sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Review: Sherlock - Season 1


Sherlock Holmes, personagem que remonta ao ano de 1887, onde apareceu pela primeira vez em "Beeton's Christmas Annual" de Sir Arthur Conan Doyle e cuja primeira aparição num ecrã data de 1900, já percorreu tantas vezes o pequeno e grande ecrã que é quase difícil inovar. Depois de mais de 150 aparições onde surgiram Sherlocks do século XIX, filhos do Sherlock e herdeiros do Sherlock, chegou a era dos Sherlocks do século XXI. E esta é uma boa maneira de o trazer para o nosso século.

A BBC, conhecida pelas suas mini-séries de qualidade, não desilude com esta. A transposição da realidade do Sherlock dos livros para a realidade dos nossos tempos foi feita com uma imaginação digna do autor, é até possível achar que se Sherlock tivesse sido inventado neste século, ele seria assim. Sherlock traz-nos um perito em dedução que é viciado no telemóvel e aborrece-se se passar demasiado tempo sem poder investigar uma qualquer tragédia, um médico do exército que o ajuda que tem por nome Watson... e piadas de que são homossexuais. E diz-se por aí, que Sir Arthur tinha uma qualquer inclinação para insinuações do género nos livros.


De três episódios fazia-se uma mini-série com apenas dois: o segundo episódio é claramente mais fraco do que os outros dois e contribui muito pouco para o desenvolvimento da trama. E tendo em conta que cada episódio tem uma duração de cerca de 1h30, é algo que não é fácil de ver com entusiasmo: um episódio mediano de 20 minutos seria mau o suficiente. E é exactamente por este episódio que a série não se aproxima da excelência, contudo não me interpretem mal, noutra série qualquer aquele teria sido um episódio bom, mas perde muito por comparação, e numa série com apenas três episódios seria dispensável perder um desta forma.

Benedict Cumberbatch, que interpreta a personagem de Sherlock, fá-lo como acho que o próprio autor gostaria de o ter visto ganhar vida: astuto, atento aos pormenores e entediado com a mediocridade do resto da humanidade. Já Martin Freeman fica um pouco aquém do esperado, num papel um pouco apagado para um Dr. Watson, mas poderemos deitar as culpas disso ao próprio argumento, que delega em Cumberbatch quase todo o protagonismo, mantendo os restantes na sombra para que este se destaque.


De destacar, a originalidade no modo como se processam as interacções com os telemóveis a nível gráfico (penso que aqui apenas quem viu conseguirá perceber) e o modo como os argumentistas conseguiram "piscar o olho" aos casos mais conhecidos da personagem Sherlock Holmes, como no caso de The Five Orange Pips. Ainda assim este Sherlock continua a ser o único ser humano capaz de enviar mensagens de texto para mais de 20 telemóveis e fazer com que todos a recebam no mesmo segundo.

De qualquer modo, Sherlock é uma mini-série de qualidade, que certamente terá o seu lugar nas nomeações ao prémios mais cobiçados dentro do género. E não admira também que se fale já numa possível segunda temporada a caminho.

1 comentário:

  1. Do melhor que vi em televisão nos últimos tempos! Aquele episódio piloto é fantástico!
    Segunda temporada prevista para Outono de 2011, de acordo com a própria BBC ;)

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