domingo, 21 de julho de 2013

A Batalha de Tabatô, por Tiago Ramos


Título original: A batalha de Tabatô (2013)
Realização: João Viana
Argumento: João Viana
Elenco: Mamadu Baio, Fatu Djebaté e Imutar Djebaté

Apesar de estar limitado por algumas tendências de primeira longa-metragem, A Batalha de Tabatô consegue ser um dos mais peculiares filmes de produção portuguesa dos últimos anos. Mesmo não deixando de lado um tom ingénuo, fruto daquilo que se vê que é sobretudo um trabalho apaixonado do realizador João Viana, o registo com que funde ficção e documentário é frequentemente dotado de uma inteligência vulgar. Visto como uma metáfora da situação contemporânea da Guiné-Bissau e sempre com um olhar atento ao passado colonialista português, não abdica de um olhar sentido sobre as consequências da guerra para um país e os seus habitantes. Aqui o foco é uma aldeia perdida onde todos os seus habitantes são músicos (um registo verídico que a curta-metragem Tabatô aborda), fazendo com que persista a ideia pop de "make love, not war" através da música como método de combate. Apesar das limitações características de um baixo orçamento e recursos técnicos, João Viana faz bom uso da plasticidade para criar uma narrativa muito própria, mesmo que demasiadas vezes acabe por roçar o amadorismo, assim como uma ficção/documentário visivelmente encenados.

O olhar de cineasta que João Viana transporta é suficiente motivo, contudo, para que A Batalha de Tabatô não caia na indiferença. A paixão, o interesse e cuidado do seu trabalho constroem aquilo que podia ser um "tiro ao lado" num objecto fílmico original e inteligente. Altamente simbólico, transforma todos esses elementos abstractos numa espécie de realismo mágico, raro no cinema português, consequência do modo como faz bom uso dos recursos históricos, geográficos, assim como o folclore do país. Faz-nos sobretudo ficar mais atentos ao nome de João Viana.


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