terça-feira, 27 de novembro de 2012

Grupo 7, por Tiago Ramos


Título original: Grupo 7 (2012)
Realização: Alberto Rodríguez
Argumento: Alberto Rodríguez e Rafael Cobos
Elenco: Mario Casas, Inma Cuesta, Joaquín Núñez, Isabel Zayas, Julián Villagrán, Eduardo Tovar, Antonio de la Torre, Estefanía de los Santos, José Manuel Poga e Elías Pelayo

Em Grupo 7, a reconstituição daquela Espanha industrializada do final dos anos 80, sob o mote da preparação da cidade de Sevilha para a Expo 92, é o foco de maior interesse. Aquelas ruas tortuosas e labirínticas, caoticamente organizadas e repletas de tráfico de droga, fora da visão romântica dos turistas, dão o tom correcto ao filme que se foca numa unidade policial espanhol de combate à droga, criada para limpar a cidade a tempo da Exposição Universal de Sevilha. O mesmo tom desinspirado que a lente de Alex Catalán e a banda sonora de Julio de la Rosa tão bem captam e que o realizador consegue revelar de forma francamente fácil a nível visual. Mas o maior problema é que, quando ganha vantagem em mostrar-se tão competentemente visual, perde ao evidenciar as falhas narrativas. Apesar da escalada de violência que torna o filme positivamente cru e intenso em alguns momentos, Grupo 7 recorre excessivamente ao uso dos lugares-comuns e às personagens cliché e a um tipo de interpretação nem sempre genuíno, mas mais preocupado em refugiar-se em típicos padrões do género. Entre as personagens perturbadas pelo passado, às que se deixam aprisionar pelo poder e pela corrupção circundantes, há frequentemente uma tentativa de forçar o mecanismo, replicando fórmulas do género, especialmente as dos filmes policiais dos anos 80.

É verdade também que parte dessa ambiguidade moral é o melhor que o filme tem a trazer: há um momento de dança entre um polícia e uma prostituta imageticamente poderoso ou uma jovem problemática maravilhosamente interpretada por Lucía Guerrero. Mas nem sempre esses momentos são suficientes para transmitir a força necessária ao filme que perde força a dada altura, especialmente por tentar forçar a história épica de gangsters contra polícia, que é o que menos interessa nesta narrativa. Não há porém razão para descurar esta combinação entre realismo social e o submundo da corrupção policial e política, num retrato seco e violento de uma Espanha pós-franquista, excessivamente voraz e que talvez possa fornecer detalhes do início da crise, económica e política, na Europa.


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