quarta-feira, 22 de julho de 2015

Exterminador: Genisys, por Eduardo Antunes


Título original: Terminator Genisys (2015)
Realização: Alan Taylor

Mais promessas de revitalização de um franchise em decadência desde os seus tempos áureos com uma nova entrada na saga Terminator. E com vídeos promocionais que parecem não ter aprendido com o passado, não se preocupando com o que o público espera da narrativa, será que terão conseguido estimular velhos e novos fãs para esta franquia?

Terminator Genisys é mais um caso que comprova o problema dos recentes blockbusters. Não que estes em si sejam um problema, como muitos autores afirmam, já que apelam a um lado de entretenimento que melhor capta a atenção do público generalizado, mas actualmente pecam de forma geral por não demonstrarem inteligência nas narrativas muitas vezes básicas e facilmente esquecíveis que apresentam.

A saga de Exterminador Implacável acabara com Terminator 2: Judgment Day. Não por uma questão de nostalgia, apesar da sua indiscutível qualidade, em particular na sua realização, mas precisamente pelos temas abordados no filme de 1991. Ao terminar com o fim da guerra que dava nome ao filme antes sequer do seu início, contraria a noção do primeiro filme de que o destino estava já traçado.
E o problema dos filmes posteriores é que contrariaram essa mesma ideia, incluindo esta última entrada. Ainda que isso fosse "necessário", para continuar a franquia (ou os seus lucros), não existe nenhuma inovação, preferindo este filme pegar em ideias superficiais como ligação à sua contemporaneidade, sem aprofundar estas ou temática mais interessantes e relevantes com os quais o público se consiga mesmo identificar, algo que James Cameron conseguiu de forma surpreendente, sem esquecer o entretenimento.

Logo à partida, será injusto comparar este aos filmes originários de Cameron, e enquanto entrava na sala de cinema não pretendia tecer quaisquer comparações. No entanto, o filme não se tenta completamente distanciar das suas prequelas, passando muitos dos seus momentos iniciais a relembrar filmes passados ao invés de imediatamente mostrar algo criativo e, de forma geral, novo. Isso notar-se-á logo à partida pela presença já esgotada de Schwarzenegger. Parece não haver a vontade de reimaginarem este universo de forma mais abrupta, preferindo usar as mesmas referências nostálgicas, como o poster acima demonstra bem.



Ao mesmo tempo, o filme não se destaca dos seus congéneres, jogando com as mesmas desinspiradas e genéricas sequências de acção que muitas vezes antes já se viram, e com efeitos visuais de extrema banalidade que em nada nos remetem para este universo.
Ainda assim, o filme não é totalmente desprovido de alguma ideias interessantes. Logo à partida a ideia preguiçosa de utilizar uma nova linha temporal é, igualmente, uma óptima oportunidade de explorar de uma nova forma aquela que terá sempre sido uma das grandes potências desta saga (apesar de não aproveitado o seu potencial).
Além disso, a personagem de Sarah Connor será sempre uma personagem interessante, não apenas por ser uma personagem feminina de forte carácter, o que não é usual neste género de filmes, mas também por ter alguma nuance na sua escrita.

Aqui, o facto de Sarah conhecer já o que é esperado do seu futuro torna a sua situação para com os eventos que acontecem mais peculiar. A sua inaptitude em se guiar por aquilo que sabe que deverá ser a sua vida, ao invés pretendendo criar o seu próprio destino, está aqui presente de uma nova forma - não ajudada pela imaturidade de forçar um comum romance, por entre desajeitadas trocas de olhares -, fazendo Emilia Clarke o seu melhor para interpretar esta personagem para lá do óbvio.
No entanto, Jai Courtney não ajuda a fazer-nos acreditar em Kyle Reese, parecendo meramente um homem perdido sem saber o que deve fazer, que troca os papéis dos protagonistas e subverte a interpretação orignal desta personagem mas sem oferecer nada de novo à mesma. 

Assim, um filme que se pretendia que fosse uma reimaginação de uma saga que se encontrava sem ideias novas, acaba por pegar em ideias antigas e outras superficiais, transformando-se, no final, numa desculpa para fazer dinheiro em mais filmes sempre iguais (visto até o final ser deixado em aberto para sequelas já planeadas). Nem Schwarzenegger, que no final parece deixar a oportunidade para alguém pegar na sua "personagem" para o futuro, se parece querer distanciar, e assim esta saga não conseguirá avançar numa renovada direcção. É altura de planear melhor as coisas.



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