Título original: Ruby Sparks (2011)
Realização: Jonathan Dayton e Valerie Faris
Argumento: Zoe Kazan
Elenco: Paul Dano, Zoe Kazan, Chris Messina, Annette Bening e Antonio Banderas
Argumento: Zoe Kazan
Elenco: Paul Dano, Zoe Kazan, Chris Messina, Annette Bening e Antonio Banderas
Brinca-se aqui com a ideia romântica da figura do escritor. Aliás, a figura estereotipada do escritor no cinema, um homem em ruptura consigo mesmo, incapaz de escrever. Brinca-se com a ideia da inspiração e com a capacidade idealista de dar vida a outros mundos e personagens. Ruby Sparks fá-lo de forma literal, sem se preocupar muito com a verosimilhança da história, sem se preocupar em encontrar um fio lógico que explique tal acontecimento. A narrativa surpreende-se tanto quanto o seu protagonista: não sabe como o faz, não há lógica nisso, mas é amor, talvez seja magia. E é esse encanto poético que faz do filme um trabalho peculiar, de volta ao inusitado universo dos realizadores de Little Miss Sunshine (2006), com argumento de Zoe Kazan e também protagonista da história, num encantador formato de realismo mágico. Entrando num domínio de comédia, num tom ridiculamente romântico (no bom sentido), o seu argumento flerta com a ideia da tendência para idealizar o parceiro ou a ideia da tendência masculina para controlar a figura feminina do casal. Um domínio estereotipado, mas que é construído de uma forma bastante suave. Na sua premissa base, o filme não é muito diferente de algumas histórias clássicas dos anos 90, onde era frequente a história do amigo imaginário ou uma versão (diferente) e como muito bem o protagonista recorda, de Harvey (1950). Mas o segredo está na forma como o equilibra num misto entre Woody Allen e Charlie Kaufman. Zoe Kazan surpreende pela capacidade em escrever um argumento tão delicado, mas sucumbe à tendência para prolongar em demasia a acção romântica da história para introduzir tardiamente o conflito na narrativa. Mesmo criando de longe, uma das melhores cenas do filme, é também aqui que nos apercebemos que esse conflito já deveria ter surgido há alguns largos minutos atrás, para potencializar o drama da acção e que tão bem encaixa na história.
Paul Dano comprova que é um dos melhores da sua geração, com uma versatilidade imensa e um jeito, passe o pleonasmo, desajeitado, que encaixa bastante bem na personagem. Zoe Kazan por outro lado, surpreende pelo carisma e vivacidade, e perdoem-me a provocação, demonstra que pode ser a nova Zooey Deschanel do cinema independente norte-americano, mas... com talento. Pena que o argumento desaproveite a personagem de Annette Bening, que merecia um tratamento melhor e um foco maior, que permitisse jogar com a ideia terapêutica lançada no início e potencializar ainda mais a personagem de Paul Dano.
Jonathan Dayton e Valerie Faris voltam a fazer bom uso da sua experiência na publicidade, aumentando exponencialmente o romantismo da narrativa com recurso a uma excelente banda sonora, equilibrada com a fotografia de Matthew Libatique. O trabalho é bom e recomenda-se, pena que Ruby Sparks - Uma Mulher de Sonho se perca, por vezes, naquele romantismo e ignore o potencial dramático que tem em mãos. Não deixa de ser contudo, uma das mais belas histórias - não sabemos bem se de amor ou apenas românticas - dos últimos anos.
Classificação:
Eu estou muito interessada em comer um bom boião de gelado enquanto vejo este filme. Onde é que eu o posso piratear?
ResponderEliminar(' ',)