domingo, 8 de agosto de 2010

O Barão Vermelho, por Carlos Antunes



Título original: Der rote Baron
Realização: Nikolai Müllerschön
Argumento: Nikolai Müllerschön
Elenco: Matthias Schweighöfer, Til Schweiger, Joseph Fiennes e Lena Headey

A ficcionalização de uma figura histórica no cinema não é novidade, nem mesmo é uma má ideia em si mesma.
Fica-se, obviamente, de pé atrás com as inconsistências - históricas ou de carácter, sobretudo - mas se entendermos como um "E se..." podemos tirar algum prazer da produção em causa.


Porque é um prazer dar de caras com bi e triplanos no ecrã, cada vez mais rara que é a componente aérea da I Guerra Mundial no cinema.
Mas não nos basta vê-los passar, precisamos de sentir verdadeira emoção à medida que batalham.
Os encontros consecutivos entre o Barão e o aviador que o viria a abater têm alguma graça em terra, onde como inimigos partilham um entendimento cavalheiresco mas fariam mais sentido se no ar esses mesmos encontros fossem o oposto, intensos e sem regras, mas são breves e despachados como quem faz de propósito para acabar a conversar em terra.


Entretanto, a história de amor e a crescente consciência anti-bélica vão ganhando importância ao mesmo tempo que o retrato dos aviadores alemães como aristocratas a fazer desporto com um companheirismo genuíno desaparece.
Esse jogo de sentimentos inversos ao poder dilacerante dos disparos a rasgar o céu é um mais forte apontamento de consciência do que os discursos que vêem depois e é, igualmente, mais interessante do que a ficção corrida e convencional.


Um filme assim faz-se no e sobre o ar. O voo dos aviões e o comportamento de quem os comanda devem ser pura elegância e orgulho.
O preenchimento, o acessório em volta que, se julga, deve fazer a narrativa do filme tem muito menos interesse e, daí, a sua importância ocupar mais tempo de ecrã e afectar mais a paciência de quem esperava ver os aviões a ocupar os céus.




1 comentário: