elenco: Kate Beckinsale, Matt Dillon, Vera Farmiga e David Schwimmer
Editora: Prisvideo

A Verdade e só a Verdade tem um fundo de parábola política e sobre a importância da defesa da possibilidade de dizer a verdade ao público, defender aqueles que o fazem e questionar o papel do governo ao intervir nesse processo.
Mas o filme faz dessa parábola uma intuição fornecida ao espectador que está muito mais envolvido com o drama pessoal das personagens.


É esse drama que mantém o espectador interessado num filme que é capaz de colocar em causa os sistemas de poder americanos.
É essa essência do Cinema e da sua relação com o espectador que o torna num objecto que não é apenas "teórico", mas é por completo um objecto pleno de emoção.


O filme, no entanto, não é linear, não é evidente, não é apenas a disposição das peças como elas parecem ser no início.
A surpresa final que "resolve" o filme dá toda uma outra carga moral e emotiva à personagem de
Kate Beckinsale e coloca as suas acções como algo diferente daquelas que vínhamos defendendo até ali.
A verdade é muito mais uma questão de perspectiva e interrogação do que de crença absoluta. Só quem duvida pode crer em algo e aqui, na verdade, todas as personagens duvidam de si mesmas e, por isso, crêem em si mesmas e nas suas acções.


A Verdade e só a Verdade é um filme dedicado às ideias. Ideias essas encarnadas pelos seus actores a quem Rod Lurie dedica uma atenção profunda.
O trabalho de Kate Beckinsale, Matt Dillon e Vera Farmiga é precioso e engrandece um filme que seria, de outra forma, simples demais para ter interesse.



1 comentário:

  1. Apesar de tudo gostei do filme, quando há tanto por onde escolher e tanto com má qualidade...até acho que este em questão tem os seus pontos positivos, tal como foi exposto e bem na crítica.

    Gostei particularmente da tensão ao longo do filme, das interpretações competentes e do argumento ainda assim bem conseguido. Na minha opinião, falha um pouco é na montagem e no ritmo, que consegue ser minimamente cativante (e muito por culpa das interpretações), mas peca por não ter mais dinamismo, mais altos e baixos, ou talvez mais complexidade na abordagem.
    Contudo vale a pena ver, sem dúvida, um bom entretenimento sobretudo em comparação com semelhantes que saem às dúzias!

    abraço

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