Título original: Gangster Squad (2013)
Realização: Ruben Fleischer
Argumento: Will Beall
Elenco: Sean Penn, Ryan Gosling, Emma Stone, Holt McCallany, Josh Brolin, James Landry Hébert, Mac Brandt, Jeff Wolfe, Robert Patrick, Michael Peña, Giovanni Ribisi, Anthony Mackie e Mireille Enos
Produção de estreia convulsionada (foi obrigado a uma reedição à última hora, devido a uma cena que poderia aludir ao tiroteio num cinema de Denver), Força Anti-Crime acabou por estrear apenas agora nos cinemas. Factores externos à parte e possíveis comparações ou alegações sobre as influências da violência no cinema, o filme adapta o livro homónimo sobre o mafioso Mickey Cohen, que dominou quase por completo a cidade de Los Angeles, na década de 40. O esforço do realizador em tentar um regresso aos típicos filmes sobre gangsters, com um tom de filme noir, é conseguido, com grandes evocações ao género, mas fá-lo obedecendo a uma cartilha de normas demasiado rígidas e que tornam este filme um sem fim de clichés particularmente exagerados e que apenas contribuem para o tom irrealista do mesmo. Na adaptação do argumentista Will Beal e na transformação para imagens por parte de Ruben Fleischer há tempo para tudo: o polícia com marcas de guerra e sentido de dever imaculado, ao mulherengo e revoltado com a morte de alguém querido, ao polícia com família que entra para o grupo para (e estou a citar) "compensar tantos músculos com um cérebro", ao mafioso ex-lutador e sem escrúpulos e todos envoltos em ambiguidades morais (tanto os polícias como os mafiosos), com direito a sotaques afectados (o caso de Sean Penn e Ryan Gosling são dois exemplos absurdos) e soluções visuais previsíveis.
Não deixamos de lamentar o fraco desenvolvimento narrativo, com personagens superficiais e sub-desenvolvidas que grande parte das vezes apenas servem para fazer deambular grandes actores - e o elenco está recheado delas - numa trama maioritariamente insossa. A direcção artística é curiosa, apesar de se servir dos clichés visuais, com figurinos atractivos, maquilhagem em tons de vermelho e cenários imageticamente ligados às nossas noções do género. Porém, esporadicamente há um punhado de cenas bem conseguidas e suficientemente divertidas: uma delas ao som de "Chicha Chica Boom Chic", de Carmen Miranda e outras envolvem personagens secundárias que mereciam destaque (caso de um pistoleiro Robert Patrick e uma Mireille Enos, com a melhor interpretação do filme, no papel da mulher astuta e inteligente do sargento O'Mara).
Há ainda um ponto curioso e talvez o único traço talvez original deste Força Anti-Crime (e já agora, uma tradução muito pobre e linear para o título original e que perde o carácter marginal da acção). Falamos da violência estilizada, com direito a slow-motions e um visual que aproxima muito o filme de uma banda-desenhada. Pena que o argumento não saiba trabalhar com isso ou que nem o realizador queira assumir por completo esse visual, sem medos. E é isso que nos perturba mais: como é que Ruben Fleischer desperdiça a originalidade e criatividade que conhecemos há uns anos em Zombieland (2009), num filme que sucumbe à previsibilidade.
Produção de estreia convulsionada (foi obrigado a uma reedição à última hora, devido a uma cena que poderia aludir ao tiroteio num cinema de Denver), Força Anti-Crime acabou por estrear apenas agora nos cinemas. Factores externos à parte e possíveis comparações ou alegações sobre as influências da violência no cinema, o filme adapta o livro homónimo sobre o mafioso Mickey Cohen, que dominou quase por completo a cidade de Los Angeles, na década de 40. O esforço do realizador em tentar um regresso aos típicos filmes sobre gangsters, com um tom de filme noir, é conseguido, com grandes evocações ao género, mas fá-lo obedecendo a uma cartilha de normas demasiado rígidas e que tornam este filme um sem fim de clichés particularmente exagerados e que apenas contribuem para o tom irrealista do mesmo. Na adaptação do argumentista Will Beal e na transformação para imagens por parte de Ruben Fleischer há tempo para tudo: o polícia com marcas de guerra e sentido de dever imaculado, ao mulherengo e revoltado com a morte de alguém querido, ao polícia com família que entra para o grupo para (e estou a citar) "compensar tantos músculos com um cérebro", ao mafioso ex-lutador e sem escrúpulos e todos envoltos em ambiguidades morais (tanto os polícias como os mafiosos), com direito a sotaques afectados (o caso de Sean Penn e Ryan Gosling são dois exemplos absurdos) e soluções visuais previsíveis.
Não deixamos de lamentar o fraco desenvolvimento narrativo, com personagens superficiais e sub-desenvolvidas que grande parte das vezes apenas servem para fazer deambular grandes actores - e o elenco está recheado delas - numa trama maioritariamente insossa. A direcção artística é curiosa, apesar de se servir dos clichés visuais, com figurinos atractivos, maquilhagem em tons de vermelho e cenários imageticamente ligados às nossas noções do género. Porém, esporadicamente há um punhado de cenas bem conseguidas e suficientemente divertidas: uma delas ao som de "Chicha Chica Boom Chic", de Carmen Miranda e outras envolvem personagens secundárias que mereciam destaque (caso de um pistoleiro Robert Patrick e uma Mireille Enos, com a melhor interpretação do filme, no papel da mulher astuta e inteligente do sargento O'Mara).
Há ainda um ponto curioso e talvez o único traço talvez original deste Força Anti-Crime (e já agora, uma tradução muito pobre e linear para o título original e que perde o carácter marginal da acção). Falamos da violência estilizada, com direito a slow-motions e um visual que aproxima muito o filme de uma banda-desenhada. Pena que o argumento não saiba trabalhar com isso ou que nem o realizador queira assumir por completo esse visual, sem medos. E é isso que nos perturba mais: como é que Ruben Fleischer desperdiça a originalidade e criatividade que conhecemos há uns anos em Zombieland (2009), num filme que sucumbe à previsibilidade.
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