Regressamos hoje à rubrica A DVDteca Ideal. Desta vez é o blogger Pedro Ponte, redactor do Ante-Cinema, que nos revela quais os seus 10 DVD de eleição.
Jules e Jim (1962), de François Truffaut
Dr. Strangelove (1964), de Stanley Kubrick
Blue Velvet (1986), de David Lynch
Também uma escolha muito pessoal, ‘Blue Velvet’ (e o seu criador) foi um dos principais responsáveis pela obsessão que viria a desenvolver pelo cinema, daí ter-me acompanhado, e continuar a acompanhar até hoje. Capaz de chocar, frustrar e maravilhar, é em muitos sentidos o filme mais ‘Lynchiano’ já feito: surreal em imagens e ao mesmo tempo realista na forma como aborda temas como a sexualidade e a natureza boa vs. má do Homem, tudo isto com uma típica ‘small-town’ americana como cenário.
Annie Hall (1977), de Woody Allen
Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino
The Lion King (1994), de Roger Allers e Rob Minkoff
Trilogia Lord of the Rings (2001 – 2003), de Peter Jackson
Amélie (2001), de Jean-Pierre Jeunet
The Umbrellas of Cherbourg (1964), de Jacques Demy
Jules e Jim (1962), de François Truffaut
Qualquer lista destas, pessoal por natureza, teria sempre que começar com o meu filme favorito. ‘Jules e Jim’ é, quase tão bem como ‘Breathless’ de Godard, o epítome da Nouvelle Vague e de tudo o que Truffaut fez ao longo de três décadas. Um filme provocante, absurdamente romântico, idealista e trágico; simultaneamente uma ode à amizade e ao amor, bem como um estudo da natureza humana, recorrendo para tal ao velho mas nunca datado mecanismo do triângulo amoroso.
8½ (1963), de Federico FelliniUma obra absolutamente essencial para compreender não apenas o cinema mas também o processo criativo em si, incida ele sobre que forma de arte incidir. O facto de ‘8½’ ter nascido do bloqueio mental e crise de inspiração de Fellini e saído como uma das suas obras-primas é a prova viva de que apenas o acto de criar, de fazer – e não de pensar ou escrever sobre fazer – pode completar verdadeiramente um artista. Um autêntico devaneio auto-indulgente, construído como uma ratoeira mental - na qual qualquer pessoa devia encontrar-se presa pelo menos uma vez na vida.
Dr. Strangelove (1964), de Stanley Kubrick
Qualquer DVDteca ideal nunca o seria sem a presença de Stanley Kubrick. Sendo a grande maioria das 13 longas-metragens que este realizou obras imensamente influentes e definidoras de décadas e gerações, escolher uma seria um pouco como tirar à sorte. Deparando-se com a necessidade de o fazer, 90% dos cinéfilos provavelmente diriam ‘A Clockwork Orange’, ‘2001’ ou ‘The Shining’. O primeiro filme que me vem à cabeça quando penso em Kubrick é também o mais atípico da sua carreira: chama-se ‘Dr. Strangelove’ e é uma das coisas mais brilhantes já filmadas; uma criação nascida de um idealismo profundamente anti-guerra mas também de um humor do mais negro concebível.
Blue Velvet (1986), de David Lynch
Também uma escolha muito pessoal, ‘Blue Velvet’ (e o seu criador) foi um dos principais responsáveis pela obsessão que viria a desenvolver pelo cinema, daí ter-me acompanhado, e continuar a acompanhar até hoje. Capaz de chocar, frustrar e maravilhar, é em muitos sentidos o filme mais ‘Lynchiano’ já feito: surreal em imagens e ao mesmo tempo realista na forma como aborda temas como a sexualidade e a natureza boa vs. má do Homem, tudo isto com uma típica ‘small-town’ americana como cenário.
Annie Hall (1977), de Woody Allen
‘Annie Hall’ é frequentemente considerado o filme seminal de Woody Allen. Tal não acontece por acaso; tudo aquilo a que o nova-iorquino se dedicou estudar (por detrás do humor, das neuroses, do intelectualismo) está presente neste filme: um olhar memorável e hilariante sobre as relações contemporâneas.
Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino
Pode ser um cliché, mas um filme como ‘Pulp Fiction’ marca qualquer pessoa. Fá-lo de forma imediata pelo impacto que causa, mas também depois do seu imediatismo, ficando a pairar nas nossas mentes durante dias ou mesmo anos. Ironicamente moralista, tendo em conta o quão violento, sádico e profano consegue ser e pela forma como Tarantino se diverte genuinamente a ‘brincar’ com a facilidade do Homem em escolher a violência e o crime, mantém-se até hoje como um dos filmes mais solenemente realizados e escritos de sempre.
The Lion King (1994), de Roger Allers e Rob Minkoff
Todos nós temos aquele filme que nos marcou por ser o primeiro – no cinema, quero dizer. Vi ‘O Rei Leão’ no Natal de 1994 e dificilmente o esquecerei para o resto da vida. Expoente máximo (a par de ‘A Bela e o Monstro’) da segunda vaga da Disney, continua a ser exactamente o mesmo filme que foi nesse longínquo inverno: mágico, encantador, possuidor de valores familiares muitas vezes esquecidos e relevante para o crescimento de qualquer pessoa e para relembrar os que já cresceram de coisas importantes, muitas vezes esquecidas pelo caminho.
Trilogia Lord of the Rings (2001 – 2003), de Peter Jackson
Às vezes esqueço-me que já passaram 9 anos desde ‘A Irmandade do Anel’. O que me faz, por associação, esquecer que sou sortudo por ter visto esta trilogia num ecrã gigante pois, ao fazê-lo, assisti a um pedaço de história a ser feita. Muito mais um filme épico de 9 horas do que três de 3, fará para várias gerações futuras o que outros clássicos fizeram para as nossas.
Amélie (2001), de Jean-Pierre Jeunet
Absolutamente anti-cinismo, deliciosamente romântico e encantador. Uma autêntica dose de encanto e pura inocência, cada vez mais raros nos dias de hoje.
The Umbrellas of Cherbourg (1964), de Jacques Demy
Como alguns convidados anteriores, não queria deixar o género do Musical de fora, mesmo não o apreciando particularmente. Mas, por respeito a ele e ao que já produziu, não há nada como optar pelo meu favorito; francês até à medula no seu romanticismo e intemporal, apesar de constantemente agridoce.
Uma DVDteca admirabilíssima. JULES ET JIM é o melhor filme que já vi. BLUE VELVET é Lynch essencial, O REI LEÃO o mesmo pra Disney!
ResponderEliminarSó tenho uma coisa a dizer quanto a esta DVDteca: ADMIRÁVEL.
ResponderEliminarAdoro TODOS os títulos que o Ponte escolheu, em particular "8 1/2", um dos meus filmes favoritos de sempre. Já sabia que íamos ter aí um Kubrick (interessante a escolha do Pedro, uma vez mais; também sou biased para o "Dr. Strangelove", sendo difícil explicar porquê), um Lynch, um Woody Allen, O animado ("The Lion King") e "Lord of the Rings" (como qualquer cinema buff/geek de respeito deve ter).
Parabéns e cumprimentos,
Jorge Rodrigues
Escolhas x-cellents! Em especial Annie Hall, Jules et Jim, 8 1/2 e Blue velvet.
ResponderEliminarObrigado pelo feedback! Gostei muito de compilar esta lista (toda a gente sabe que ADORO listas), e aproveito desde já para agradecer o gentil convite do Split Screen. Foi difícil, e acabou naturalmente por incidir nos meus favoritos, apesar de ter feito os possíveis para que fosse também uma representação importante do cinema em si (daí ter incluído um musical). Em qualquer dos casos, acho estes 10 títulos absolutamente indispensáveis.
ResponderEliminarCumps e mais uma vez obrigado.
Aplausos, Pedro, aplausos. Destaco particularmente: The Lion King, Annie Hall, LotR, Dr. Strangelove, Blue Velvet, Pulp Fiction e 8 e 1/2.
ResponderEliminarDos referidos (ainda) só tenho na minha colecção a monumental trilogia do Senhor dos Anéis e o Pulp Fiction :-)
ResponderEliminarMuito agradecido, Diogo. São todos eles obrigatórios, a meu ver. E David, espero que esta singela contribuição te motive a adquirir mais alguns. :)
ResponderEliminarAbraços.