![http://www.indielondon.co.uk/images/7693.jpg](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_vnP-Vir32YpwkfS6eMCxVPkPcqYKi0nEzhnWsO1kes1tSeE79Ap4UpHqhT5j6dVwzj9KgTGYRVvo7MU-X-fo5sTlhpkBZg65YsNQGaqAc=s0-d)
Título Orginal: Michael ClaytonRealização: Tony GilroyArgumento: Tony Gilroy
Uma questão de genealogia.
A presença de
Sidney Pollack – como actor e produtor – é a evidência maior de que
Michael Clayton descende da genealogia de filmes políticos que se firmavam na década de 1970 como comentários políticos de enorme acutilância.
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_uUhz8akndHCcOZ1cEIiGJS8ACQZKpELZzuNB0kd4ObvFmZ5DgT5UTYC88rIF2Bg2t1dj8Jnk0tovaK2pHgb9jmrvAthLLedhzb_slColGrJAZBB0yIo63wT7X4UYe7dJ8X9H-I=s0-d)
Reclamando para o “combate” o espaço de relação entre as grandes corporações e os gabinetes jurídicos que os servem,
Michael Clayton reclama um espaço em que, tanto as movimentações globais como as motivações individuais estão expostas.
Um campo singelo e exigente.
Daí que valha a pena destacar o argumento que manobra e une com grande agilidade e coerência as relações e as matrizes individuais com as vontades e os mecanismos económicos.
Agilidade e coerência porque todos os traços originados desembocam e influenciam os restantes.
Se os indivíduos se movem por necessidades que – directa ou indirectamente – têm origem nas necessidades dos grupos que os comandam, são as relações entre eles – por mais ténues ou ilusórias que sejam – que, no limite, definem o que eles fazem e, por extensão, como serão vistos.
Dito de outra forma, a par do conteúdo interventivo liberal, há uma dedicação sincera às personagens.
Daí resultam três interpretações de enorme fulgor e qualidade.
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_si8B5n3Tv1hivNg2TZI5xQV-_MPN9C7L9EkreST7ukbztCiVT3-JMqJiAyV5dgpFjFk_8wFSfXdUJR5UuEmBtvAOpIoP1TIl8jmURZnUOLRh_BYBwoeAUCCFmheupMy42-HVVg=s0-d)
George Clooney (Michael Clayton),
Tilda Swinton (Karen Crowder) e
Tom Wilkinson (Arthur Edens).
Cada um deles é um elemento que compreende que está envolvido – mesmo imbuído – de um poder que não lhes deviam estar tão acessível. Mais do que isso, compreendem que esse poder atribui à vida humana um valor e é essa consciência que os leva a agir e a decidir.
Afinal, o valor do indivíduo é também o deles.
Por isso Karen Crowder decidirá por salvar o seu valor em sacrifício do de Michael Clayton e Arthur Edens.
Arthur decidirá salvar o valor dos que devia “destruir” em sacrifício do seu.
E Michael decidirá sacrificar o seu valor pelo valor de uma amigo mas para também afrontar o poder que lhe definiu o valor.
Em tudo isto nota-se a evocação do melhor de
Frank Capra enquanto reaccionário social.
Michael Clayton é um
Mr. Smith goes to Washington. Sem a inocência, pelo contrário, com boa dose de cinismo. Mas, ainda assim, o sujeito anónimo a minar o perpétuo esquema por dentro, a reivindicação de um poder individual capaz de afrontar o poder instituído.
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Com uma tal genealogia – directa a um génio, convenhamos – e com um thriller dinâmico como fundo,
Michael Clayton é um dos filmes que ainda exige de nós tanto quanto nos proporciona, um dos filmes que ainda exige ser visto.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKyQRgCdZheT89brzXwchCYXuoPM08SYew0S8E1RcCk2be7qDM5VmXFFYEbJBCNyYugwclMHQuNMYKIe3YcI7eU9ghbw_ML9DZ4qEGZx7QD-Q3DIigHMmZCqBy5zUNtombRTXHfyJv4BlQ/s320/3,5.png)
Publicado originalmente a 6 de Abril de 2008