quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Foi assim que aconteceu - Série 1, por Margarida Ribeiro


Acho que os tempos áureos das sitcoms terminaram há alguns anos e, por isso, o sucesso de Foi assim que aconteceu me pareceu inesperado.
Mas há algo de diferente em Foi assim que aconteceu, algo que parece profundamente fora do sítio mas que resulta melhor do que poderíamos esperar.
Fora do sítio porque são escolhas que a uma primeira vista estariam talhadas para o falhanço, mas que surpreendem.
Senão veja-se…
A história de amor começa de trás para a frente, já temos o resultado e o nosso primeiro pensamento é “será que vai realmente ser interessante acompanhar isto?”.
O elenco parece recuperar actores em apagamento, gente que reconhecemos e nunca mais pensámos vir a ver a trabalhar em série de grande público.
O argumento tem muito menos piadas do momento do que seria de esperar para uma comédia romântica a precisar de conquistar público episódio a episódio.
Só que depois constatamos que as nossas primeiras ideias são erradas.
O truque de como a história começa a ser narrada é tão evidente que não é nenhum engano, é mesmo a forma mais inteligente de nos lançar o anzol.
O elenco tem uma dinâmica de conjunto fantástica e é impressionante como andaram a desperdiçar actores assim em más sagas.
O argumento não faz piadas fáceis – embora tenha muitas tiradas fantásticas – porque tem um sentido de comédia mais lato, uma que nos coloca um sorriso na boca logo ao primeiro minuto e que só nos dá a gargalhada quando todo o episódio chega ao fim.
Suponho que seja a própria estranheza da série, que se vai desenvolvendo com o passar do tempo, que lhe dá um sabor diferente, capaz de fazer reviver a melhor tradição de Friends com identidade própria.

Edição por Carlos Antunes

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