Realização: Walter Salles
Argumento: Jose Rivera
Elenco: Garrett Hedlund, Sam Riley, Kristen Stewart, Amy Adams, Viggo Mortensen, Steve Buscemi, Terrence Howard, Elisabeth Moss, Tom Sturridge e Alice Braga
Especialmente depois de um road movie tão interessante como Diarios de motocicleta (2004), a reunião do brasileiro Walter Salles e do porto-riquenho Jose Rivera para a adaptação cinematográfica do clássico de Jack Kerouac, aparentava ter tudo para dar certo. Mas a prova não comprovou a teoria por completo e não só por ineficiência do trabalho do realizador e argumentista. A bem da verdade, a própria obra original seria por si só difícil de executar: apesar do extremo valor para a literatura e da sua visão geracional interessante, a ambiguidade existencial e o carácter filosófico de grande parte da escrita alertam de imediato para uma falta de potencial visual. Mas é precisamente no carácter visual que Pela Estrada Fora tenta ganhar pontos (conseguindo-o até): destaque para a tendência poética e lírica da câmara, com uma fotografia saturada de Eric Gautier (Into the Wild) e uma banda sonora atmosférica de Gustavo Santaolalla (Babel). São esses elementos evocativos da estrutura de road movie, junto com a capacidade de, em dadas alturas, captar a essência do movimento Beat e das influências por si desenvolvidas que salvam grande parte do filme.
Porém, o problema figura na própria adaptação (dificilmente transponível, admitimos) que, ao recuperar o carácter episódico e tentar permanecer fiel à obra (não a ofendendo), perde a consistência narrativa em filme, deambulando entre cenas, sem transmitir a ligação emocional às personagens e à própria história. O próprio trabalho de montagem não beneficia em nada, não permitindo ao espectador conectar-se à narrativa, falhando na emoção que deveria transmitir. E mesmo quando tenta revelar-se espontâneo, o filme acaba por evidenciar um carácter demasiado estudado e académico que se torna falho na sua intenção. Vale-lhe especialmente o talento dos seus actores: com destaque para Sam Riley e Garrett Hedlund, bem como até Kristen Stewart a demonstrar-se capaz de uma prestação competente e madura.
Pela Estrada Fora teria potencial para ser cinematograficamente mais cativante se tivesse sido libertado dos grilhões do trabalho original de Kerouac. O argumento nunca consegue ir além da fidelidade ao livro, podendo ser corajoso e espontâneo onde opta por ser meramente respeitoso. Falha em captar a essência das personagens e as ambições filosóficas e existências da história, apesar de ser visualmente capaz de criar um discurso poético e etéreo, bem vindo neste trabalho. Mas dentro dessa competência falta-lhe a rebeldia tão característica da geração que o influenciou. Era essa que fazia falta.
Elenco: Garrett Hedlund, Sam Riley, Kristen Stewart, Amy Adams, Viggo Mortensen, Steve Buscemi, Terrence Howard, Elisabeth Moss, Tom Sturridge e Alice Braga
Especialmente depois de um road movie tão interessante como Diarios de motocicleta (2004), a reunião do brasileiro Walter Salles e do porto-riquenho Jose Rivera para a adaptação cinematográfica do clássico de Jack Kerouac, aparentava ter tudo para dar certo. Mas a prova não comprovou a teoria por completo e não só por ineficiência do trabalho do realizador e argumentista. A bem da verdade, a própria obra original seria por si só difícil de executar: apesar do extremo valor para a literatura e da sua visão geracional interessante, a ambiguidade existencial e o carácter filosófico de grande parte da escrita alertam de imediato para uma falta de potencial visual. Mas é precisamente no carácter visual que Pela Estrada Fora tenta ganhar pontos (conseguindo-o até): destaque para a tendência poética e lírica da câmara, com uma fotografia saturada de Eric Gautier (Into the Wild) e uma banda sonora atmosférica de Gustavo Santaolalla (Babel). São esses elementos evocativos da estrutura de road movie, junto com a capacidade de, em dadas alturas, captar a essência do movimento Beat e das influências por si desenvolvidas que salvam grande parte do filme.
Porém, o problema figura na própria adaptação (dificilmente transponível, admitimos) que, ao recuperar o carácter episódico e tentar permanecer fiel à obra (não a ofendendo), perde a consistência narrativa em filme, deambulando entre cenas, sem transmitir a ligação emocional às personagens e à própria história. O próprio trabalho de montagem não beneficia em nada, não permitindo ao espectador conectar-se à narrativa, falhando na emoção que deveria transmitir. E mesmo quando tenta revelar-se espontâneo, o filme acaba por evidenciar um carácter demasiado estudado e académico que se torna falho na sua intenção. Vale-lhe especialmente o talento dos seus actores: com destaque para Sam Riley e Garrett Hedlund, bem como até Kristen Stewart a demonstrar-se capaz de uma prestação competente e madura.
Pela Estrada Fora teria potencial para ser cinematograficamente mais cativante se tivesse sido libertado dos grilhões do trabalho original de Kerouac. O argumento nunca consegue ir além da fidelidade ao livro, podendo ser corajoso e espontâneo onde opta por ser meramente respeitoso. Falha em captar a essência das personagens e as ambições filosóficas e existências da história, apesar de ser visualmente capaz de criar um discurso poético e etéreo, bem vindo neste trabalho. Mas dentro dessa competência falta-lhe a rebeldia tão característica da geração que o influenciou. Era essa que fazia falta.
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