segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Só Eles!, por Carlos Antunes


Título original: The Boys Are Back
Realização: Scott Hicks
Argumento: Simon Carr e Allan Cubitt
Elenco: Clive Owen, Emma Booth, Laura Fraser, George MacKay e Nicholas McAnulty

Um melodrama todo ele no masculino, de aprendizagem entre pai e filhos a sós uns com os outros e com a perda generalizada que não sabem exprimir.
Um pai genuinamente interessado na felicidade dos seus filhos e no seu entendimento com eles.
Igualmente, um pai que não entende a distância que deve haver entre um pai e os seus filhos.
Guiando-os através do companheirismo e colocando-se no mesmo patamar deles, quando chega o momento de tomar decisões difíceis irá perder as estribeiras de forma mais violenta do que numa situação normal.


O tom é bem equilibrado, com momentos de afecto divertidos a reequilibrarem a violência da perda que o rapaz entretanto orfão de mãe exprime.
O seu desejo de morrer para estar com a mãe, desejo adiado para que tome conta do pai, é uma carga emocional pesada que marca o filme e que o pai tenta superar com a sua educação de liberdade.
Mas é essa educação tem um ponto fraco, pois não há sentido crítico nela envolvido. A felicidade é também, libertinagem e desresponsabilização.


Quando os dois filhos, o que tinha sido abandonado e depois trazido de novo para junto do pai e o que pretendia reencontrar a mãe morta, são conquistados pelo pai, tiveram de aprender pela força da violência o desgoverno que uma educação assim gera.
A verdadeira aprendizagem dá-se somente no final, de forma mais acelerada do que o desejável perante o ritmo anterior do filme, mas pela consistência de Clive Owen unem-se bem os pormenores que o argumento do filme parece esquecer.


Não podemos comparar um melodrama destes aos que fazia Douglas Sirk, nem mesmo à revisitação de Far from Heaven, mas num ambiente difícil de manobrar como é o das relações familiares exclusivamente masculinas, o filme tem as suas qualidades.
Não deixa de ser um pouco manipulador, querendo convencer-nos pela ligeireza das emoções de um comportamente censurável, mas seria um filme difícil de concretizar sem que perdesse o interesse a meio e, por isso, merece a sua dose de elogio.



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