quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Festival de Veneza 2010: Dia 1 e 2


Veneza volta ao seu glamour anual, com o Festival de Cinema a assumir o papel de um dos mais importantes da actualidade a gerar oscar buzz. Este ano temos uma direcção curiosa: Quentin Tarantino assume a posição de director, seguido de perto por nomes como o argumentista Guillermo Arriaga, os realizadores Arnaud Desplechin e Luca Guadagnino ou o compositor Danny Elfman, entre outros.



A noite de abertura do festival ficou marcada pela surpresa e pelo primeiro oscar buzz. Darren Aronofsky regressa ao certame para apresentar um dos mais ansiados filmes do ano e deslumbrou todos, com grande parte da crítica mundial a descreverem o filme com um grande e simples "wow". Foi com a delicadeza, frieza e intensidade que Black Swan arrebatou a audiência soltando comparações entre o realizador e grandes nomes como Roman Polanski e David Cronenberg. Um filme altamente estilizado no seu argumento e em todos os pormenores técnicos desde o guarda-roupa ao cenário. "Perturbador", "poderoso", "sexy" e "devastador" são alguns dos muitos adjectivos com que elogiam o filme. Mas é Natalie Portman que mais surpreende, passando do estatuto de estrela em ascensão para definitivamente uma estrela e uma das mais completas actrizes da actualidade, com um papel dilacerante. A actriz é apontada como uma das mais certas candidatas a uma nomeação de Melhor Actriz na próxima edição dos Óscares e das cerimónias de prémios que os antecedem.



Nessa mesma noite, cheia de estrelas, estreou também Machete, de Robert Rodriguez. Surpreendente? Não, nem por isso. É comum do cinema italiano e do festival de Veneza em não temer revelar os seus gostos, mesmo quando se trata de cinema de género ou ou cinema popular. Conforme revelado pelo director, Black Swan e Machete na mesma noite de estreia, deve ser visto como um compromisso do festival com o público e dar-lhe espectáculo e emoção. Quanto a Machete propriamente dito, há quem diga que é aquilo que The Expendables devia ter sido e não foi. Não surpreendeu nem arrebatou, mas entre sangue, moto-serras, muitos tiros, perseguições e cabeças rolantes, muito à moda do cinema de série Z... Machete conseguiu ainda deixar algumas mensagens e crítica políticas.



Ao segundo dia de festival, o filme chinês The Ditch, do realizador Wang Bing, foi anunciado como filme-surpresa do certame e introduzido na programação do mesmo, numa interessante co-produção portuguesa de Francisco Villa-Lobos e que foi mantido escondido do regime chinês até hoje. Mas nem só de boas surpresas vive este segundo dia em Veneza. Afinal Julian Schnabel trocou as voltas a quem esperava algo melhor vindo do realizador de The Diving Bell and the Butterfly (2007). Miral é a primeira desilusão do certame, apesar de instalar o debate político numa referência clara pró-Palestina. E apesar de ser um filme terno com a estrela de Slumdog Millionaire, Freida Pinto, não se instalou a emoção entre a crítica.



Norwegian Wood - o filme conseguiu os direitos para utilizar o nome de uma canção dos Beatles - inspirado num romance do japonês Haruki Murakami, convenceu pela estética e beleza dos cenários. E mesmo que tenha sido elogiado, o filme não passou a marca do mediano numa película que traz de volta Rinko Kikuchi (Babel e Brothers Bloom) aos cinemas.

1 comentário:

  1. Hmm as críticas que eu já li foram bastante entusiastas, é verdade, à excepção de alguns casos. E a imprensa italiana não "percebeu" o filme, ninguém de lá gostou.

    Agora o que eu achei curioso foi Natalie Portman ter tão boas críticas. É bom sinal, é um bom caminho para uma nomeação ao Óscar. É definitivamente uma possibilidade, mas ela vai precisar de muita sorte, um ano bom e que a interpretação seja mesmo WOW para conseguir uma nomeação. Porque mesmo que ela seja muito boa no filme, o género, o realizador e o próprio ano não são pontos favoráveis à actriz.

    As críticas que li de resto do "Norwegian Wood", do qual tinha grandes expectativas (afinal, é um Haruki Murakami!), foram más. Não muito más, mas medíocres para o que se esperava, tal como disseste. E do "Miral", bem, está tudo muito bem dito ;)

    Abraço,

    Jorge Rodrigues
    http://dialpforpopcorn.blogspot.com

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