Começou hoje o período conhecido como pré-Fantas (habitualmente dedicado a retrospectivas), a preparar o público para as sessões competitivas do Fantasporto 2013 que se iniciam já na próxima sexta-feira. Hoje ainda com uma fraca afluência de público e com o Teatro Rivoli em fase de preparação do espaço para uma concorrida sessão de abertura, a direcção do festival optou por uma novidade: um filme-concerto, com o clássico de animação La planète sauvage (1973) a ser musicado ao vivo pela banda Beautify Junkyards.
Bela homenagem ao realizador francês René Laloux pela celebração dos quarenta anos deste clássico da ficção-científica e da animação. Uma oportunidade única de ver em grande ecrã uma obra requintadamente original (baseada no conto de Stefan Wul, originalmente publicado em 1957) e visualmente coerente, num estilo de desenho de assombrosas inspirações surrealistas. Da história futurista e por vezes bizarra (mas de grande coerência, com sólidos conceitos próprios a nível geográfico, físico e outros) retira-se uma deliciosa sátira à sociedade humana no geral e ao Homem em particular (à luz dos dias em que foi realizado, evocava ainda a ocupação russa na Checoslováquia). Uma crítica às relações interpessoais, ao conhecimento e ao preconceito, bem como a nossa relação com a Natureza. Um clássico de culto, visualmente assombroso.
Esta sessão foi musicada ao vivo pela recém-formada banda Beautify Junkyards (composta por membros dos antigos Hipnótica) com uma composição original, que consegue evocar bastante bem o visual surrealista da animação, com um bom ritmo e de uma forma musicalmente cativante. Porém, tem como problema a sua quase omnipresença durante todo o filme (por vezes até de forma excessiva), e apesar de "sincronizada" com a acção, por vezes não respeita o tempo da narrativa, não permitindo absorver os silêncios (também importantes) da mesma.
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