segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Karate Kid, por Carlos Antunes


Título original: The Karate Kid
Realização:
Harald Zwart
Argumento:
Christopher Murphey e Robert Mark Kamen
Elenco: Jaden Smith e Jackie Chan

Não sou um fã do Karate Kid original, sobretudo porque ao longo dos anos a passagem consecutiva em televisão do filme e das suas sequelas fizeram com que se misturassem todos na minha mente, baixando consideravelmente a quantidade de boas memórias que o filme poderia ter.
Havia algum mérito, isso tenho de reconhecer, que as sequelas foram apagando.
Nesse aspecto, o melhor que posso dizer desta reinvenção em kung-fu é que reaviva o interesse na história original.


Seguindo os traços gerais do filme original, este filme não tem a frescura do original, como obviamente não poderia ter sendo um remake, mas também porque Harald Zwart se alonga um pouco demais.
Perante uma história de traços simples não era realmente necessário estar tanto tempo a construir o cenário para o confronto final, esse sim essencial e, felizmente, bastante mais bem gerido.
Sabendo o resultado final do filme e do torneio em que tudo desemboca, ainda assim o público fica imerso na tensão e energia desse mesmo torneio. É uma boa compensação pela demora anterior.


Mesmo assim, durante todo esse tempo que demora, o filme sabe aproveitar os belos cenários da China onde situou a história.
Os leves toques sobre a filosofia local podiam ser melhor explorados, mas o passeio pela China dá gosto de ver, sem se alongar para um bilhete postal desnecessário.
Harald Zwart, dono de um currículo duvidoso (para dizer o mínimo) consegue fugir a críticas nesse aspecto.


A comparação entre os dois filmes tem de chegar sobre as duas figuras que o potagonizam.
Mr. Han não tem metade do carisma de Mr. Miyagi mas a aplicação de Jackie Chan é digna de nota, sobretudo por vir num registo pouco habitual nele e no qual ele consegue um belo trabalho.
Isso não invalida que o drama de Mr. Han seja desnecessário neste filme e que o seu estatuto de mentor fique um pouco aquém do que o tornaria numa figura memorável.
Já Jaden Smith tem muito mais presença do que Ralph Macchio. Jaden Smith, apesar da sua pouca idade, enche o seu tempo de ecrã com grande perícia. Apetece dizer que se nota bem ser filho de duas estrelas.
Acima de tudo, o que vale é a química entre os dois protagonistas e isso demonstram ter bastante. O filme resulta também por aí.


O filme não deixa de me levantar algumas restrições quanto ao título, já que o kung-fu substituiu o karaté, e quanto à dureza, pois as crianças de 12 anos não deveriam estar sujeitas nem ser as culpadas do tipo de violência que se vê.
Suponho que estas sejam questões insuficientes para afastar o público e para afastar a dose de satisfação que o filme consegue gerar.



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