Realização: Richard LaGravenese
Argumento: Richard LaGravenese
Elenco: Alice Englert, Viola Davis, Emma Thompson, Alden Ehrenreich, Jeremy Irons, Emmy Rossum e Margo Martindale
A chegada da saga Twilight aos cinemas reforçou o paradigma dos produtos direccionados para jovens adultos (que já era algo bem concreto na literatura, uns anos antes), com Hollywood a mostrar-se mais atenta a esse mercado e a providenciar uma série de adaptações cinematográficas de franchises literários de sucesso. Se acabou por se revelar um sucesso de bilheteira e de público, não é também menos verdade que não reuniu um grande consenso entre a crítica especializada (algo que parece apenas mais uniforme em fenómenos como Harry Potter ou The Hunger Games). Criaturas Maravilhosas surge nessa linha de mercado, à espera de um lugar bem sucedido a esse nível, à medida que algumas das mais populares sagas cinematográficas young adult chegam ao fim. A sua adaptação é também a primeira de um dos fenómeno que embora não inédito na literatura deste subgénero, começa agora a surgir em força (outras como The Raven Boys encontram-se já a ser preparadas para o cinema), introduzindo componentes mais paranormais.
De qualquer modo interessa saber qual a diferença que este Criaturas Maravilhosas fará face a essa linha. Não se espere algo inovador ou mais sério (temos que nos saber situar perante o produto e o seu objectivo), mas é também uma produção que não subestima a inteligência do seu espectador e oferece dois protagonistas mais próximos do seu público que os do romance de Stephenie Meyer e cuja análise mais profunda revelava padecer de graves problemas morais e sociais. Os seus protagonistas são mais próximos do espectador/leitor real, mais humanos, simples e até fisicamente bem mais normais e afastados do estereótipo de beleza contemporâneo, daí que a escolha do casting principal parece pouco óbvia, mas também interessante e eficaz. É verdade que principalmente Alice Englert oferece algumas fragilidades na sua interpretação, mais visíveis na fase inicial do filme, que deveria não existir, mas o seu desempenho vai crescendo à medida que a sua personagem também se desenvolve na trama. O mesmo acontece com Alden Ehrenreich (que Coppola revelou há uns anos em Tetro), bem mais carismático que a sua co-protagonista, mas também menos confiante e que por isso transmite uma interessante naturalidade e uma certa palermice, que têm de facto o seu charme.
O argumento não ajuda também muitas das vezes a fazer com que o filme assuma uma coerência narrativa maior, mas dentro das suas tramas lineares e estereotipadas, introduz de forma suficientemente competente temas como a magia, bruxaria e ocultismo, com interessantes e divertidas referências literárias (até algumas críticas políticas, ironicamente deliciosas). Mas o que o diferencia particularmente é o enorme talento do elenco secundário, com Viola Davis e Jeremy Irons a roubar muitas das cenas, com especial destaque para um papel delicioso por Emma Thompson e que facilmente faz valer todo o filme, com um desempenho soberbo e uma mensagem que evoca bem um certo (talvez estereotipado, é verdade) espírito sulista que permeia a narrativa. Richard LaGravenese não é um autor perfeito (aqui assume a realização e argumento), mas com um orçamento bastante mais reduzido soube fazer muito mais que outras grandes produções, fazendo de Criaturas Maravilhosas um divertido entretenimento.
A chegada da saga Twilight aos cinemas reforçou o paradigma dos produtos direccionados para jovens adultos (que já era algo bem concreto na literatura, uns anos antes), com Hollywood a mostrar-se mais atenta a esse mercado e a providenciar uma série de adaptações cinematográficas de franchises literários de sucesso. Se acabou por se revelar um sucesso de bilheteira e de público, não é também menos verdade que não reuniu um grande consenso entre a crítica especializada (algo que parece apenas mais uniforme em fenómenos como Harry Potter ou The Hunger Games). Criaturas Maravilhosas surge nessa linha de mercado, à espera de um lugar bem sucedido a esse nível, à medida que algumas das mais populares sagas cinematográficas young adult chegam ao fim. A sua adaptação é também a primeira de um dos fenómeno que embora não inédito na literatura deste subgénero, começa agora a surgir em força (outras como The Raven Boys encontram-se já a ser preparadas para o cinema), introduzindo componentes mais paranormais.
De qualquer modo interessa saber qual a diferença que este Criaturas Maravilhosas fará face a essa linha. Não se espere algo inovador ou mais sério (temos que nos saber situar perante o produto e o seu objectivo), mas é também uma produção que não subestima a inteligência do seu espectador e oferece dois protagonistas mais próximos do seu público que os do romance de Stephenie Meyer e cuja análise mais profunda revelava padecer de graves problemas morais e sociais. Os seus protagonistas são mais próximos do espectador/leitor real, mais humanos, simples e até fisicamente bem mais normais e afastados do estereótipo de beleza contemporâneo, daí que a escolha do casting principal parece pouco óbvia, mas também interessante e eficaz. É verdade que principalmente Alice Englert oferece algumas fragilidades na sua interpretação, mais visíveis na fase inicial do filme, que deveria não existir, mas o seu desempenho vai crescendo à medida que a sua personagem também se desenvolve na trama. O mesmo acontece com Alden Ehrenreich (que Coppola revelou há uns anos em Tetro), bem mais carismático que a sua co-protagonista, mas também menos confiante e que por isso transmite uma interessante naturalidade e uma certa palermice, que têm de facto o seu charme.
O argumento não ajuda também muitas das vezes a fazer com que o filme assuma uma coerência narrativa maior, mas dentro das suas tramas lineares e estereotipadas, introduz de forma suficientemente competente temas como a magia, bruxaria e ocultismo, com interessantes e divertidas referências literárias (até algumas críticas políticas, ironicamente deliciosas). Mas o que o diferencia particularmente é o enorme talento do elenco secundário, com Viola Davis e Jeremy Irons a roubar muitas das cenas, com especial destaque para um papel delicioso por Emma Thompson e que facilmente faz valer todo o filme, com um desempenho soberbo e uma mensagem que evoca bem um certo (talvez estereotipado, é verdade) espírito sulista que permeia a narrativa. Richard LaGravenese não é um autor perfeito (aqui assume a realização e argumento), mas com um orçamento bastante mais reduzido soube fazer muito mais que outras grandes produções, fazendo de Criaturas Maravilhosas um divertido entretenimento.
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