terça-feira, 16 de agosto de 2011

Tinhas Mesmo que Ser Tu..., por Carlos Antunes


Título original: Leap Year
Realização: Anand Tucker
Argumento: Deborah Kaplan e Harry Elfont 
Elenco: Amy Adams, Matthew Goode e Adam Scott

Não sei se alguma vez o havia escrito ou não, mas Amy Adams é uma actriz suficientemente competente para se safar de forma distinta quanto lhe toca obrigação de ir interpretando a "girl next door". Isso, no entanto, parece ter deixado de ser verdade.
Com múltiplas nomeações ao Oscar de Actriz Secundária, esperaríamos que ela já não estivesse a fazer algo como Leap Year, uma comédia romântica que só tem um destaque positivo, John Lithgow. O facto de ele não surgir durante mais do que cinco minutos no ecrã deve esclarecer o quanto devemos ter este filme em conta.
Explorando o desajuste entre o par romântico, originários de dois países, dois tamanhos comunitários e dois estilos de vida completamente antagónicos,o filme segue por velhos caminhos que estão esgotados.
Há uma viagem que obriga à convivência entre os dois personagens, mas são mais os desvios desnecessários do que as paragens funcionais à história.
Para ter sucesso com um filme destes seria necessário acrescentar uma ideia inovadora à mistura, algo que desse um aspecto novo aos velhos clichés.
Aqui isso teria de ser o ambiente rural e caseiro da pequena aldeia irlandesa em que a protagonista se perde e encontra o novo homem da sua vida.
Os velhos que já fazem parte da mobília do pub local deveriam adicionar uma camada de sabedoria sentimental com um toque de corrosividade mas só têm uma ou duas frases e nenhuma delas acerta nessa intenção.
Até há um momento em que pensamos que haverá por ali um traço das comédias românticas da década de 1930, quando o par precisa de alugar um quarto a um casal conservador que espera que eles estejam casados. Dura pouco tempo essa expectativa, mas é o único momento que nos leva a retomar atenção a um filme que se poderia ver de olhos fechados para saber para onde pretende ir e como fará para lá chegar.
Para lá disso, o filme vai acrescentando detalhes inexplicáveis ao coração da história e acaba por esticar o fio narrativo ao limite para conseguir a transformação final dos personagens que seguimos até aí.
Se as comédias românticas pretendem ser filmes agradáveis de ver, Leap Year falha redondamente nessa intenção e vai acabar, como tantas outras, por ocupar as tardes televisivas de  domingo e ser frequentemente esquecida.


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