segunda-feira, 3 de agosto de 2009

DVD: Shining, por Tiago Ramos



Título original: The Shining (1980)
Realização: Stanley Kubrick
Argumento: Stanley Kubrick e Stephen King
Elenco: Jack Nicholson, Shelley Duvall e Danny Lloyd

The Shining sofreu um daqueles acontecimentos raros, mas não únicos no mundo do Cinema. Em 1980 quando surgiu nos cinemas, sofreu do síndrome da subvalorização, com fracas receitas de bilheteira e uma má recepção por parte da critica em geral, inclusive duas nomeações para os Prémios Razzie, na categoria de Pior Realizador e Pior Actriz. Anos volvidos, Shining atingiu o estatuto de filme de culto, sendo considerado por muitos uma das melhores obras do realizador Stanley Kubrick e sofrendo assim o fenómeno contrário ao inicial: a sobrevalorização.



E não sendo um péssimo filme, Shining não é, com toda a certeza, um filme excelente, padecendo de uma péssima montagem e até de edição de som. O carácter de suspense que o filme tenta criar resulta positivamente até ao momento em que consegue irritar o espectador, com um argumento demasiado repetitivo, apesar de conseguir assustar em alguns momentos.

Se pensarmos na adaptação, verificamos que houve um bom trabalho em relação à obra original de Stephen King, mas na prática falhou na técnica apresentada de início ao fim. No plano interpretativo, Jack Nicholson tem um excelente trabalho, num retrato fidedigno e impressionante dos limites da loucura. É a transfiguração de um homem para algo superior ao humano, uma mudança assustadoramente bem conseguida. Pena que o seu par, a actriz Shelley Duvall não esteja à sua altura, apresentando uma infeliz performance ao longo de todo o filme, fazendo-nos perguntar se não terá sido um grande erro de casting.



Há certos momentos da película que, sendo marcantes para muitos e correndo o risco de ser aqui criticado, são para mim rídiculos e terrivelmente clichés, tais como o famoso REDRUM ou a voz que o jovem Danny Lloyd faz quando fala com o seu amigo imaginário.

Shining é (e reconheço-o) um grande marco do cinema do terror e muito que aqui foi apresentado tem sido repetido até à exaustão em películas do género. Mas não deixo de o ver como vítima de sobrevalorização.

Classificação:


Extras:



  • Documentário sobre os bastidores de Vivian Kubrick, "The Making Of The Shining"
  • Menus Interactivos
  • Índice de Cenas
  • Trailer



Classificação dos Extras:


5 comentários:

  1. Não posso mesmo estar de acordo. Para mim, The Shining é o melhor filme de terror de todos os tempos. É dos poucos que aposta na essência do terror e não no gore que prima pelas tripas a voar ou cabeças cortadas entre outras "criativas" situações. Além de ter apenas uma morte, assusta pelas próprias interpretações onde Nicholson oferece uma das melhores performances da história do cinema e pela realização fria e calculista não cedendo À tentação de tentar criar espaços claustrofóbicos. Além do mais é enigmático e acima de tudo verdadeiramente memorável. E não concordo quando te referes à montagem e edição de som.

    Mas claro, opiniões serão sempre opiniões.

    Abraço

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  2. Sim, fora vítima de um hype, mas considero-o mesmo uma obra-prima. A ambiência, os cenários, a interpretação assombrosa e a realização de Kubrick, formam um ciclo perfeito.
    Atribuira talvez o Razzie de Pior Actriz. Não suporto olhar para a cara de Shelley Duvall.

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  3. Fifeco,
    Concordo nessa essência e que conforme mencionei muitos tentaram repetir. Mas quanto à montagem e edição sonora são para mim irritantes ao longo de todo o filme...

    Jackson,
    Sim, essa é a mais evidente. Péssima! Não é por acaso que nunca mais teve um grande papel...

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  4. The Shining não é só uma obra-prima. É irrepetível. A cena do miúdo a andar de triciclo no corredor, em que estamos constantemente à epsera que algo apareça... Por mais que se vejaa a cena é sempre aterradora. Esse capacidade de levar o terror para o campo mental é rara. Fazê-lo desta maneira é coisa que está ao alcance de muito poucos. E Kubrick é excepcional nesse aspecto.

    O Stephen King queixou-se da adaptação. Considerou-a terrível. Anos depois fez parte de um remake do filme. Não era do piorio mas 5h e tal de filme não funcionaram da melhor maneira. Kubrick condensou todo o ambiente em pouco tempo - por comparação ao idiótico remake. Mas a verdade é que o Kubrick é um realizador muito mais marcante para o cinema do que algum dia o Stephen King será, como escritor, para a literatura. E ele era um verdadeiro perfeccionista. Respeito a opinião, mas não consigo perceber onde é que o Kubrick, em toda a sua carreira, fez uma má montagem.

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  5. P.,
    Não a consigo entender como uma obra-prima. Entendo como um marco do Cinema, com uma essência muito perto daquilo que reconhecemos como as origens do terror.

    Quanto à montagem parece-me demasiado abrupta por vezes, muito instável até em algumas cenas, com estranhos cortes que não ajudam em nada a melhorar o filme.

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