domingo, 28 de fevereiro de 2010

Passatempo Experiência de uma vida

Experiência de uma Vida é um drama que segue a história verdadeira do Dr. Dennis Slamon, um médico que esteve na primeira linha de combate ao cancro da mama, mesmo quando as empresas famacêuticas lhe cortaram os fundos de pesquisa.
Apesar de ter sido feito para a televisão, o seu tema e o cuidado que lhe foi dedicado acabaram por o levar a ser exibido em vários cinemas dos Estados Unidos da América.
O filme conta com Harry Connick Jr., que recentemente vimos a contracenar com Renée Zellweger em De Malas Aviadas, e Amanda Bynes, a cantora e actriz que tem vindo a consolidar a sua carreira no ecrã desde que participou no remake de Hairspray, e chegou finalmente a Portugal no passado dia 24 de Fevereiro pela mão da Sony Pictures Home Entertainment.



Para ganharem um destes DVDs terão de dar a resposta correcta à seguinte pergunta.

- Qual o título da canção escrita por Harry Connick Jr. que faz parte da banda sonora deste filme?


Regulamento:
- O passatempo decorre até às 19:00 do dia 5 de Março, sendo excluídas todas as respostas que chegarem depois desse prazo.
- Para participarem terão de enviar um email para splitscreen.passatempos@gmail.com. Esse email deverá conter, além das respostas às perguntas colocadas, o nome completo e a morada do participante e uma identificação clara do passatempo a que se refere.
- Os premiados serão escolhidos de forma aleatória entre todos aqueles que apresentarem uma participação válida - com as respostas correctas e os dados solicitados - e a escolha será definitiva a menos que se apresente um caso de fraude.
- O nome dos vencedores será publicado neste blogue e os mesmos serão avisados por email.
- Só serão permitidas participações a residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.
- Os custos associados ao envio dos prémios ficará a cargo dos participantes.
- O envio dos prémios ficará a cargo do Split Screen, não sendo este responsável por quaisquer danos ou extravios dos mesmos.
- Em caso de não concordar com alguma destas regras, deverá abster-se de participar.

A Bela e o Paparazzo, por Carlos Antunes



Título original: A Bela e o Paparazzo
Realização: António-Pedro Vasconcelos
Argumento: Tiago Santos
Elenco: Soraia Chaves, Marco D'Almeida e Nuno Markl

Por muitas revoluções que se apresentem, é preciso admitir que o cinema actual é um descendente directo dos modelos - narrativos e de produção, mas não só - do cinema americano no tempo em que este ainda não era pensado senão pelo seu modelo comercial.
Daí que pareça natural que, finalmente, alguém tenha tratado de importar o modelo da "comédia romântica" para cá.

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As regras gerais são cumpridas, passeando os personagens por uma Lisboa feita pequeno idílio para o romance e dando-lhes a inevitável contrariedade de que terão de recuperar.
Mas ao mesmo tempo dá-se ao modelo uma dimensão reconhecidamente local, com o muito pouco discreto comentário social ou com uma resolução narrativa sem a artificialidade habitual, antes com uma forma de estar muito directa - e Portuguesa acredito eu.

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E António-Pedro Vasconcelos tornou o referencial ainda mais pessoal ao estabelecer o seu próprio espaço para falar da sua concepção do Cinema, aquilo em que ele é um especialista.
Fê-lo tratando com reverência os actores e o produtor, peças indispensáveis do filme, mas igualmente referenciando os filmes e os mitos que o formaram como público, algo que já vinha fazendo antes.

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A reverência para com os actores é, no entanto, o que de mais relevante fica neste caso. Não só porque estabelece um diálogo directo sobre as diferente exigências que o actor tem de enfrentar entre a televisão e o palco - os dois símbolos mais evidentes dessa diferença - mas também pela forma como extrai deles o melhor que eles têm a dar.
Todo o elenco está muito bem, mas é obviamente Soraia Chaves que se distingue.
António-Pedro formou uma actriz versátil de uma mulher que outros viram apenas como um corpo e ela toca na nota perfeita a mulher um pouco tola quando tem de ser apenas como sempre foi mas escondia à conta da invasão da sua vida privada.

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António-Pedro Vasconcelos contentou-se em contar uma história bem escrita onde pudesse falar das questões que o preocupam dentro do próprio cinema.
Isso não é mau, como não é mau aceitar que se podem colocar modelos comuns ao serviço do cinema em Portugal.



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DVD: Dot.com, por Tiago Ramos



Título original: Dot.com (2007)
Realização: Luís Galvão Teles
Argumento: Gonçalo Galvão Teles e Suzanne Nagle
Elenco: João Tempera, María Adánez, Marco Delgado, Isabel Abreu, Margarida Carpinteiro, Lia Gama, Pedro Alpiarça e Tony Correia

Crítica originalmente a 30 de Abril de 2009. Exibido na retrospectiva de Luís Galvão Teles, no Fantasporto 2010, dia 28 de Fevereiro, às 21h00, no Pequeno Auditório.

Numa altura em que se fala tanto de patriotismo, Dot.com é um comédia portuguesa, com certeza. Luís Galvão Teles recupera as crónicas de costumes, de uma forma que alia o tradicional e o moderno. Dot.com é a comédia improvável. É comum os portugueses dizerem que o cinema português não presta. A realidade, no entanto, é outra. Cada vez mais o cinema português é sinónimo de qualidade e Dot.com é a prova disso.



O filme conta a história de Águas Altas, uma pequena aldeia no interior de Portugal que subitamente se torna num caso nacional quando uma multinacional espanhola pressiona os aldeões para fechar o site da aldeia, precisamente o mesmo nome de uma marca de águas que os espanhóis querem lançar no mercado. A partir daí gera-se uma grande divisão na aldeia: há quem queira manter o site para garantir a soberania nacional, mas há também quem queira tirar partido de uma possível compensação financeira. Num abrir e fechar de olhos, a imprensa instala-se em Águas Altas para cobrir este caso que apaixonará Portugal, onde até o primeiro-ministro se envolve.

Dot.com não é perfeito, mas nem sequer o tenta ser. O filme conta com uma fotografia excelente, com cenários exuberantes (filmados na aldeia de Dornes, em Ferreira de Zêzere), que quase nos fazem acreditar num Portugal perdido e encantado. Luís Galvão Teles conta com uma comédia comum em termos técnicos, sem uma carga dramática que a suporte, mas ao mesmo tempo conta com um enredo muito divertido. O ponto alto de Dot.com é, essencialmente, o elenco de luxo. Grandes actores portugueses criam personagens muito divertidas, com diálogos interessantes e cómicos.


Dot.com foi escrito para as massas, de forma a chegar a todo o tipo de pessoas e efectivamente, consegue-o. O argumento é, por vezes, patético. No entanto, combina a modernidade da Internet com o Portugal rural tão conhecido, com as suas gentes, expressões e hábitos. A aldeia da discórdia – que apenas queria uma estrada que a ligasse ao mundo – torna-se ela própria o centro do mundo. No fim de todas as peripécias, sobra e resiste a portugalidade. Nas palavras do realizador, Dot.Com é uma «comédia cibernética rural».

Classificação:
Extras Edição Especial - 2 Discos:

  • First Cut - A primeira montagem do filme (140 min.)
  • Tesouradas - 14 cenas cortadas (21 min.)
  • DOT.COM In Progress - 2 Making Of, castings e entrevistas (124 min.)
  • Nas Bocas do Mundo - A campanha promocional (7 min.)
  • "Salvem o Nosso Site" - Apelos ao site (8 min.)
  • Floresta de Enganos - Gags e errors (17 min.)
  • Ao Pedro Alpiarça - Honenagem em imagens
  • A Aldeia e os Seus Habitantes - Os aqualtenses falam sobre o site (21 min.)
  • Antestreia - Domes / Águas Altas em dia de antestreia (8 min.)
  • Testemunhos de um Visionário - Depoimento do Arquitecto Gonçalo Byrne (10 min.)
  • Descubra por Si - Dossiê de imprensa, lista de diálogos, argumento e muito mais!
  • Curta-Metragem "O Outro Lado do Arco-Íris" (21 min.)

Classificação dos Extras:

Programação Fantasporto – 28 de Fevereiro

Na programação de hoje, destaca-se o ultra-gore Vampire Girl vs. Frankenstein Girl, dedicado a todos os fãs do trash cinema japonês. O Grande Auditório apresenta um cartaz de grande qualidade, onde se destaca o dinamarquês Valhalla Rising e o romance japonês sobre uma boneca insuflável, Air Doll.

Grande Auditório

15:00h - Valhalla Rising, Nicolas Winding Refn (2009 – Din) [trailer]


17:00h - Possessed, Je-Yong Lee (2009 – Cor Sul) [trailer]

21:15h - Air Doll, Kore-eda Hirokazu (2009 – Jap) [trailer]


23:30h - Dolan’s Cadillac, Jeff Beesly (2009 – EUA) [trailer]


Pequeno Auditório

15:15h – Retrato de Família, Luís Galvão Teles (1992 – Por)

17:15h – La Planète Sauvage, René Laloux (1973 – Fra)

19:15h – Vamipre Girl vs. Frankenstein Girl, Naoyuki Tomomatsu e Yoshihiro Nishimura (2009 – Jap) [trailer]


21:00h – Dot.com, Luís Galvão Teles (2007 – Por) [trailer]

23:00h – The Human Centipede (First Sequence), Tom Six (2009 – Hol/GB) [vídeo]
Curtas Portuguesas:
Closed, José Eduardo Peixoto;
Anestesia, Pedro Varela;
Gnosis, Leandro Ferrão


Nota: a programação apresentada baseia-se na informação disponibilizada pelos meios oficiais do Fantasporto, e pode estar sujeita a alterações.

Fantasporto 2010: Dia 6 - Breves considerações

Sábado foi um dia recheado de grandes filmes na programação do Fantasporto. Da minha parte, apenas consegui assistir a um deles (provavelmente o principal da noite). É sobre Thirst, do sul-coreano Chan-wook Park que falo, bem como da curta que o antecedeu: La Carte, de Stefan Le Lay. Breves considerações sobre The Descent: Part 2, First Squad e Loins of Punjab serão tecidas brevemente pelo Telmo Couto e actualizadas neste post.

La Carte
Stefan Le Lay apresentou em 2005 a sua curta-metragem Le baiser no Fantasporto. Este ano teve de novo a honra de apresentar a sua mais recente curta, uma divertida história de amor (?) entre duas personagens que vivem em diferentes postais. Com algum sadismo latente e grande originalidade, o realizador conseguiu garantir 8 minutos de puro entretenimento.

Thirst


O que se esperava de Chan-wook Park não era bem o que se viu. Culpa das expectativas. Mas não impede que Thirst (em Portugal receberá o sufixo Este é o Meu Sangue...) seja um grande exercício de estilo do realizador sul-coreano que nos trouxe a conhecida Trilogia da Vingança. Originalidade e arrojo na temática do vampirismo, com muita perversão à mistura. Tecnicamente é um filme bastante bom, com destaque para a belíssima fotografia (uma das melhores do ano até ao momento), com efeitos visuais encantadores na sua forma simples, mas acaba por pecar na forma de nunca passar do mero exercício estilístico, acabando por se tornar mais vazio no plano argumentativo. Brevemente este filme merecerá uma crítica alargada.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O Mensageiro, por Carlos Antunes

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Título original:
The Messenger
Realização: Oren Moverman
Argumento: Alessandro Camon e Oren Moverman
Elenco: Ben Foster, Woody Harrelson e Samantha Morton

Parecem dois anunciantes de morte, purgados de emoções e trajados de formalidade.
Na verdade são dois homens confrontados com as mais brutais e descarnadas emoções humanas mas presos na obrigatória compostura militar machista: os homens não falam sobre as suas emoções, cumprem as regras e engolem em seco.
Eles vivem as mesmas perdas que os familiares que procuram mas não a podem exteriorizar, para eles apenas existe um código de conduta que pretensamente os protege.
Mas vivendo por mil a dor de perder a pessoa que lhes é mais importante tem tem o seu preço.

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Ben Foster surge como o novato - e medalhado herói - que despreza este trabalho onde não se arrisca a vida, mas que rapidamente cede à dedicada preocupação de ver pessoas compostas a tornarem-se violentas ou estranhamente educadas quando ele lhes anuncia a tragédia pessoal.
Woody Harrelson passa por estas missões como um profissinal. Já deve ter visto vários novatos sucumbir à emoção bruta mas não se pode permitir tal luxo
Só que ele guarda uma fragilidade prestes a jorrar. A sua raiva transvestida de inconsequência é um parco mecanismo de defesa e é certo que, inevitavelmente, acabará por quebrar, sobretudo com o novo companheiro a devolver às pessoas a quem comunicam as mortes a existência humana sentida que Harrelson tinha conseguido esconder da sua mente.
Woody Harrelson é a alma do filme, numa interpretação verdadeiramente espantosa. Já o vimos fazer todo o género de papéis e ele ainda surpreende assim.

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Quando o filme se afasta de Harrelson e se aproxima do drama romântico torna-se menos interessante.
Ainda que carregando a inegável incapacidade das personagens fazerem sentido da situação que viveram um perante o outro e das obrigações que tal situação acarreta e mesmo com Samantha Morton interessantíssima como sempre, há uma quebra nessas alturas, como se não fosse genuína a preocupação de Foster a tornar-se em paixão ou, antes, como se fosse uma traição ao homem que verdadeiramente precisa de um companheiro já há tempo demais.

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O que interessa verdadeiramente é que estes homens vão a caminho um do outro, de uma aprendizagem ou de uma explosão mútua.
Um parece disposto a esquecer a farda para tocar o humano, outro parece incapaz de deixar de usar a farda como dique da emoção que os outros lhe transmitem.
Nenhum deles alguma vez escapará à exigência militar, mas superarão em privado o que a família militar nunca conseguirá apaziguar.


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Programação Fantasporto – 27 de Fevereiro

O grande chamariz da programação deste Sábado é, sem dúvida, o filme Sul Coreano Thirst, do realizador de Oldboy. O cartaz é bastante variado, sendo disso exemplo a animação First Squad e a comédia bollywoodesca Loins of Punjab. No Pequeno Auditório, a programação é dedicada principalmente ao cinema erótico e retro francês.

Grande Auditório

15:00h – The Descent: Part 2, John Harris (2009 – GB) [trailer]

17:00h – First Squad, Yoshiharu Ashino (2009 – Rus/Jap/Can) [trailer]


19:00h – Loins of Punjab, Manish Acharya (2007 – India) [trailer]

21:15h – La Horde, Yannick Dahan e Benjamim Rocher (2009 – Fra) [trailer]

23:15h – Thirst, Chan-Wook Park (2009 – Cor Sul) [trailer]
Curta: La Carte, Stefan Le Lay (2009 – Fra)


Pequeno Auditório

15:15h – Boudu Sauvé des Eaux, Jean Renoir (1932 – Fra)

17:15h – Tudo Isto é Fado, Luís Galvão Teles (2004 – Por)

21:00h – La Belle et la Bête, Jean Cocteau (1946 – Fra)

23:00h – Cet Obscur Objet du Désir, Luis Bunuel (1977 – Fra)


01:00h – The Bedroom, Hisayasu Sato (1992 – Jap) [vídeo]

Nota: a programação apresentada baseia-se na informação disponibilizada pelos meios oficiais do Fantasporto, e pode estar sujeita a alterações.

Fantasporto 2010: Dia 5 (Sessão de Abertura) - Breves considerações

A abertura oficial da competição do Fantasporto 2010 ocorreu hoje, com o espírito habitual do festival. Uma cerimónia quase informal, um estilo home made, mas que garante alguns momentos interessantes. Além dos comuns agradecimentos e da inevitável constatação da difícil situação económica do festival, destaque para a (divertida) presença de alguns robôs no palco, ou não fosse a 30.ª edição do Fantasporto, dedicada ao tema da robótica. Inevitável destaque também para a presença de algumas figuras importantes como o caso de Colin Arthur, um mestre na arte técnica de efeitos especiais, cujo trabalho pôde ser visto em obras como 2001: A Space Odyssey, o produtor Samuel Hadida e o realizador Michael J. Basset para apresentarem o seu mais recente filme: Solomon Kane. Não podemos deixar passar em branco a presença da Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas.

Solomon Kane


Uma obra que como fonte de entretenimento resulta bastante bem. Consistente no que diz respeito a aspectos técnicos, o filme prima pelos efeitos visuais, bem como os cenários. Solomon Kane é um soldado do século 16 que descobre estar condenado pelas suas acções brutais e cruéis. Assim, acaba por se ver a si mesmo como um redentor, salvando a sua alma e erradicando o mal da Terra. A nível argumentativo é uma obra mediana, sem grande excelência narrativa, acabando por se rodear de demasiados clichés do género fantástico e terminando com um final também bastante comum. Brevemente publicaremos uma crítica mais alargada ao filme.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Shutter Island, por Carlos Antunes

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Título original: Shutter Island
Realização: Martin Scorsese
Argumento:
Laeta Kalogridis e Dennis Lehane
Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Max von Sydow, Michelle Williams e Emily Mortimer

Shutter Island é a arte da manipulação e sem dúvida que dá gosto ser manipulado por um filme assim.
A música, os planos, a luz, a montagem, todos os elementos conspiram para nos fazer ceder ao ambiente que o filme faz transbordar da tela e assim no fazer seguir nas direcções que a narrativa pretende seguir.

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No que toca a envolver-nos na desconfiança inata a um thriller psicológico, Martin Scorsese conseguiu o seu propósito sem grande dificuldade desde a primeira nota, mas conseguiu muito mais do que isso.
Ele conseguiu manter-nos no interior de uma trama que não se simplifica nem dá escapatórias ao público senão mesmo no seu final e mesmo aí tudo se adapta ao que ficou para trás sem precisar de um artifício de lógica.

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A resolução do filme surge porque o olhar se mantem fiel à dimensão pessoal do que sucede, à importância que tem o indivíduo.
A manipulação existe na construção cinematográfica, na forma como o filme é pensado estruturalmente, as suas partes como forma indispensável de uma experiência que seduz e ludibria o espectador sem ter de sacrificar a lógica do argumento.
A história é sobre o sofrimento de um homem. Uma história intricada, mas com um sentido incorrupto e um significado mais importante do que aquele que muitos esperarão.

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Quando Teddy chega à ilha já traz uma certa perdição consigo, um desajustamento que é palpável mas cuja causa não se consegue precisar.
Magro demais e em claro desmoronamento físico, olha para a ilha como quem mede a dimensão do adversário numa luta de beco.
Esta personagem está em confronto com o mundo, um mundo confinado e de regras muito próprias, por isso mesmo mais opressivo ainda.
E como todas as personagens em confronto com o mundo, está afinal em confronto consigo mesmo, algo que chega a passar despercebido no seio da trama mas que retorna com força redobrada graças à inteligente e discreta última cena.

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Teddy é DiCaprio em grande forma, a atirar-se ao sacrifício de uma personagem que parece estar sistematicamente a perder a substância que a define, sendo que é nesse processo que acabará por se concretizar quando tudo estiver exposto.
Uma interpretação assim não é simples, demasiado perto da caricatura que seria tanto a concepção como herói ou absoluto paranóico.
Mas ele demonstra que tem o estofo certo para o fazer.

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Num filme assim, tão dependente da sua resolução, o melhor que dele pode ficar é o nosso interesse em revê-lo, mesmo que o efeito surpresa nunca volte a ter o mesmo poder.
Revemo-lo porque nos interessam as personagens e porque, mesmo conhecendo o final, acabaremos por sucumbir à qualidade cinematográfica que demonstra que esta é, de facto, a arte do hipnotismo: por duas horas não desviamos os olhos do ecrã e nem por um momento regressamos ao mundo real.


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Programação Fantasporto – 26 de Fevereiro

O grande destaque do dia vai para Solomon Kane, o filme apresentado na Sessão de Abertura Oficial do Fantasporto. No Pequeno Auditório, destaca-se o filme de baixo orçamento Colin, exibido às 21h.

Grande Auditório

20:30h – Sessão de Abertura Oficial do Fantasporto 2010
Solomon Kane, Michael J. Basset (2009 – Fra/Rep Che) [trailer]

23:15h – Solomon Kane, Michael J. Basset (2009 – Fra/Rep Che)
Nota: esta sessão é exclusiva para público portador de bilhete.

Pequeno Auditório

15:15h – Conferência Robótica e Cinema 2

21:00h – Colin, Marc Price (2008 – GB) [trailer]

23:00h – Sweet Karma, Andrew Thomas Hunt (2009 – Can) [trailer]

01:00h – Tandem, Toshiki Sato ( 1994– Jap)

Nota: a programação apresentada baseia-se na informação disponibilizada pelos meios oficiais do Fantasporto, e pode estar sujeita a alterações.

Fantasporto 2010: Dia 4 - Breves considerações

No terceiro dia, a redacção deste blogue não teve oportunidade de comparecer. Mas, no quarto e último dia deste pré-Fantas, as atenções estiveram - mais uma vez - focadas no Grande Auditório.

Wonderful Days


Do seu ridículo título em português (Mundos Paralelos) ou da sua tradução pouco cuidada, não há nada a dizer, senão o que parece óbvio. O filme de animação de ficção-científica com ambiente futurista integrou a competição do Fantasporto em 2005, mas não conseguiu arrecadar nenhum galardão. Não deixa de ser um filme acarinhado por fãs do género, sendo que a nível técnico o filme é excelente. Uma animação fluída e esteticamente cuidada, com belíssimas cenas e uma banda sonora bastante boa. O argumento (centra-se numa cidade cuja fonte de energia é a poluição) é quase inexistente e, de certa forma, aborrecido. Pelo menos para quem é menos fã do género.

Fausto 5.0


Em 2002, este foi um dos filmes mais premiados do Fantasporto: Melhor Filme e Melhor Actor (uma partilha do prémio entre Miguel Ángel Solá e Eduard Fernández). Só daqui se vê o impacto que o filme provoca no espectador. É efectivamente um filme de qualidade, bastante bom. Realizado por membros do La Fura dels Baus, apresenta-se como uma nova leitura do mito do homem que vendeu a sua alma ao Diabo, em troca de imortalidade. O uso do corpo enquanto objecto de repulsa e atracção é muito bem retratado no filme, muito culpa do visual utilizado que ajuda a construir um retrato de uma sociedade

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Estreias de 25 de Fevereiro'10: Shutter Island, The Messenger, The Cove, Nord, Les Bureaux de Dieu e The Spy Next Door

Hoje, dia 25 de Fevereiro, pode contar com as seguintes estreias numa sala de cinema perto de si:

Destaques:

Shutter Island (Shutter Island)

Ano: 2010
Género: Drama, Thriller
Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Max von Sydow, Michelle Williams e Emily Mortimer

EUA. Verão de 1954. O xerife Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) e o seu parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo) são enviados para o Hospital Psiquiátrico Ashecliffe, na ilha Shutter, onde estão internados os mais perversos criminosos do país. O caso prende-se com Rachel Solando, uma perigosa assassina em série que desapareceu inexplicavelmente da sua cela e cuja única pista parece ser uma folha de papel com uma pergunta indecifrável. Os médicos, funcionários e enfermeiras da instituição não parecem empenhados em cooperar com a investigação e há algo de particularmente misterioso com Dr. Cawley (Ben Kingsley), o director do hospital. Com um furacão a aproximar-se, rodeados por um ambiente psicótico e pacientes perigosos, ambos percebem que as suas vidas estão em risco e que podem não conseguir sair vivos desta ilha maldita. Realizado por Martin Scorsese, é baseado na obra "Paciente 67" de Dennis Lehane (também autor de "Mystic River", adaptado para cinema por Clint Eastwood em 2003).

Outras sugestões:

O Mensageiro (The Messenger)
NOMEADO PARA ÓSCAR DE MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO E MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

Ano: 2009
Realização: Oren Moverman
Argumento: Alessandro Camon e Oren Moverman
Género: Drama, Guerra

Will Montgomery (Ben Foster) e Tony Stone (Woody Harrelson) são dois oficiais recém-chegados da guerra do Iraque treinados para uma missão muito delicada: notificar os familiares dos soldados mortos no terreno. Pelo carácter da sua missão, os dois criaram uma relação de profundo respeito mútuo. Até que Will dá por si emocionalmente envolvido com Olivia Pitterson (Samantha Morton), uma das viúvas por eles notificada. Tal vai contra todas as regras estabelecidas e acaba por provocar um grande conflito moral entre ambos... Estreia na realização Oren Moverman, venceu o prémio para melhor argumento no 59º Festival de Berlim e está nomeado para dois Óscares: melhor actor secundário (Harrelson) e melhor argumento original.

The Cove - A Baía da Vergonha (The Cove)
NOMEADO PARA ÓSCAR DE MELHOR DOCUMENTÁRIO

Ano: 2009
Realização: Louie Psihoyos
Argumento: Mark Monroe
Género: Documentário

Richard O'Barry, muito conhecido nos anos 80 pelo seu trabalho de treino de golfinhos na popular série televisiva Flipper, junta-se ao realizador Louis Psihoyos num documentário que foca uma das mais horríveis manifestações de crueldade para com os animais: a caça aos golfinhos na baía isolada de Taiji, no Japão. À revelia das autoridades locais, acompanhados por uma equipa de activistas da OPS (Oceanic Preservation Society), eles vão mostrar ao mundo o inferno: enquanto alguns animais são escolhidos para venda e tráfico, outros são barbaramente chacinados pela população local. Nomeado para o Óscar de melhor documentário.

Norte (Nord)

Ano: 2009
Realização: Rune Denstad Langlo
Argumento: Erlend Loe
Género: Drama, Comédia

Jomar Henriksen (Anders Baasmo Christiansen) é um ex-esquiador profissional que abandonou a carreira após uma depressão profunda. Agora, trabalha como guarda numa pista de esqui, vivendo sem propósito nem objectivos, com a bebida como única companhia. Até que descobre que é pai de um menino de quatro anos que vive no Norte e, decidido a mudar o rumo da sua vida, põe-se a caminho. Na maior jornada de toda a sua vida, com as belíssimas paisagens da Noruega como pano de fundo, Jomar vai encontrar pessoas capazes de lhe ensinar uma nova maneira de encarar o mundo e, talvez, encontrar a felicidade... Primeira longa-metragem de Rune Denstad Langlo, venceu o Prémio da Crítica Internacional no 59º Festival de Berlim, onde foi o filme de abertura da secção Panorama.

Consultórios de Deus (Les Bureaux de Dieu)

Ano: 2009
Realização: Claire Simon
Argumento: Natalia Rodríguez e Claire Simon

O dia-a-dia de um Centro de Planeamento Familiar de Paris, vivido por actores não profissionais ao lado de um elenco de estrelas do cinema francês. O filme, entre o drama e o documentário, mostra situações ficcionadas a partir de casos reais registados entre 2000 e 2007, incluindo testemunhos e filmagens com câmara oculta.
Nathalie Baye, Rachida Brakni, Isabelle Carré, Béatrice Dalle e Nicole Garcia vestem a pele de uma espécie de "anjos" ao ocuparem o lugar de conselheiras num Centro de Planeamento Familiar de Paris. Estas mulheres ouvem com atenção cada caso e tentam dar o melhor de si próprias, ao mesmo tempo que riem, choram e sentem como seus os problemas das jovens que as procuram. E este centro é todo um universo de dilemas. Temos Djamila, que queria tomar a pílula porque o seu namoro está a tornar-se uma relação séria. Ou Zoé, a quem a mãe deu preservativos mas que lhe chama prostituta. E temos Nejma, também com uma relação difícil com a mãe, o que a leva a esconder as suas pílulas longe de casa. E Hélène, que se lamenta por ser tão fértil, enquanto Adeline e Margot lamentam é nunca terem conseguido ser mães. Já Angela gostaria de estar grávida. E Ana Maria, definitivamente, gostaria de ter optado pela liberdade sexual, se pudesse...

Espião nas Horas Vagas (The Spy Next Door)

Ano: 2010
Realização: Brian Levant
Argumento: Jonathan Bernstein e James Greer
Género: Comédia, Acção
Elenco: Jackie Chan, Amber Valletta e Madeline Carroll

Bob Ho (Jackie Chan) é um espião da CIA que decide deixar os perigos da profissão para poder assentar com Gillian (Amber Valletta), sua namorada e vizinha. Quando Gillian tem de sair da cidade, Bob voluntaria-se para ficar com os seus três filhos, acreditando conseguir levar a bom termo a sua mais difícil missão: conquistar a simpatia dos futuros enteados. Mas a missão parece quase impossível pois as crianças estão dispostas a tudo para o fazer desistir do casamento. Tudo se complica mais ainda quando um deles faz, inadvertidamente, o download de um código ultra-secreto, levando uma rede de terroristas russos a fazer de tudo para os apanhar. Agora, para sobreviver, Bob e os três pequenos vão ter de pôr de lado as suas diferenças...

LOST: Lighthouse (6.05)

O episódio número 108 não podia deixar de ser especial. A narrativa, escrita por Damon Lindelof e Carlton Cuse, leva-nos a conhecer a vida de Jack X e a sua família, enquanto Jack é levado por Hurley a descobrir a origem das suas ligações à Ilha. O resultado foi um episódio ao nível dos melhores da série, com uma forte carga emocional e grandes revelações a nível da mitologia da Ilha.

Mundo Paralelo

A vida deste Jack é bastante diferente daquilo que conhecemos do Jack da realidade original. O episódio começa com retratos da sua família, em que Jack sorri ao lado do pai. Não lhe conseguimos ver tatuagens no braço, mas é visível a cicatriz da operação ao apêndice.

Na realidade original, Jack teve um problema no apêndice quando liderava a saída do grupo da Ilha, tendo sido operado por Juliet. Nesta realidade, no entanto, Jack foi operado aos 7 anos de idade. O curioso é a estranha sensação que Jack tem quando se vê ao espelho, por não se lembrar de ter sido operado. Em todos os episódios desta realidade, temos visto a mente dos personagens divagar quando se olham ao espelho. O olhar através do reflexo torna-se um tema recorrente e é fácil de associar aos contos de fantasia e à ideia de que há outros mundos para lá do espelho.
O livro Alice não surge por acaso neste episódio. Remete-nos directamente para o "White Rabbit" (1.05) cujo título é, em si, uma referência ao livro. O episódio, especialmente focado no relacionamento entre o Jack e o seu filho David, estabelece um paralelo com o da primeira temporada, centrado na relação entre Christian e Jack.

É uma mudança significativa que Jack tenha um filho. Não sabemos quem seja a mãe, nem há quanto tempo estejam separados. David sente em Jack a mesma pressão que este sentia da parte de Christian. No entanto, a mãe de Jack chama-lhe a atenção para o que se possa estar a passar com o filho. É isto que faz com que estes se reconciliem, algo refrescante para uma série em que os problemas entre pais e filhos têm ficado sempre sem uma boa resolução.

É comovente o momento em que Jack vê o seu filho tocar piano, percebemos o orgulho que sente por ele. Dogen, cujo filho é também pianista, reconhece que David tem um dom. E rapidamente isso reflecte na nossa mente imagens de uma outra realidade e vários personagens de quem foi dito serem especiais, ou terem um dom...

Mundo Original / Jack

Jack encontra-se no exterior do Templo e observa o seu próprio reflexo, enquanto digere a informação recebida sobre o Sayid e a Claire, quando Dogen o encontra para falar do James, Kate e Jin. Dogen está preocupado com o que lhes possa acontecer fora da sua protecção. Entretanto, Hurley encontra Jacob junto à fonte, que o instrui sobre a forma como proceder para ajudar uma pessoa a encontrar a Ilha. Infelizmente, não dá para perceber o que está Jacob a fazer à água da fonte.
Hurley explora o Templo à procura de uma passagem secreta, mas é interrompido por Dogen, que o manda regressar para junto dos outros. Destaco esta cena, por ser um momento brilhante para o Hurley: comandado por Jacob, diz a Dogen que é um candidato e pode fazer o que lhe apetecer. Apercebendo-se da autoridade que acabou de ganhar, é ele quem manda Dogen ir para trás. Em japonês, este responde que tem o dever de proteger o Hurley e essa é a sua sorte, senão arrancava-lhe a cabeça.

Jacob insiste que é preciso que Jack acompanhe o Hurley. Para o convencer, basta usar as palavras mágicas "you have what it takes". Jack lembra-se imediatamente do seu pai e a necessidade de aprovação que sempre teve da sua parte, ficando assim convencido a seguir o Hurley: Jack precisa de saber quem é o Jacob e porque é que ele sabe tanto sobre a sua vida.

No exterior, encontram Kate. Jack quer que ela os acompanhe, mas Hurley opõe-se e Kate também não se mostra interessada: a sua prioridade é encontrar a Claire. O caminho indicado por Jacob leva-os até às grutas onde os sobreviventes do 815 viveram durante algum tempo. À entrada, encontram o inalador da Shannon, uma inside joke alusiva à Comic-Con 2009, em que Jorge Garcia (Hurley) pergunta aos produtores Damon Lindelof e Carlton Cuse se iriam de facto responder a todos os mistérios que realmente importam, incluindo o paradeiro do inalador da Shannon, pelo qual o Sayid torturou o Sawyer.

O motivo pelo qual Jacob indicou aquele caminho é claro: relembrar o Jack da forma como encontrou as grutas. No episódio "White Rabbit" (1.05), Jack segue o fantasma do seu pai até ao local onde se encontra o caixão que o transportava, já vazio. Hurley já não se lembrava dos esqueletos que lá se encontram. Claramente, os produtores quiseram relembrar os espectadores mais distraídos dos corpos cuja história permanece uma das maiores incógnitas da série e está directamente ligada à temática do Preto e Branco. A teoria mais popular entre os fãs é aqui colocada na voz do Hurley: e se o "Adão e Eva" forem dois deles, ou eles próprios, deslocados no tempo?

A chegada ao farol leva-nos a um dos momentos mais brilhantes da série. Afinal, o interior da estrutura tem mais do que uma simples fonte de luz: um conjunto de espelhos por cima de uma roda mecânica, que Hurley tem de girar até a agulha indicar os 108º. Aos poucos, é-nos revelada uma lista de nomes riscados, quando Jack se apercebe de algo no espelho. O que acontece é algo mágico: a cada posição do espelho, está associado o nome de um candidato, sendo visível o reflexo de um local associado a essa pessoa. Está presente a ideia de que os espelhos são uma janela para outros mundos, neste caso, para outros locais. O espelho reflecte os candidatos, os seus nomes são escritos na posição onde essa imagem pode ser encontrada.

Na análise ao episódio anterior, comentei que os nomes escritos na caverna não aparentavam ser coerentes com a organização e minúcia que associamos ao Jacob. Essa ideia é reforçada aqui, onde a lista de nomes foi escrita com uma letra cuidada. A lista do farol parece um trabalho que levou tempo a ser concluído, mas os nomes que vemos na caverna parecem ter sido escritos à pressa. A ausência do nome da Kate na gruta foi algo curioso mas, neste episódio, podemos ver Austen escrito junto à posição 51. Uma curiosidade em relação ao espelho é o facto deste mostrar, na posição 42, o templo onde Jin e Sun se casaram. O Black Smoke não sabia se o candidato 42 seria o Jin ou a Sun, mas este reflexo pode indicar de que o candidato em questão seja o próprio casal.

O nome associado ao grau 108 é Wallace. Está riscado, mas pertence a um candidato que nos é desconhecido. Será este Wallace a pessoa que Jacob aguarda? A análise das imagens confirma que nem todos os nomes riscados são de pessoas mortas, como (Ben) Linus com o número 117. Podem ser simplesmente pessoas que "já não servem" para o cargo, seja qual for o critério que define essa aptidão.

Jack destrói o espelho. A descoberta de que o seu nome sempre esteve associado à Ilha e que tem sido observado durante toda a sua vida causa-lhe um grande impacto emocional. Jacob não está preocupado com a perda da ferramenta, a sua prioridade é fazer com que Jack compreenda o quão importante é para a Ilha e levá-lo a cumprir o seu destino. Além disso, ele precisava de tirar o Jack e o Hurley do Templo para os resguardar de alguém mal intencionado. Jacob diz que é tarde demais para os avisar, o que poderá deixar Kate, Miles e os Others em perigo. Será Dogen capaz de os proteger?

Mundo Original / Claire

Claire encontra Jin e liberta-o da armadilha preparada pela própria. Diz-lhe que tem estado na Ilha desde que todos saíram (com a conotação de quem se sentiu abandonada) e decide levar Jin para um local "seguro". A tenda da Claire contém uma colecção de objectos que variam entre o bizarro e o perigoso, especialmente no que diz respeito aos explosivos colocados mesmo ao lado do colchão. Mas o que realmente se destaca é o pequeno berço com um esqueleto no interior revestido com peles de animais.

Há que salientar o excelente desempenho da actriz Emilie de Ravin neste papel. Claire enlouqueceu: está obcecada com o filho, acredita que os Others o têm e ameaça matar um seu prisioneiro caso este não conte onde está o Aaron. É irónica a sua preocupação com o Jin, quando lhe trata da ferida e diz que uma infecção o pode matar. Claire discute o facto dos Others terem levado o seu filho, alegando que foi o seu pai que lhe contou e, depois, o seu "amigo" confirmou, portanto tem a certeza. Jin está assustado e informa-a que foi a Kate quem levou a criança, mas a reacção da Claire é ainda pior.

O Other prisioneiro diz a verdade, mas acaba morto. Claire revela que passou pelo mesmo teste que vimos Dogen fazer ao Sayid, o que provavelmente facilitou a argumentação do seu "amigo". Jin retira o que disse sobre a Kate, e Claire revela que se a história fosse mesmo verdade, matava-a. Definitivamente um mau presságio para o reencontro entre estas duas amigas. É neste momento que Smoke aparece. Jin está surpreendido por ver John Locke, mas a Claire rapidamente o esclarece: "não é o John, este é o meu amigo"!

Com isto, temos a confirmação de que a infecção coloca as pessoas do lado do Black Smoke. Não necessariamente controladas por ele, mas seguramente aliadas e manipuladas. Claire faz a distinção entre o seu pai e o seu amigo, o que elimina a possibilidade de Christian ser uma manifestação do Black Smoke. É agora mais plausível afirmar que o seu corpo tenha sido "reclamado", como aconteceu à Claire e ao Sayid. Agora que têm uma forma de aceder ao Templo, o confronto com os Others está iminente. Irá Ilana chegar a tempo de agir? O encontro destes dois grupos trará consigo o tão esperado reencontro entre Jin e Sun. Mas há que relembrar também que Sun traz no bolso o anel que pertencia ao Charlie. Irá isto causar algum impacto na Claire? Poderá algum infectado ser salvo?