Por Joaquim da Silva.
Insuficiente. É, de longe, o melhor adjectivo que caracteriza a 4.ª temporada da série antológica de Ryan Murphy. Simplesmente insuficiente. Desde cedo se percebe que os episódios sofrem de graves problemas de coesão. As histórias são inacabadas, flutuantes, e muitas vezes nem sequer são adequadas à personagem que lhes dá vida.Verifica-se, ademais, um enorme e quase inexplicável sub-aproveitamento dos protagonistas, Elsa Mars (Jessica Lange), Bette/Dot Tattler (Sarah Paulson) e Jimmy Darling (Evan Peters). O principal vilão desaparece demasiado cedo (Twisty) e é substituído por alguém que faria muito mais sentido em American Horror Story: Asylum (o rico mimado tornado psicopata Dandy, interpretado por Finn Wittrock) do que em American Horror Story: Freak Show.
O destino dado aos personagens secundários é absurdamente discordante, com uns a terem mortes brutalmente gráficas e horrendas enquanto outros desaparecem apenas na névoa da noite, exemplo de Maggie (Emma Roberts) - serrada ao meio - ou Ma Petite (Jyoti Amge) - abafada sem ruído - respectivamente. Kathy Bates, que desempenhou brilhantemente a mais negra das personagens de American Horror Story: Coven, é relegada para um papel ridículo de ajudante subserviente de Elsa, posteriormente assassinada a sangue frio pela mesma, sem qualquer desconfiança por parte dos outros.
Destino idêntico é dado a Angela Bassett, da imortal rainha do voodoo Marie Laveau para a apagada esposa "hermafrodita" de Michael Chiklis, o homem forte e másculo do espetáculo, que acaba por se revelar homossexual ao se apaixonar pela personagem de Matt Bomer. (Really, Ryan Murphy? - Apesar de grande parte do público concordar que Matt Bomer é realmente um bom actor, o cliché do homem da caverna secretamente gay é demasiado óbvio para ser usado dessa forma numa suposta trama de terror).
Em suma, apesar do objectivo da temporada ser abrir uma nova perspectiva sobre o universo da série, e a ligação entre temporadas, assim como deixar pontas soltas que possam eventualmente vir a ser concluídas em temporadas posteriores, à semelhança da prolepse usada na história de Pepper (Naomi Grossman), American Horror Story: Freak Show deixa imenso a desejar. Só não se deseja que não acabe.
P.S.: Apesar da storyline, Dandy é talvez o personagem mais complexo e multifacetado da história, e o desempenho de Finn Wittrock é o mais brilhante e inteligente de todos os elementos do elenco. Parabéns.
American Horror Story: Freak Show (2014)
De Brad Falchuk, Ryan MurphyFX
Temporada 4
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