domingo, 26 de junho de 2011

Hanna, por Tiago Ramos



Título original: Hanna (2011)
Realização: Joe Wright
Argumento: Seth Lochhead e David Farr
Elenco: Saoirse Ronan, Cate Blanchett e Eric Bana

Quem esteve atento à curta, mas interessante, filmografia de Joe Wright, certamente lhe terá parecido que o seu foco deveria estar no género de época. Este pensamento, talvez irreflectido e precipitado, terá que ver com a comparação entre duas interessantes obras do género - Pride & Prejudice (2005) e Atonement (2007) - e uma menos bem conseguida e altamente criticada - The Soloist (2009). Por isso é natural que quando pensámos em Hanna como a sua incursão ao universo dos filmes de acção, a sensação era um misto de curiosidade e temor. Temor nada mais que injustificado, já que Hanna não fica a dever a alguns dos filmes de acção que inundam as bilheteiras durante o ano, com o bónus de introduzir alguma novidade na forma como a exibe, deixando a marca de Joe Wright como autor.

É precisamente a forma como assume as rédeas da história, que torna Hanna num dos improváveis grandes filmes do ano. O cuidado visual confirma a direcção tomada com os seus filmes anteriores, mas o experimentalismo e o arrojo visual são uma novidade. A banda sonora dos The Chemical Brothers celebra a adrenalina da protagonista em simultâneo (destaque para um remix de In the Hall of the Mountain King). A música acompanha a tensão intensa, tal como a câmara de Joe Wright se multiplica em movimentos abruptos e arrojados. Slow motion, shaky cam, split screens, planos curtos e música intensa podem ser escolhas cliché quando falamos num filme de acção, mas nas mãos de Joe Wright adquirem em simultâneo alguma sensibilidade rara no género. Ainda para mais porque a fotografia - agora em parceria com Alwin H. Kuchler também auxilia nessa sensibilidade, algo que já é apanágio no cinema do cineasta.

Mas embora o cineasta tenha muito mérito, poderia não ter resultado não fosse a competência de Saoirse Ronan, uma das mais promissoras actrizes da sua geração e que já tem uma nomeação ao Óscar de Melhor Actriz Secundária no seu currículo, precisamente em conjunto com Joe Wright. Além de assumir perfeitamente o papel de protagonista badass - que garante uma sensação cool ao espectador - a actriz consegue também oscilar entre uma ingenuidade comovente, assim como cenas de grande comic relief. Cate Blanchett e Eric Bana não estão mal, mas não chegam sequer perto da qualidade do desempenho da jovem. Um destaque para a subvalorizada Olivia Williams. Apesar da sua personagem ser secundária e sem grande importância para a história, o seu charme e inteligência são impossíveis de descurar.

O único problema é que o filme é longo demais para o argumento que tem em mãos. Uma história de acção high-tech à mistura com alguma ficção-científica, potencialmente interessante, mas que deixa demasiadas pontas soltas que, se bem utilizadas, poderiam servir para aumentar o mistério em redor da trama, mas que neste caso, a tornam inconclusiva. Porque se a primeira metade da história traz-nos uns interessantes rasgos de acção, quando equilibrada com uma narrativa mais ligeira e algo cómica, a dada altura, torna-se vazio e repentino. O que é pena porque se temos aqui um bom filme, poderíamos ter tido um excelente.

Classificação:

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6 comentários:

  1. Para mim, é o final que estraga o potencial deste filme. Contudo, concordo em muito no que dizes.

    Abraço!

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  2. Tens razão. E quando digo final, não é mesmo a cena final (também ela inconclusiva), mas a forma como a história é revelada, que na realidade é um pouco mal amanhada...

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  3. demasiadas pontas soltas que eram escusadas. Podia ter sido tão bem rematado o filme com mais algumas horas de filmagens... Mas gostei bastante sim :D

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  4. Precisamente! Há tanta coisa que ficamos sem perceber e com uma conclusão mal feita... mas é bastante bom, gostei.

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  5. Concordo com a ultima parte, eu fiquei esperando bem mais deste filme, a Saoirse foi ótima, me surpreendeu até, mas o filme se tornou cansativo, podiam ter colocado mais cenas de luta com a Saoirse, crio-se uma expectativa em cima e não se chegou nem perto, como você disse:
    "O que é pena porque se temos aqui um bom filme, poderíamos ter tido um excelente".

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  6. Eu não achei cansativo, mas tens razão quando dizes que podiam ter havido melhores e maiores cenas de acção!

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