segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Que mais quero eu, por Carlos Antunes


Título original: Cosa Voglio di Più
Realização: Silvio Soldini
Argumento: Silvio Soldini, Doriana Leondeff e Angelo Carbone
Elenco: Alba Rohrwacher, Pierfrancesco Favino e Teresa Saponangelo

O título é uma inquirição que obriga os seus personagens a sondar a própria consciência.
O que mais quero eu, uma pergunta de dois significados, sobre o que desejar de seguida quando se parece ter tudo e sobre o que se deseja acima de tudo o resto.
A pergunta que tudo inicia e a pergunta a que tem de se responder no final.


A escolha entre o homem de mil e um recursos ou a família sólida mesmo em tempos difíceis e a excitação de uma nova paixão.
As vidas pacatas encontram o simples desejo e a oportunidade. A vontade cria-se logo depois, antes que a consciência possa entrar em cena.
Que mais quero eu persegue a afectação pacata das vidas reais, o realismo de como a diferença no estado da vida de cada um dos intervenientes os puxa mais ou menos para dentro da nova relação. E como, depois, os empurra de novo para fora dela.


Alba Rohrwacher e Pierfrancesco Favino, os protagonistas, são duas caras que já se tornaram reconhecíveis.
São, também, dois óptimos actores que dão um aroma intenso e fresco a uma história velha como o próprio cinema.
Uma história bem executada, bem escrita, agradável de acompanhar e que prevalece ao conhecimento prévio que temos do destino das personagens.


Retrospectiva 2010: As melhores cenas

O cinema é feito de pormenores, pequenos detalhes que podem fazer toda a diferença. Nesse sentido, fazemos agora uma compilação das melhores cenas do ano. A dificuldade? Encontrar vídeos (especialmente em boa qualidade) que confirmem essa escolha, pelo que em alguns casos não foi possível encontrar a cena correspondente. A lista tem ordem aleatória e os filmes estrearam comercialmente em Portugal durante o ano 2010.


O Segredo dos Seus Olhos | Despedida na estação de comboios


Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 1 | "Obliviate"
(clique na imagem para ver o vídeo)


Toy Story 3 | O Incinerador


Bright Star - Estrela Cintilante | Quarto de Borboletas


A Origem | Luta "gravidade zero"
(clique na imagem para ver o vídeo)


O Escritor Fantasma | Cena final


Scott Pilgrim Contra o Mundo | The Katayanagi Twins


Um Homem Singular | Sala de Aula


Cópia Certificada | Retocar a Maquilhagem


Gru - O Maldisposto | "It's so fluffy, I'm gonna die"


O Americano | Sequência final


Machete | "Machete don't text"


Os Miúdos Estão Bem | Monólogo de Jules


O Segredo dos Seus Olhos | Plano-sequência no estádio de futebol


Eu Sou o Amor | Seduzida pela comida


Kick-Ass - O Novo Super-Herói | Cena de luta da Hit Girl


Anticristo | O Prólogo


Deixa-me Entrar | Acidente de carro


Harry Potter e os Talismãs da Morte | Conto dos três irmãos


Canino | Dança


Uma Noite Atribulada | Cena do restaurante


Estado de Guerra | Explosão em slow-motion


Um Homem Singular | Carlos


Harry Potter e os Talismãs da Morte | Dança ao som de Nick Cave

Retrospectiva 2010: Os piores filmes

Um ano cinematográfico infelizmente não se faz apenas do melhor. Depois da lista com as maiores desilusões do ano, eis a lista daqueles que consideramos os piores filmes do ano. A verdade é que a maioria são do género de comédia, mas a escolha não tem que ver com o gosto pessoal para o género, mas sim para a má concepção de grande parte dos filmes cómicos que chegam ao circuito comercial português.


Dia dos Namorados


Kiss & Kill - Beijos & Balas


Jacuzzi - O Desastre do Tempo


Plano B...ebé


Em Roma


A Mulher do Viajante do Tempo


O Livro de Eli

Screen Actors Guild 2010: Os vencedores



Foram há pouco anunciados os Screen Actors Guild Awards 2010, numa cerimónia do sindicato de actores norte-americano. Sem grandes surpresas. Mas The King's Speech está cada vez mais próximo de ganhar o Óscar de Melhor Filme.

CINEMA

Melhor Actor
  • Colin Firth em The King's Speech

Melhor Actriz
  • Natalie Portman em Black Swan

Melhor Actor Secundário
  • Christian Bale em The Fighter

Melhor Actriz Secundária
  • Melissa Leo em The Fighter

Melhor Elenco
  • The King's Speech

Melhor Elenco num desempenho de acção
  • Inception

TELEVISÃO

Melhor Actor num Telefilme ou Mini-série
  • Al Pacino em You Don't Know Jack

Melhor Actriz num Telefilme ou Mini-série
  • Claire Danes em Temple Grandin

Melhor Actriz (Drama)
  • Julianna Marguilies em The Good Wife

Melhor Actor (Drama)
  • Steve Buscemi em Boardwalk Empire

Melhor Actor (Comédia)
  • Alec Baldwin em 30 Rock

Melhor Actriz (Comédia)
  • Betty White em Hot in Cleveland

Melhor Elenco (Drama)
  • Boardwalk Empire

Melhor Elenco (Comédia)
  • Modern Family

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domingo, 30 de janeiro de 2011

Henry Cavill é o Super-Homem de Zack Snyder



Depois de muita especulação digna de castings do género, a escolha final recaiu sobre o que já se havia falado: o novo Super-Homem seria alguém não muito conhecido e estaria perto dos 30 anos.

O britânico Herny Cavill, o Charles Brandon da série televisiva The Tudors, foi o escolhido para protagonizar o novo Superman: Man of Steel, do realizador Zack Snyder (300). Rumores anteriores falavam em John Hamm (Mad Men) e Joe Manganiello (True Blood).

O novo Superman será uma tentativa de dar um novo fôlego à história, depois do fracasso de Superman Returns (2006) e contará com Christopher Nolan (The Dark Knight) como mente criativa por detrás do projecto (incluindo produtor executivo e co-argumentista).

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Retrospectiva 2010: As maiores desilusões

Porque achamos que muitas vezes se confundem os piores filmes com as maiores desilusões, incluímos na nossa retrospectiva 2010, uma lista de filmes que nos desiludiram durante o ano. Muito culpa das expectativas que tínhamos perante o filme, do potencial desperdiçado ou do hype lançado pela crítica que não correspondia ao real. Não são necessariamente maus filmes, apenas não cumpriram o esperado. Os filmes estrearam comercialmente em Portugal durante 2010 e são listados por ordem aleatória.


Bright Star - Estrela Cintilante, de Jane Campion


Precious, de Lee Daniels


Invictus, de Clint Eastwood


Um Homem Sério, de Joel e Ethan Coen


Visto do Céu, de Peter Jackson


Millennium 2 - A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo, de Daniel Alfredson


Contraluz, de Fernando Fragata


Um Sonho Possível, de John Lee Hancock


Um Lugar para Viver, de Sam Mendes


Robin Hood, de Ridley Scott


Um Funeral à Chuva, de Telmo Martins


Gainsbourg - Vida Heróica, de Joann Sfar


O Americano, de Anton Corbijn


A Última Estação, de Michael Hoffman

Festival de Sundance 2011: Os vencedores



Com a aclamação do cinema indie, o Festival de Sundance tem sido um dos grandes percursores dos Óscares nesse campo. Mesmo em Janeiro, consegue trazer filmes suficientemente fortes para aguentarem a temporada de prémios. Foi o recente caso de Winter's Bone, GasLand e Restrepo, os três nomeados ao Óscar e provenientes dos vencedores de Sundance do ano passado. Este ano já foram anunciados os vencedores e destacamos especialmente Like Crazy, com Anton Yelchin, Felicity Jones e Jennifer Lawrence.

Grande Prémio do Júri (Documentário)
How to Die in Oregon

Grande Prémio do Júri (Ficção - Drama)
Like Crazy

Prémio do Júri (Cinema Mundial - Documentário)
Hell and Back Again

Prémio do Júri (Cinema Mundial - Ficção | Drama)
Happy, Happy

Prémio do Público (Documentário)
Buck

Prémio do Público (Ficção | Drama)
Circumstance

Prémio do Público (Cinema Mundial - Documentário)
Senna

Prémio do Público (Cinema Mundial - Ficção - Drama)
Kinyarwanda

The Best of NEXT!: Prémio do Público
to.get.her

Melhor Realizador (Documentário)
Jon Foy por Resurrect Dead: The Mystery of the Toynbee Tiles

Melhor Realizador (Ficção | Drama)
Sean Durkin por Martha Marcy May Marlene

Melhor Realizador (Cinema Mundial - Documentário)
James Marsh por Project Nim

Melhor Realizador (Cinema Mundial - Ficção | Drama)
Paddy Considine por Tyrannosaur

Prémio de Argumento Waldo Salt
Sam Levinson por Another Happy Day

Prémio de Argumento (Cinema Mundial)
Erez Kav-El por Restoration

Melhor Montagem (Documentário)
If A Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front

Melhor Montagem (Cinema Mundial - Documentário)
The Black Power Mixtape 1967 - 1975

Melhor Fotografia (Documentário)
The Redemption of General Butt Naked

Melhor Fotografia (Ficção | Drama)
Pariah

Melhor Fotografia (Cinema Mundial - Documentário)
Hell and Back Again

Melhor Fotografia (Cinema Mundial - Ficção | Drama)
All Your Dead Ones

Prémio Especial do Júri (Ficção Drama)
Olivia Colman e Peter Mullan em Tyrannosaur

Prémio Especial do Júri (Cinema Mundial - Documentário)
Position Among the Stars

Prémio Especial do Júri (Documentário)
BEING ELMO: A Puppeteer's Journey

Prémio Especial do Júri (Ficção | Drama)
Another Earth e Felicity Jones em Like Crazy


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Directors Guild Awards 2010: Os vencedores e um pequeno comentário sobre a luta The King's Speech vs. The Social Network



Neste momento da corrida, todos os prognosticadores de cerimónias de prémios cinematográficos, só têm uma certeza: que nada sabem. Se há umas semanas atrás se dava como garantido o Óscar de Melhor Filme para The Social Network e Melhor Realizador para David Fincher, agora as certezas não são tantas. The King's Speech começou desde cedo a vencer prémios: ganhou, por exemplo, o Prémio do Público no Festival de Toronto, que é conhecido por ser a melhor plataforma para os candidatos aos Óscares. Mas desde que começou a temporada de prémios, The Social Network e David Fincher pareciam dispostos e capazes de limpar tudo. Mas o filme britânico recebeu 14 nomeações aos BAFTA e 12 nos Óscares - o que por si só não significa nada, dada a nacionalidade do filme no caso dos primeiros e o facto de ser um filme de época dado a muitas nomeações em categorias mais técnicas, no caso dos segundos. Mas eis que chegam os PGA e The King's Speech vence um prémio que é 60% coincidente com o vencedor do Óscar e as dúvidas começam a instalar-se.

Ontem nos DGA, a situação repetiu-se e o filme sobre o rei gago venceu e Tom Hooper levou o prémio de Melhor Realizador para casa. Quererá isto dizer que The Social Network perderá o Óscar de Melhor Filme e David Fincher de Melhor Realizador? Agora a incógnita é certa e vem apimentar ainda mais esta corrida dada quase como garantida. A ser verdade, irá quebrar com uma certa actualidade que tem brilhado nos Óscares dos últimos anos: um feel good movie na era Obama e um filme sobre a guerra do Iraque. Mas por outro lado, factores de outra ordem podem estar envolvidos nesta inversão de ordem. David Fincher não é dado a mediatismo ou simpatias, nem a grandes campanhas de marketing sobre a sua pessoa e já afirmou publicamente não perceber todo o buzz gerado em torno de The Social Network. Além disso, o batalhão Weinstein tem grande influência na Academia e sabe como gerar hype.

Apenas seis vezes os prémios DGA não coincidiram com o Óscar de Melhor Realizador, por exemplo em 2002, o DGA foi entregue a Rob Marshall, mas o Óscar foi para Roman Polanski. Em 77% das vezes, o prémio de Melhor Realizador coincidiu com o de Melhor Filme, mas o contrário já aconteceu com, por exemplo, Brokeback Mountain e Crash. Contudo, raras vezes aconteceu um filme ganhar tantos prémios e não venceu o Óscar de Melhor Filme. The Social Network venceu no National Board of Review, National Society of Film Critics, LA e NY Film Critics (entre muitas outras associações), BFCA Critic's Choice Awards, Globos de Ouro, entre outos... Não chegará a vencer o Óscar? Veremos o que aconterá hoje nos SAG.

CINEMA

Tom Hooper por The King's Speech

TELEVISÃO

Telefilme/Mini-série
Mick Jackson por Temple Grandin

Série Dramática
Martin Scorsese por Boardwalk Empire | "Boardwalk Empire"

Série de Comédia
Michael Spiller por Modern Family | "Halloween"

Programa de Variedades ou Musical
Glenn Weiss por 64th Annual Tony Awards

Reality Shows
Eytan Keller por The Nex Iron Chef | "301"

Daytime Serials
Larry Carpenter por One Life to Live | "Episódio #10,687"

Programas Infantis
Eric Bross por The Boy Who Cried Werewolf

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sábado, 29 de janeiro de 2011

Retrospectiva: Os Melhores Actores

Focamo-nos agora nas nossas interpretações masculinas preferidas, tanto a nível principal como secundário. Foram apenas contabilizados filmes estreados comercialmente em Portugal durante o ano de 2010.

Actor Principal

1. Colin Firth em Um Homem Singular

2. Jesse Eisenberg em A Rede Social
3. Viggo Mortensen em A Estrada
4. Leonardo DiCaprio em Shutter Island
5. Adriano Luz em Mistérios de Lisboa
6. Luis Tosar em Cela 211
7. Michael Fassbender em Aquário
8. Ben Stiller em Greenberg
9. Andy Garcia em City Island - Segredos à Medida
10. Daniel Day-Lewis em Nove
11. George Clooney em Nas Nuvens
12. Max Records em O Sítio das Coisas Selvagens
13. Leonard Proxauf em O Laço Branco

Actor Secundário


1.Stanley Tucci em Visto do Céu

2. Andrew Garfield em A Rede Social
3. Jeremy Renner em A Cidade
4. Armie Hammer em A Rede Social
5. Christopher Plummer em A Última Estação
6. Pete Postlethwaite em A Cidade
7. Joseph Gordon-Levitt em A Origem
8. Mark Ruffalo em Os Miúdos Estão Bem
9. Peter Sarsgaard em Uma Outra Educação

Fantasporto 2011: Programação (I)



Depois do anúncio oficial da programação completa do Fantasporto 2011, passamos em revista alguns dos principais destaques do cartaz em pormenor, para o ajudar a decidir que filmes deve ir ver (a nossa sugestão principal são todos) durante o certame, com uma série de posts.


A Serbian Film (2009), de Srdjan Dragojevic

Uma das mais chocantes e controversas escolhas do festival vem da Sérvia, como o próprio nome indica. Diz quem já viu, que as cenas de uma violência explicita flagrante estão um passo à frente do conceito de torture porn e explorando mais os snuff movies. A polémica é tanta que o filme foi forçado a sair da programação já anunciada do Film 4 Frightfest, British Horror Film Festival e do San Sebastian Festival, onde mesmo sem ser projectado venceu um Prémio Especial do Público, pela liberdade de expressão. A Serbian Film conta a história de um ex-actor porno que se envolve nas filmagens de um snuff movie.


And Soon the Darkness (2010), de Marcos Efron

Amber Heard, uma das mais promissoras actrizes da actualidade que se tem especializado em scream queen, mas com uma natural competência, protagoniza o filme. Juntam-se ainda Karl Urban (Star Trek) e Odette Yustman (The Unborn) neste remake da década de 70. Estreado no American Film Market, conta a história de duas amigas de férias na Argentina que após uma discussão se separam. Mas quando Ellie (Odette Yustman) desaparece, Stephanie (Amber Heard) tem de a encontrar antes que anoiteça.


Bedevilled (2010), de Jang Cheol-so

Estreado no Festival de Cannes, chega-nos Bedevilled, primeira obra do sul-coreano Jang Cheol-so que fará parte da Secção Oficial do Cinema Fantástico e da secção Orient Express no Fantasporto 2011. Seguindo a temática da vingança habitual no cinema asiático, Bedevilled caracteriza-se por um ambiente rural, com personagens ambíguas e um retrato do pior do ser humano. Seguimos a história de uma jovem escravizada e abusada sexualmente e de uma sede de vingança que só pode resultar num banho de sangue.


I Saw the Devil (2010), de Ji-woon Kim

O realizador de um dos mais icónicos filmes de terror sul-coreanos regressa agora ao Fantasporto com o seu mais recente filme. Depois de A Tale of Two Sisters, que venceu quatro prémios no Fantasporto, I Saw the Devil conta com Choi Min-Sik (Oldboy) no elenco. No filme seguimos a história de um polícia que quer vingar a morte da noiva, assassinada por um serial killer.


Iron Doors (2010), de Stephen Manuel

Iron Doors, segue a história de um homem de meia-idade que acorda trancado dentro um cofre, sem saber como nem porquê lá foi parar. Sob luz fluorescente intermitente e sem água nem comida, a única coisa que tem do seu lado são algumas ferramentas e um rato putrefacto. Sem ser apoiar no torture porn ou no gore, Iron Doors é um thriller psicológico levado ao limite.



Dos produtores de Cela 211, chega um thriller de terror que segue um casal e a sua filha, após a mudança para uma nova casa. Mas três desconhecidos invadem violentamente a sua nova morada e tornam-nos reféns. Realizado por Miguel Ángel Vivas, que dirigiu a curta de terror portuguesa I'll See You in My Dreams, o filme é filmado num plano sequência por ordem cronólogica e sem se saber o que dali iria sair, mas focados especialmente no medo, levando os seus actores ao extremo desgaste.

Continua...

Denver Film Critics Awards 2010: Os vencedores



Os críticos de cinema da cidade de Denver revelaram quais os seus filmes preferidos do ano. The Social Network é o grande vencedor, sem quaisquer surpresas. Daft Punk vence a Melhor Banda Sonora por TRON: Legacy.

Melhor Filme
The Social Network

Melhor Realizador
David Fincher por The Social Network

Melhor Actor
Colin Firth em The King's Speech

Melhor Actriz
Natalie Portman em Black Swan

Melhor Actor Secundário
Christian Bale em The Fighter

Melhor Actriz Secundária
Melissa Leo em The Fighter

Melhor Filme de Animação
Toy Story 3

Melhor Argumento Original
Christopher Nolan por Inception

Melhor Argumento Adaptado
Aaron Sorkin por The Social Network

Melhor Documentário
Exit Through the Gift Shop

Melhor Filme Estrangeiro
Mother (Coreia do Sul)

Melhor Canção Original
If I Rise, por A. R. Rahman & Dido em 127 Hours

Melhor Banda Sonora
Daft Punk por TRON: Legacy

A Estrangeira, por Tiago Ramos



Título original: Die Fremde (2010)
Realização: Feo Aladag
Argumento:
Feo Aladag
O cinema alemão tem jogado nos últimos anos com a situação social do seu país. A sua posição geograficamente central permite-lhe funcionar como um posto intermédio entra a Europa oriental e ocidental, compartilhando fronteiras com mais países europeus que qualquer outro e tendo uma percentagem significativa de população com ascendência estrangeira. A população turca é precisamente a maior na Alemanha, daí que muita da filmografia vinda do país é influenciada por essa temática de multiculturalismo.



A Estrangeira, que teve estreia em Portugal na KINO – Mostra do Cinema de Expressão Alemã, é fruto dessa diversidade. A actriz austríaca Feo Aladag tem aqui o seu primeiro trabalho com assinatura própria, no papel de produtora, argumentista e realizadora preocupando-se com a temática da família, cultura, religião e etnia, dividindo-se entre a Turquia mais oriental – abordando a moral e crenças de uma família turca conservadora – e a cidade de Berlim ocidentalizada. Na verdade, A Estrangeira não é um filme de premissa ou estética originais. Pelo contrário, a sua banalidade entre inúmeros argumentos do género que têm surgido nos últimos anos, pode ser um factor contra a sua apreciação.

Mas a sensibilidade com que a realizadora cria o ambiente deve motivar ao visionamento do filme. Entre choros, silêncio, desespero e força de vontade, a meio conflitos emocionais e físicos, a câmara de Feo Aladag está sempre focada na protagonista. É íntima a ligação que criamos com uma forte personagem principal, mas também com as secundárias, contrastando com o distanciamento que temos sobre Berlim e Istambul. A construção da narrativa, sem ser propriamente original, resulta no filme em questão, começando com o final em segmentos e voltando ao início de forma a explicar a motivação de tal conclusão. É sentimentalista, dramático e sobretudo triste. É o olhar sobre uma luta pela independência, sem nunca fazer uma crítica frontal a uma religião, mas sim a uma mulher que não tem oportunidade de ser feliz. É simplesmente o choque entre a cultura alemã e a turca, onde a mulher tem poucos direitos mesmo numa geração que nasceu no ocidente.



Mas quem carrega todo o filme é a actriz Sibel Kekilli, alemã de ascendência turca e que já trabalhou com o conhecido realizador Fatih Akin em Head-On (2004). Anterior actriz pornográfica, de uma beleza exótica e de grande sensibilidade, Sibel Kebilli desenvolve no seu rosto toda a carga dramática da história da sua personagem. A sua energia e motivação permite ao filme ganhar uma envergadura que não lhe seria permitida se esta fosse ausente.

Já a realizadora Feo Aladag, para principiante, tem um trabalho competente. Atenta aos detalhes, o filme prima pela sua estética cuidada nomeadamente pela fotografia de Judith Kaufmann e pela banda sonora de Stéphane Moucha e Max Richter. Contudo, por vezes sucumbe ao sentimentalismo, não propiciando por vezes o ritmo adequado à história. Indicado ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro pela Alemanha, o filme não chegou aos nomeados finais, talvez precisamente por esses defeitos da história. Mas A Estrangeira é um belo e angustiante filme, retrato de uma Europa diversa e multicultural.



Classificação: