Título original: Le dernier vol
Realização: Karim Dridi
Argumento: Pascal Arnold e Karim Dridi
Elenco: Marion Cotillard, Guillaume Canet e Guillaume Marquet
Duas histórias atravessam o deserto do Sahara, a da mulher que procura o homem que ama e a do soldado que procura evitar o massacre de uma tribo tuaregue.
Duas histórias prontas a cruzarem-se por culpa de se passarem numa geografia comum mas que, como se verá ao longo do filme, estão condenadas a serem forçadas de encontro uma à outra numa ligação humana mais conveniente à ficção do que credível.
A história tem como o seu auge a emoção humana e como origens e propósitos diferentes se podem aglutinar, dessa forma fazendo a homenagem à resiliência humana comandada pelos mais nobres sentimentos individuais.
O humanismo supera o raciocínio militar que não tem em atenção as particularidades humanas do povo que querem integrar à força na identidade francesa.
O amor supera o bom senso e as convenções levando que a amante de um homem seja a única que o tenta resgatar.
Tragicamente, nenhum desses sentimentos é bem sucedido - nem ele evita o confronto, nem ela salva o homem que ama - e o que deveria ficar das suas histórias era a resistência ao inóspito deserto.
Mas isso é uma porção de filme que nada tem a dizer, fazendo-os atravessar as etapas habituais em que as suas vidas perigam para depois terminar numa salvação sem nada de grandioso nem de elucidativo.
Ainda para mais, o realizador não tem uma única ideia de como filmar o deserto, de como fazer algo mais do que preencher a maioria do espaço dos planos com dunas.
O deserto, o grande inimigo dos protagonsitas, nunca se agiganta para os diminuir e ameaçar. Parece demasiadas vezes uma paisagem convidativa.
O deserto nunca é uma personagem do filme, como raramente o são Cotillard ou Canet, afundados num rol de bons sentimentos discursivas, acções edificantes para com a História e lugares-comuns demonstrativos (talvez até realistas) mas pouco interessantes.
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