Realização: Béla Tarr e Ágnes Hranitzky
Argumento: László Krasznahorkai e Béla Tarr
Elenco: János Derzsi, Erika Bók e Mihály Kormos
Ainda o filme está a começar já nós fomos assombrados por uma imagem que nos perseguirá durante muitos anos. Uma imagem memorável e não a única, ao longo destas duas horas e meia de uma lição de cinema e uma oportunidade única de ver um filme de Béla Tarr (o último ao que diz) no grande ecrã de uma sala portuguesa. Essa sequência perturbadora parte para outras, onde temos sempre o vento, a uivar, a movimentar, a soprar, a fustigar, a embalar. O vento que persiste e actua como personagem omnipresente num regresso à monotonia rural, lenta, monocromática e repetitiva do cineasta em Sátántangó (1994). Um trabalho rigoroso e formal, hipnotizante mas nunca cansativo, penetrante e perturbador, através do método da repetição constante, que gera no espectador uma tensão claustrofóbica que nos confronta com um fim (apocalíptico?) e sem esperança.
O Cavalo de Turim é um filme sobre um fim. Epitáfio ou não da sua obra, explora o vazio manobrando a câmara como poucos ainda o fazem. Utiliza o som como factor crucial para explorar o que realmente importa: e o que importa não é tanto aquele cavalo castigado (naquele, repito, assombroso plano inicial) como as condições que levaram aquele homem àquele acto. Aqueles minutos iniciais servem para dar entrada naquele casebre temoroso e soturno, pobre e escuro, com o vento lá fora a rosnar, a bater e aqueles seis dias a passar numa sequência de actos monótonos e rotineiros que se revelam uma interessante alegoria (aberta a várias interpretações) sobre o fim, o nada, o vazio, o Ómega, o Apocalipse. Com um trabalho minimalista, onde o diálogo é basicamente ausente e onde o trabalho de fotografia (Fred Kelemen) é composto com todo o pormenor e atenção devido e onde quem na realidade fala é esse vento repetitivamente sinistro assim como o quotidiano daquelas duas personagens, que se assumem de imediato condenadas, o filme é um trabalho imersivo e soberbo, um canto do cisne claustrofóbico e ameaçador.
Elenco: János Derzsi, Erika Bók e Mihály Kormos
Ainda o filme está a começar já nós fomos assombrados por uma imagem que nos perseguirá durante muitos anos. Uma imagem memorável e não a única, ao longo destas duas horas e meia de uma lição de cinema e uma oportunidade única de ver um filme de Béla Tarr (o último ao que diz) no grande ecrã de uma sala portuguesa. Essa sequência perturbadora parte para outras, onde temos sempre o vento, a uivar, a movimentar, a soprar, a fustigar, a embalar. O vento que persiste e actua como personagem omnipresente num regresso à monotonia rural, lenta, monocromática e repetitiva do cineasta em Sátántangó (1994). Um trabalho rigoroso e formal, hipnotizante mas nunca cansativo, penetrante e perturbador, através do método da repetição constante, que gera no espectador uma tensão claustrofóbica que nos confronta com um fim (apocalíptico?) e sem esperança.
O Cavalo de Turim é um filme sobre um fim. Epitáfio ou não da sua obra, explora o vazio manobrando a câmara como poucos ainda o fazem. Utiliza o som como factor crucial para explorar o que realmente importa: e o que importa não é tanto aquele cavalo castigado (naquele, repito, assombroso plano inicial) como as condições que levaram aquele homem àquele acto. Aqueles minutos iniciais servem para dar entrada naquele casebre temoroso e soturno, pobre e escuro, com o vento lá fora a rosnar, a bater e aqueles seis dias a passar numa sequência de actos monótonos e rotineiros que se revelam uma interessante alegoria (aberta a várias interpretações) sobre o fim, o nada, o vazio, o Ómega, o Apocalipse. Com um trabalho minimalista, onde o diálogo é basicamente ausente e onde o trabalho de fotografia (Fred Kelemen) é composto com todo o pormenor e atenção devido e onde quem na realidade fala é esse vento repetitivamente sinistro assim como o quotidiano daquelas duas personagens, que se assumem de imediato condenadas, o filme é um trabalho imersivo e soberbo, um canto do cisne claustrofóbico e ameaçador.
Classificação:
E não é que a escrita melhorou?
ResponderEliminarAinda não percebi bem qual o seu problema contra a escrita deste blogue, mas apraz-me saber que vê melhorias em algum lado.
ResponderEliminarVocê não é o Tiago Ramos do Estoril? Tiago Manuel Martins ramos?
ResponderEliminarHmm, não.
Eliminardespertou.me o interesse, finalmente algum cinema nao comercial nas salas de cinema.. algum cinema culto, de autor.
ResponderEliminarParabéns pelo prémio "TCM Blog Award" para melhor crítica de cinema com este artigo.
ResponderEliminarMerecido, de facto.