sábado, 23 de abril de 2011

IndieLisboa 2011: Destaques



Depois de uma extremamente bem sucedida edição com um recorde de 45 mil espectadores, o IndieLisboa 2011 prepara-se para inundar a capital de bom cinema. Porém, assombrado por cortes no financiamento do ICA e Turismo de Portugal, o festival apresenta este ano menos filmes em competição, se bem que não é por isso que o certame estará menos recomendável.

Este ano o IndieLisboa 2011 passeará por diferentes salas de cinema de Lisboa: além da Cinemateca Portuguesa, teremos ainda o Cinema S. Jorge, a Culturgest e o Teatro do Bairro. A oitava edição será dedicada ao realizador brasileiro Júlio Bressane, na secção Herói Independente, com exibição de 17 das suas longas-metragens, entre as quais Matou a Família e Foi ao Cinema (1969), Memórias de um Estrangulador de Loiras (1971), Cleópatra (2007) ou A Erva do Rato (2008). O cineasta e a actriz Alessandra Negrini estarão presentes no festival.

Grande destaque ainda para um espectacular e singular concerto da banda Tindesticks, onde vão apresentar ao vivo as músicas que fizeram para seis filmes da realizadora francesa Claire Denis, com projecção simultânea de imagens dos filmes. Este concerto que se repetirá poucas vezes no mundo visa promover a parceria entre a banda e realizadora com o lançamento mundial de uma caixa com a compilação das seis bandas sonoras, a 26 de Abril: Tindersticks - Claire Denis Scores 1996-2009.

O Split Screen apresenta de seguida alguns dos destaques do festival IndieLisboa 2011, que decorrerá de 5 a 15 de Maio:

Filme de abertura do festival na Culturgest, Carlos é uma obra de 330 minutos da autoria do francês Olivier Assayas, sobre a figura de Ramírez Sánchez que assume Carlos como o seu nome de guerra e torna-se no terrorista mais mediático dos anos 70 e 80, patrocinado por organizações opositoras dos Estados Unidos e Israel. O filme abarca 20 anos da sua vida, espelhando as suas transfigurações físicas e emocionais pelas mãos de Édgar Ramírez, que foi inclusive nomeado para o Globo de Ouro pela sua prestação. Embora de génese cinematográfica, o filme foi exibido como série televisiva, dividida em 3 partes no Canal+. Em Portugal terá antestreia no festival, para depois ter estreia comercial a 2 de Junho.

O jovem canadiano regressa ao IndieLisboa depois de J'ai tué ma mère (2009). Mais uma vez, Xavier Dolan escreve, realiza e protagoniza um triângulo amoroso que resulta numa intensão obsessão. A poesia e tiques visuais de Xavier Dolan continuam, quer seja pelo argumento, fotografia ou banda sonora, mas a verdade é que é impossível ficar indiferente à sua obra, tanto para o bem como para o mal. O filme foi exibido na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes e será o filme de abertura do IndieLisboa no Cinema S. Jorge.

Integrado na competição internacional de longas-metragens, O Céu Sobre os Ombros é um mockumentary que acompanha a vida de três pessoas que vivem à margem da sociedade: um transexual que se prostitui para financiar a sua vida académica, uma assistente de telemarketing e membro de uma claque de futebol, que integra o movimento Hare Krishna e ainda um aspirante a escritor que é sustentado pela mãe e mulher. Vencedor de diversas categorias no Festival de Cinema de Brasília 2010, entre as quais Melhor Filme, Prémio Especial do Júri, Melhor Argumento e Melhor Montagem.

Do autor da curta-metragem Skype Me (2008), chega América, um olhar burlesco e irónico sobre Portugal enquanto destino de esperança para os imigrantes, mas que acaba por se tornar num El Dorado falhado. Inserido na secção Cinema Emergente, o filme de João Nuno Pinto e da Ukbar Filmes abre assim a competição nacional com uma visão sobre a imigração ilegal.

O Barão (2010), de Edgar Pêra

O português Edgar Pêra apresentou O Barão no International Film Festival de Roterdão, um dos mais importantes festivais de cinema europeus, no início do ano. Protagonizado pelo actor Nuno Melo, o filme baseia-se na novela homónima de Branquinho da Fonseca e no seu conto "O Involuntário", retratando a vida de um barão ditador, arrogante, controlador, misógino e cruel, numa visão semelhante à do Drácula.

O Que Há De Novo No Amor? (2010), de Hugo Alves, Mónica Santana Baptista, Hugo Martins, Tiago Nunes, Patricia Raposo e Rui Santos

Seis olhares distintos, escritos e realizados por pessoas diferentes, sobre o amor e a sua especificidade. Seis amigos juntam-se todas as noites numa cave para fazer música, enquanto as suas vidas estão interligadas por paixões e desilusões amorosas.

Apresentado no Fórum do Festival de Berlim, uma secção experimental do certame, Swans conta a história de um pai que viaja até Berlim com o seu filho adolescente para que conheça a mãe que se encontra em coma num hospital. Co-produção luso-germânica, falada em alemão.

Viagem a Portugal (2010), de Sérgio Tréfaut

Depois dos documentários Lisboetas e A Cidade dos Mortos, o realizador Sérgio Tréfaut estreia-se na ficção com a história de uma ucraniana, detida pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, no aeroporto de Faro. O filme é protagonizado por Isabel Ruth e Maria de Medeiros.

O realizador de Quatro Noites com Anna causou polémica com este Essential Killing no Festival de Veneza onde estreou e que garantiu o prémio de Melhor Actor a Vincent Gallo, provocando inúmeras vaias dos jornalistas que assistiam à conferência de imprensa. O filme é um thriller sobre um homem capturado pelo exército americano no Afeganistão e transportado para uma prisão secreta na Europa. O filme conta ainda com a francesa Emmanuelle Seigner no elenco.

Também Christophe Honoré causou polémica, desta vez no Festival de Locarno, com o seu mais recente filme protagonizado pela estrela pornográfica francesa François Sagat. O cineasta francês desconstrói o conceito de masculinidade através da imagem viril do protagonista que se apaixona por um jovem realizador de nome Omar, mas que tem de aprender a superar a distância que os separa. Omar Ben Sellem e Chiara Mastroianni complementam o elenco.

Kaboom (2010), de Gregg Araki

Gregg Araki, um dos nomes mais sonantes do chamado Novo Cinema Queer, apresenta Kaboom: uma arrojada história que mistura conceitos de ficção científica e terror, com nuances tanto de comédia como drama, acerca da descoberta da sexualidade por um grupo de estudantes. Kaboom é uma viagem pop, cheia de cor, protagonizada por Haley Bennett (The Hole) e Thomas Dekker (Terminator: The Sarah Connor Chronicles).

A cineasta Kelly Reichardt regressa ao IndieLisboa, depois de Old Joy (2006) e Wendy and Lucy (2008), com um western centrado na conhecida passagem Oregon Trail, uma das rotas migratórias mais utilizadas nos Estados Unidos em 1845, protagonizado por Michelle Williams, a quem se junta Bruce Greenwood, Paul Dano e Shirley Henderson.

Depois de Chelsea on the Rocks (2008), o cineasta volta ao documentário com um retrato de sobre a Mulberry Street, onde o realizador vive e onde começou a sua carreira, servindo de décor para muitos dos seus filmes. Abel Ferrara regressa ao festival depois de no ano passado ter apresentado Napoli, Napoli, Napoli (2009).

Neds (2010), de Peter Mullan

Ambientado na tradição do realismo britânico Neds aborda a história de um menino, oriundo de uma família pobre e fracturada, num subúrbio de Glasgow nos anos 70. No extremo oposto estão os Neds, deliquentes que apadrinham John, depois de a sociedade lhe recusar uma oportunidade. Neds venceu a Concha de Ouro para Melhor Filme no Festival de San Sebástian 2010, onde também Conor McCarron foi considerado o Melhor Actor e que foi também considerado Jovem Actor Britânico do Ano pelo London Film Critics Circle.

Apresentado no Festival de Veneza 2010, Post Mortem regressa ao universo chileno no período de Pinochet, estudando o lado mais negro do ser humano com um requinte de terror, de uma forma bastante fria. Alfredo Castro - estrela de Tony Manero apresentado no IndieLisboa em 2009 - volta a surpreender no protagonismo.

Quentin Dupieux desafia o cinema de série-B com uma história peculiar: Robert, um pneu pequeno, com grandes sonhos, mas aborrecido com o mundo e que acaba por cometer crimes telepáticos, destruindo quem se atravessa no seu caminho.


3 comentários:

  1. Bela programação. Destaque para CARLOS, que é um grande filme (em todos os sentidos) e para a homenagem ao mestre Bressane. Sou muito fã de MATOU A FAMÍLIA E FOI AO CINEMA e de CLEÓPATRA.
    Abraço.
    Wallace.

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  2. Bom trabalho, já ajuda bastante na selecção dos filmes a ver, obrigado.

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