quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Lion - A Longa Estrada Para Casa, por Carlos Antunes



Título original: Lion
Realização: Garth Davis
Argumento: Luke Davies
Elenco: Dev Patel, Nicole Kidman, Rooney MaraSunny Pawar


Lembre-se The Barefoot Contessa de Joseph L. Mankiewicz para falar de Lion: um guião tem de fazer sentido, a vida não.
Este sentido não trata apenas da coerência do que se passa mas da relevância dramática do que se passa e da capacidade do argumento de envolver o público naquilo que narra.
Os traços gerais das duas grandes componentes da história parecem ser aquilo que Lion precisava para que o seu guião fizesse sentido.
Por um lado a história de há vinte anos atrás quando um menino se perde do irmão e fica preso num comboio que viaja 1600 km até Calcutá onde ele acabará na rua e, depois, num orfanato antes de ser adoptado por uma família da Nova Zelândia.
Por outro a história de como em 2008 as suas memórias da família que perdeu na Índia se tornam mais intensas e, com o nascimento da ferramenta Google Maps, o fazem procurar as suas origens de forma tão obsessiva que começa a destruir os laços emocionais que construiu.
O filme conta a primeira metade da história de forma directa, sem tentar dar-lhe uma sofisticação que as dificuldades de vida de uma criança não precisa.
Como esses momentos se julgam a preparação da história mais complexa que estará para vir depois - ideia que o subtítulo português reforça - o seu esquematismo perdoa-se.
Esta parte da história, com o seu realismo que infelizmente ainda é um cliché, captura a atenção enquanto o público ainda está disponível para fazer o investimento emocional, no que é incentivado pela carismática presença de Sunny Pawar, uma descoberta que valerá a pena ver no cinema mais vezes, sobretudo se lhe permitirem manter a naturalidade que fazer parte da sua actuação.
Quando o tempo salta para a imagem de um feliz surfista Neo-Zelandês, que só o tom de pele denuncia como tendo outras origens, não foi estabelecido um passado significativo para o personagem central para lá daquele episódio na Índia.
A partir daí era difícil que o filme se erguesse acima do resumo de uma história de vida certamente mais substancial e que aqui se vai resumir a "o que eu andei para cá chegar e agora o que eu vou andar para lá voltar".
O esquematismo narrativo mantém-se mas como a substância deixou se estar nas ocorrências que assolam Saroo para estar nos elementos dramáticos da sua vida, qualquer sombra de consistência se esboroa.
Na tentativa vã de construir um personagem adulto com quem se conectar o filme atira com elementos dramáticos ao público com uma brusquidão que se torna absurda.
Não há lógica na maneira como as revelações são feitas e o público é deixado a adivinhar o que se terá passado até que novo efeito surpresa surja.
Isso é péssimo quando o filme tem de estabelecer uma identidade familiar pela qual Saroo tenha sentimentos contraditórios que o façam hesitar no momento em que tem de optar entre a família que outrora perdeu e a que agora se arrisca a alienar.
Primeiro sabe-se que Saroo tem uma desavença com o seu irmão (igualmente Indiano e adoptado), depois que a mãe sofre de prolongada depressão por causa desse irmão muitas vezes desaparecido, até que por fim surge a informação de que são as drogas que minam a harmonia.
Esta linha dramática permanece no filme para que Nicole Kidman tenha direito a uma cena em que se mostra vulnerável e comovente mas pouco mais do que isso, para infortúnio de David Wenham e Divian Ladwa que poderiam ser substituídos por imagens de cartão de si próprios.
O foco deveria ir para a busca que Dev Patel faz pelo seu passado, acometido pela lembrança de um bolo frito que cobiçava em rapaz, e que encontra notáveis dificuldades nas poucas lembranças que ele tem e na imensidão de correspondências que com ela faz num país da dimensão da Índia.
Aqui se tem de retornar ao sentido que o guião deveria fazer e que, não acontecendo, corta os últimos fios que conectam espectador e filme.
O Saroo adulto parece não ter uma dose de lógica na sua abordagem à busca que tem de fazer. E isto apesar dos cálculos que executa e das linhas de mapa que traça.
Persistindo no seu isolamento emocional contra aqueles que o querem ajudar só se enrodilha na tarefa quase impossível.
Para, no instante em que ela se torna avassaladora, descobrir a resposta numa deambulação sem nexo pelos mapas da Google.
Admite-se que as coisas se passaram desta forma na história real, mas o filme faz com que pareça tudo um acto de providência. Um toque de magia quando tudo parece perdido.
Está assim validado os erros de comportamento de Saroo que atingiu o seu final feliz. Ainda para mais com a recompensa adicional do compromisso da personagem de Rooney Mara, a mesma que ele abandonou por estar obcecado com a sua busca.
Para fazer crer que Saroo estava destinado a ser bem sucedido o filme tinha de justificar esse mérito com algo mais do que o infortúnio de vinte anos antes.
Pela forma como Saroo desperdiça as excelentes oportunidades e o muito amor que recebe, ele deixa a sensação de merecer o preciso oposto.
Muitas sãos as opções erradas do argumento, que selecciona mal os elementos humanos essenciais à história e que tudo relata sem centelha de vida.
Garth Davis deveria ter sido capaz de fazer o resultado final superar esse problema de base, elevando o retrato que faz do seu protagonista.
Até terá almejado a tal mas a sua escolha visual de ter Dev Patel a olhar o horizonte e a ter visões do seu irmão há muito perdido é demasiado pobre, ainda que aconteça sob um excelente trabalho de fotografia de Greig Fraser.
O actor Inglês está comprometido com o papel, acredita nos feitos que o acaso colocou no percurso de vida do homem que emula.
Sem bases nas quais apoiar a qualidade e a intensidade que demonstra, o seu papel não ascende a um lugar de destaque que permita elogiá-lo com mais do que comedida sinceridade.
Não era uma "tarefa de leão" a equipa à sua volta fazer valer o drama natural do homem a quem dá corpo e comover quem visse o filme. Falhar em quase toda a linha é, por isso, uma sentença ainda mais grave.




terça-feira, 29 de novembro de 2016

Passatempo "Cruzeiro Seixas - As Cartas do rei Artur"


O público do Doclisboa 2016 não ficou indiferente ao primeiro filme realizado por Cláudia Rita Oliveira, montadora de José & Pilar. O documentário Cruzeiro Seixas - As Cartas do rei Artur recebeu o prémio do público no festival e o Split Screen, em conjunto a produtora Jumpcut, está agora a oferecer aos nossos leitores a oportunidade de assistir a uma sessão especial do filme na Cinemateca Portuguesa.

Cruzeiro Seixas existe num labirinto onde todos os caminhos levam a Mário Cesariny. Subjugado por esta obsessiva relação, Cruzeiro Seixas não viveu, mas deixou documentos desse não viver: 95 anos de pintura e poesia à espera de um reconhecimento maior ao lado de outros autores surrealistas.

Assinalando os 96 anos de Cruzeiro Seixas, a sessão especial do filme decorrerá a 3 de Dezembro (Sábado), às 21h30, na Cinemateca Portuguesa e contará com a presença do artista visual. 


Regulamento:
- O passatempo premiará as primeiras dez participações válidas.
- Cada uma das participações no passatempo deve conter dados únicos relativamente a todas as outras. No caso de se verificar utilização abusiva de dados, todas as participações em incumprimento serão excluídas do sorteio.
- Os premiados serão escolhidos entre todos aqueles que apresentarem uma participação válida e a escolha será definitiva a menos que se apresente um caso de fraude.
- O Split Screen reserva-se o direito de fazer uma selecção das respostas validadas quando se apresentarem circunstâncias duvidosas da legitimidade da origem das mesmas.
- Além da correcção das respostas às questões lançadas, também o preenchimento dos dados pessoais são factor de exclusão, devendo por isso corresponderem às normas como são solicitados.
- A morada usada para participação deve corresponder à morada de residência do participante. O Split Screen reserva-se o direito de exigir um comprovativo de morada aos vencedores para validar a entrega do prémio.
- O nome dos vencedores será publicado neste blogue e os mesmos serão avisados por email.
- Em caso de não concordar com alguma destas regras, deverá abster-se de participar.
- O presente regulamento não substitui o conjunto de regras gerais definido para todos os passatempos do blogue, que deve ser consultado na secção "Termos e Condições" para qualquer dado omisso ou qualquer caso de dúvida.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Trailer para o novo filme de Jim Sheridan



Jim Sheridan está de regresso ao grande ecrã cinco anos depois do menos bem sucedido A Casa dos Sonhos.

The Secret Scripture leva-o de volta à sua Irlanda natal numa adaptação do livro de Sebastian Barry, Escritos Secretos (Bertrand Editora).

Trata-se da história de vida de uma mulher, Roseanne McNulty, confinada durante a maior parte da sua vida a uma instituição de saúde mental e interpretada nas suas diferentes faixas etárias por Rooney Mara e Vanessa Redgrave.

Entre os mais reconhecidos nome do elenco contam-se ainda Eric Bana, Theo James, Jack Reynor e Aidan Turner.

Este primeiro trailer está longe de ser brilhante mas é inegável que o talento de Jim Sheridan - duplamente nomeado ao Oscar de Melhor Realizador e triplamente nomeado como argumentista - fica patente nas imagens e aguarda-se o seu regresso à excelência de Em Nome do Pai ou O Meu Pé Esquerdo.


Próximos projectos de Fede Alvarez



O realizador do remake de Evil Dead e de quem este ano vimos Nem Respires anunciou que tem em mãos duas sequelas.

Uma delas será, precisamente, a continuação de Don’t Breathe e a outra será o filme que marca o retorno de Lisbeth Salander.

Trata-se da adaptação de A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha, o quarto livro da saga Millennium (editado entre nós pela Dom Quixote), escrito por David Lagercrantz.

Estes dados foram adiantados pelo próprio realizador numa entrevista ao site Coming Soon e embora haja ainda muita incerteza quanto aos detalhes do que acontecerá, a principal expectativa está no regresso de Rooney Mara e Stephen Lang aos papéis centrais dos respectivos filmes.




Trailer de "The Zookeeper's Wife"



Foi revelado o trailer para o filme The Zookeeper's Wife protagonizado por Jessica Chastain e Daniel Brühl.

Esta é a adaptação do livro de Diane Ackerman com o mesmo nome que tornou conhecida a forma como Antonina Żabińska e o marido salvaram centenas de vidas entre a população Judia de Varsóvia durante a II Guerra Mundial.

Niki Caro é a realizadora responsável pelo trabalho, entre nós conhecida pelas estreias de A Domadora de Baleias e North Country - Terra Fria e que, entretanto, parece ser dos principais nomes em equação para comandar o primeiro filme da Marvel protagonizado por um personagem feminino, Captain Marvel.


terça-feira, 15 de novembro de 2016

Segundas temporadas na HBO



O canal HBO anunciou que três das suas séries terão direito a uma segunda temporada. Westworld, Insecure e Divorce.

A série que reinventa a obra de culto de Michael Crichton tem estado entre as preferências dos espectadores que já se dedicam a discutir múltiplas teorias sobre os mistérios envolvidos.

Insecure tem sido altamente elogiada pela crítica, num caso que se aproxima da unanimidade sobre a alta qualidade da sua primeira temporada.




A série protagonizada por Sarah Jessica Parker é a renovação mais inesperada deste trio, visto que quer o público quer a crítica têm mostrado reservas quanto à mesma.

A perspectiva mais positiva será a de que a HBO voltou à sua política de dar sempre oportunidade para as suas séries se desenvolverem um pouco mais antes de as cancelar.


Obituário: Tom Neyman

23 de Novembro de 1935 - 12 de Novembro de 2016

Homem de um personagem só, The Master, e ainda assim eterno na memória dos cinéfilos que se deliciam com os meandros mais obscuros do cinema. Tom Neyman morreu à beira de completar 81 anos e quando se comemoravam os 50 de Manos: The Hands of Fate, aquele que é regularmente considerado o pior filme de sempre. Fica por ver a sequela, Manos Returns, em que Neyman volta ao personagem que foi suficiente para o fazer merecedor deste obituário.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Donald Trump no ecrã



Como se pode ver acima, até os Simpsons já vieram fazer a sua penitência a propósito da sua previsão sobre um Donald Trump presidente no longínquo episódio Bart to the Future.

Para que aqueles que não seguiam The Apprentice comecem a habituar-se à ideia de que verão muitas vezes esta figura no vosso ecrã nos próximos tempos, deixamos dois vídeos abaixo.

A prova de que o homem que em 2006 foi à cerimónia dos Emmys cantar o genérico de Green Acres se tornou numa referência cultural (?) e se safa com quase tudo o que faz...





terça-feira, 25 de outubro de 2016

Bem-Vindos... Mas Não Muito, por Carlos Antunes



Título original: Le grand partage
Realização: 
Argumento: 
Elenco: 


Aceita-se que a comédia parta de um pressuposto mal engendrado quando quer ser crítica da sociedade contemporânea. O problema está em que nem com a quebra das regras de lógica política Bem-Vindos... Mas Não Muito consegue ter algo a dizer.
O filme assenta em clichés gastos que devem estar mais perto de um mito do que uma verdadeira memória da vida em Paris. Veja-se aqueles que terão de aceder a receber em sua casa algumas pessoas durante o Inverno.
O casal burguês, naturalmente de "direita", que dorme em quartos separados e tem uma empregada de origem africana, que despreza de tal maneira a nova lei do governo que vai buscar a velha mãe ao lar para onde foi desterrada.
O casal de esquerda, de ideas vanguardistas até na decoração da casa, mas que na hora da verdade mostram o seu pouco comprometimento com o que defendem.
O homossexual solitário que tomou conta da mãe toda a vida e está agora desejo de ter alguém em casa com quem passar um pouco de tempo.
Há ainda uma porteira que teme os emigrantes e certamente vota em Marine Le Pen (porque já não pode votar no pai) mais um casal de velhos em que ele só quer ter sossego enquanto ela passa o tempo a bisbilhotar a vida dos vizinhos e a rabujar.
Se isto é o retrato do universo que constitui um prédio de um dos mais chiques arrondissements parisienses, nem para se safar ao frio haveria quem lá quisesse ir parar!
Para os personagens o cliché não é o pior que lhes está reservado. Eles são fantoches de uma contínua mudança de mentalidade que impossibilita qualquer consistência.
Nenhum dos personagens é no final aquilo que era no início. E muito menos aquilo que foi de permeio.
Não porque sejam transformados por contacto humano de cinco minutos que só no cinema muda as crenças mais duradouras, mas porque as decisões contraditórias têm de acontecer pela mão dos mesmos intervenientes ou não haveria maneira do filme continuar.
Uma excepção, a porteira. Ela, entretanto, descobriu o prazer de ter um amante africano, que em tamanho é "tal e qual como dizem". Ela faz tão pouco no filme que tiveram de lhe dar a piada final - e umas rastas! - para que chegasse a ser uma memória.
O que é mais do que o casal idoso, que poderiam ser denominados como o casal Not-Appearing-In-This-Film se os Monty Python fossem para aqui chamados!
Isto está longe de querer dizer que o filme termina com aquela nota de esperança de que as pessoas melhoram o seu carácter e vivem de forma comunitária.
Contrariamente ao que o filme ameaçou durante a sua duração, no final ninguém quer gastar o seu tempo com a conversa dos vizinhos ou sequer parece ter para eles uma atitude diferente do desprezo inicial. No final apenas o transformaram em conversa de circunstância.
Não havendo imaginação, nem personagens, nem consistência, houvessem ao menos piadas que funcionassem. Não há e não vale a pena dizer mais nada sobre o assunto.
Sem talento nem como argumentista nem como realizadora, não se compreender como Alexandra Leclère reune o bom elenco que aqui se vê ou como supera um milhão de espectadores em França.
Um país conhecido pela sua militância política tem de reflectir quando esta visão grosseira de si próprio apela a tantas pessoas.




Passatempo Jogo de Damas

sábado, 22 de outubro de 2016

Terceira temporada de "American Crime Story" focar-se-á no assassinato de Gianni Versace


O Deadline revelou que a terceira temporada de American Crime Story irá situar-se em 1997, ano do assassinato do estilista Gianni Versace às mãos do serial killer Andrew Cunanan.

American Crime Story: Versace/Cunanan baseia-se no livro Vulgar Favors e será filmado ao mesmo tempo que a segunda temporada, focada no furacão Katrina. A temporada sobre Versace será filmada em Miami e Los Angeles durante a próxima Primavera, com Ryan Murphy a realizar o primeiro episódio. Os produtores estão a reunir-se com actrizes da chamada A-list para interpretar o papel da irmã Donatella Versace. O argumento está nas mãos de Tom Rob Smith (London Spy).

CBS cancela "BrainDead" e "American Gothic"


O canal CBS cancelou duas suas novas séries: BrainDeadAmerican Gothic, ambas exibidas durante a Summer Season.

Dos criadores de The Good Wife, BrainDead é uma comédia sobre a vida de Laurel (Mary Elizabeth Winstead), filha de um democrata que se afastou de Washington para tornar-se uma documentarista. Mas quando o seu irmão senador precisa do seu apoio político, esta regressa à cidade para trabalhar no Congresso. Lá, acaba por descobrir que extraterrestres tomaram o corpo de vários políticos e funcionários do poder político. A série teve treze episódios produzidos para a sua primeira temporada, que foi vista por cerca de 2,61 milhões de espectadores.

American Gothic, um drama familiar, seguia uma família da alta sociedade que sofre com a morte do seu patriarca. Mas à medida que lidam com o luto, descobrem que este pode ter sido um serial killer, que contou com a ajuda de um familiar como cúmplice. A única temporada produzida, teve treze episódios, e foi vista, em média, por 2,7 milhões de espectadores.

Jennifer Lawrence deverá ser Zelda Fitzgerald no cinema


A Variety adianta que a actriz Jennifer Lawrence (Joy) deverá interpretar Zelda Fitzgerald no cinema.

O filme deverá ser realizado por Ron Howard (Rush), com argumento escrito por Emma Frost (Shameless), focado na vida de Zelda à medida que esta estabelece a sua própria identidade fora da sombra do seu famoso marido e escritor F. Scott Fitzgerald. O projecto está a cargo da Lionsgate, embora não seja ainda conhecido o cronograma da produção.

Prémios Gotham 2016 iniciam a temporada de prémios e dão destaque a "Manchester by the Sea"


Os The Gotham Independent Film Awards dão, todos os anos, o pontapé de partida na temporada de prémios e corrida aos Oscars, ao revelar os melhores filmes independentes norte-americanos do ano. Este ano, Manchester by the Sea lidera com quatro nomeações (Melhor Filme, Argumento, Actor e Actor Revelação), seguido por Moonlight e Paterson, com três nomeações cada um. 

Contrário ao esperado, ausente da lista de nomeações ficou La La Land, um indie "moral" (já que teve um orçamento de mais de 30 milhões de dólares) e que é um dos principais candidatos aos Oscars 2017.

Em 2015, o vencedor na categoria de Melhor Filme foi Spotlight (repetiu o feito nos Oscars 2016).

Melhor Filme
Certain Women, de Kelly Reichardt
Everybody Wants Some!!, de Richard Linklater
Manchester by the Sea, de Kenneth Lonergan
Moonlight, de Barry Jenkins
Paterson, de Jim Jarmusch

Melhor Documentário
Cameraperson, de Kirsten Johnson
I Am Not Your Negro, de Raoul Peck
O.J.: Made in America, de Ezra Edelman
Tower, de Keith Maitland
Weiner, de Josh Kriegman e Elyse Steinberg

Realizador Revelação
Robert Eggers por The Witch
Anna Rose Holmer por The Fits
Daniel Kwan e Daniel Scheinert por Swiss Army Man
Trey Edward Shults por Krish
Richard Tanne por Southside with You

Melhor Argumento
Taylor Sheridan por Hell or Hight Water
Whit Stillman por Love & Friendship
Kenneth Lonergan por Manchester by the Sea
Tarell Alvin McCraney e Barry Jenkins por Moonlight
Jim Jarmusch por Paterson

Melhor Actriz
Kate Beckinsale em Love & Friendship
Annette Bening em 20th Century Women
Isabelle Huppert em Elle
Ruth Negga em Loving
Natalie Portman em Jackie

Melhor Actor
Casey Affleck em Manchester by the Sea
Jeff Bridges em Hell or High Water
Adam Driver em Paterson
Joel Edgerton em Loving
Craig Robinson em Morris from America

Actor Revelação
Lily Gladstone em Certain Women
Lucas Hedges em Manchester by the Sea
Royalty Hightower em The Fits
Sasha Lane em American Honey
Anya Taylor-Joy em The Witch

Melhor Elenco
Moonlight

Série Revelação (Long form)
Crazy Ex-Girlfriend
The Girlfriend Experience
Horace and Pete
Marvel's Jessica Jones
Master of None

Série Revelação (Short form)
The Gay and Wondrous Life of Caleb Gallo
Her Story
The Movement
Sitting in Bathrooms with Trans People
Surviving

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A piada do Cinema

Com mais uma das personagens em que Stan Lee teve enorme influência a chegar ao cinema, Doutor Estranho, aproveitamos para lembrar uma criação do homem que revolucionou a "Casa das Ideias".

Melvin the Monster - já aqui se notava o gosto pelas aliterações - surgiu em 1956 para disputar o sucesso a Dennis the Menace - personagem que em 1993 chegou ao cinema para infernizar um pobre Walter Matthau.

O personagem não foi além de seis edições do título em nome próprio, mas isso foi tempo mais do que suficiente para dar cabo do juízo a vários espectadores de cinema, como se pode ver nas imagens abaixo.




quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Passatempo O Cinema da Villa

Estreias 20 Out'16: O Ornitólogo, Café Society, Razredni Sovraznik, Avril et le monde truqué, Le Grand Partage, Jack Reacher: Never Go Back e Five

Dia 20 de Outubro pode contar com as seguintes estreias numa sala de cinema perto de si:

Destaques:

  O Ornitólogo (O Ornitólogo)
Ano: 2016
Realização: 
Argumento: 
Género: Drama
Elenco: , ,

Fernando (Paul Hamy) é um ornitólogo solitário que decide pegar no seu caiaque e descer um rio em busca das raras cegonhas pretas, conhecidas por apenas se encontrarem em regiões inóspitas, longe dos olhares humanos. Depois de algum tempo em viagem, distraído com a beleza da paisagem, é surpreendido pelos rápidos e quase morre afogado. Na luta pela sobrevivência, vai confrontar-se com alguns dos seus demónios mais íntimos e medos mais primitivos. Ao encarar-se desta maneira, vai sair de lá um homem irremediavelmente transformado… Depois de "O Fantasma" (2000) – que entrou no concurso oficial de Veneza -, "Odete" (2005) ou "Morrer como Um Homem" (2009) – ambos em competição em Cannes –, e de "A Última Vez Que Vi Macau" (2012) – que venceu o prémio de Melhor Documentário no Festival de Cinema de Turim (Itália) e uma menção especial do júri do Festival de Cinema de Locarno (Suíça) –, com este filme João Pedro Rodrigues arrecadou, já em 2016, o Leopardo de Melhor Realizador em Locarno.

Outras sugestões:

Café Society (Café Society)
Ano: 2016
Realização:
Argumento:
Género: Comédia, Romance

Elenco: , ,

EUA, década de 1930. O jovem Bobby sonha conquistar fama e fortuna. Decidido a alcançar o estrelato, deixa Nova Iorque e ruma a Los Angeles, onde tenciona valer-se dos contactos do tio, Phil Stern, um famoso agente que fez carreira em Hollywood. Bobby consegue o emprego de mensageiro na empresa do tio. É então que conhece e se apaixona perdidamente por Vonnie, a belíssima secretária de Phil. Ao contrário de todos os que a rodeiam, ela olha com algum desdém para todo o "glamour" da indústria cinematográfica. Mas, para infortúnio de Bobby, ela está romanticamente envolvida com outra pessoa. Com realização e argumento do veterano Woody Allen, uma comédia romântica que conta com Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Steve Carell, Parker Posey, Blake Lively, Corey Stoll, Jeannie Berlin, Ken Stott e Tony Sirico, entre outros.


O Inimigo da Turma (Razredni Sovraznik)

Ano: 2013
Quando a professora de alemão de uma turma eslovena vai de licença de maternidade, é substituída por Robert (Igor Samobor), um professor exigente e com especial gosto por impor a sua autoridade. Os alunos, habituados a um relacionamento próximo com a anterior docente, sentem-se intimidados por aquele estranho, que parece vê-los como inimigos. E as coisas complicam-se quando Sabina, uma rapariga sensível e pouco popular entre os colegas, abandona a sala em lágrimas depois de ser injustamente repreendida pelo professor. Quando, alguns dias mais tarde, os adolescentes ficam a saber que Sabina se suicidou, rapidamente encontram em Robert o "bode expiatório" de que necessitavam. De um momento para o outro, a rapariga de quem ninguém gostava torna-se uma espécie de símbolo para os seus protestos contra o excesso de autoridade do corpo docente… Estreia na longa-metragem de Rok Bicek, um filme dramático vagamente inspirado em factos reais acontecidos num liceu que o realizador frequentou durante a juventude.

Abril e o Mundo Extraordinário (Avril et le monde truqué

Ano: 2015
Realização:  ,
Argumento:  , ,
Género: Animação

Ano de 1941. Napoleão V reina em França. Há sete décadas que algo de estranho acontece: os cientistas desaparecem sem que ninguém entenda o motivo. Sem as descobertas dos seus génios criativos, a tecnologia não evolui, ficando presa a usos limitados do carvão e do vapor. No horizonte não há electricidade nem invenções como televisão, rádio ou aviação. É neste cenário que Abril (Marion Cotillard) continua a investigação do soro da imortalidade, iniciada pelos pais – entretanto desaparecidos – uma década antes. Perseguida pela polícia, parte em busca dos progenitores na companhia de Darwin, o seu gato falante, e Julius, um rapaz de rua por quem se apaixona. Estreia na realização de Franck Ekinci e Christian Desmares, um filme animado que retrata um universo "steampunk" com um estilo baseado no trabalho de Jacques Tardi, um dos mais importantes autores franceses de banda desenhada, conhecido pela aclamada obra "Foi Assim a Guerra das Trincheiras" ou da série das "Aventuras de Adèle Blanc-Sec".

Bem-Vindos... Mas Não Muito (Le grand partage)
Ano: 2015
Realização:
Argumento:
Género: Comédia
Elenco: , ,

Perante um Inverno implacável que se prevê durar mais algum tempo, o Governo francês decide criar um decreto-lei que obriga todos os cidadãos a receber em suas casas as pessoas que não têm lugar para dormir. A ocasião, ao invés de fazer sobressair o melhor de cada francês, vai colocar o país em "estado de sítio". A verdade é que ninguém está verdadeiramente disposto a transformar a sua generosidade em algo mais que uma simples teoria... Com realização de Alexandra Leclère ("Zanga de Irmãs", "O Preço a Pagar", "Maman"), uma comédia de costumes que conta com a participação de Karin Viard, Didier Bourdon, Valérie Bonneton e Michel Vuillermoz.

Jack Reacher: Nunca Voltes Atrás (Jack Reacher: Never Go Back)
Ano: 2016
Género: Acção
Elenco: , ,

Tom Cruise é Jack Reacher, um ex-investigador da Polícia Militar americana que, durante mais de uma década, liderou a Unidade de Investigações Especiais. Mas a sua mente brilhante e o seu sentido de justiça muito peculiar transformaram-no num apátrida. Hoje, ele é um homem sem nada a perder que se habituou a viver à margem do resto do mundo. Quando toma conhecimento de que Susan Turner, a major do Exército com quem trabalhou no passado, é presa por traição, decide ajudá-la. Convicto de que ela é alvo de uma conspiração, resolve iniciar uma investigação por conta própria. Mas depressa se apercebe que o caso tem ramificações muito mais complexas do que imaginava. Um filme com realização e argumento de Edward Zwick ("Lendas de Paixão", "O Último Samurai", "Diamante de Sangue", "Resistentes") a partir da conhecida personagem criada por Jim Grant (sob o pseudónimo Lee Child) e que deu origem a uma vasta série de literatura policial. Além de Tom Cruise, o elenco conta com Cobie Smulders, Danika Yarosh e Robert Knepper, entre outros.

Mas Que Cinco... (Five)
Ano: 2016
Género: Comédia
Elenco:  , ,

Desde pequenos que Julia, Vadim, Nestor, Timothé e Samuel são amigos inseparáveis. Quando eram crianças, tinham um plano simples: assim que se tornassem independentes, arrendavam uma grande casa e iam morar juntos. Hoje, já crescidos, esperam ansiosamente pela primeira oportunidade. Quando Samuel, estudante de medicina, se oferece para pagar metade da renda com a mesada do seu pai rico, os outros ficam em êxtase. O problema é que, sem que os outros tenham conhecimento, o pai resolveu acabar com as mordomias. Para arranjar dinheiro para cumprir com o prometido, Samuel resolve começar a vender droga – uma decisão que se vai revelar desastrosa… Uma comédia escrita, realizada e protagonizada pelo francês Igor Gotesman. Ao seu lado estão Pierre Niney, François Civil, Margot Bancilhon e Idrissa Hanrot.
 Sinopses: Cinecartaz Público

Inferno, por Carlos Antunes



Título original: Inferno
Realização: Ron Howard
Argumento: David Koepp
Elenco: Tom Hanks, Felicity Jones, Ben Foster, Omar Sy


A evolução nas adaptações que Ron Howard vem fazendo das aventuras de Robert Langdon não disfarça o pouco mérito que tal melhoria tem considerando o ponto de partida.
Até porque os créditos da melhoria não pertencem ao realizador que continua sem conseguir tornar orgânica a verbosidade de um thriller que depende da informação para manter o espectador a par do que se passa quando os personagens encontram um enigma.
Enigmas que estão sempre em pontos do mapa que atraem pela sua sumptuosidade e pela sua História. Infelizmente o filme não pode parar para observar a beleza à sua volta senão brevemente em Florença quando tudo ainda está no arranque. Quando se chega a Veneza ou Istambul a pressa é demasiada.
Os pontos do mapa são marcas onde os personagens têm de se apresentar como num peddy-paper que se espera que seja bigger than life. Como não é, sobra apenas a correria.
Langdon e a sua parceira sempre em fuga de uns e de outros e a serem incapazes de um eficaz secretismo que evite que venham na sua peugada.
Tanto correr não cansa só o espectador, cansou também o próprio Tom Hanks que nunca investiu tão pouco numa interpretação. Ao ponto de, quando questionado sobre a adaptação d'O Símbolo Perdido, ele dizer num tom de piada que não o é que "a boa notícia é que não está contratualmente obrigado a isso".
Em compensação Felicity Jones acrescenta qualidade e não se limita a ser uma parceira de circunstância como as outras mulheres que andaram nestas desventuras com Langdon. A substância é pouca mas a actriz tenta transformá-la em personalidade.
Ela contraria a anonímia a que é votado o elenco  - internacional e de prestígio só para que seja vistoso - somada a um Irrfan Khan que tem classe até sendo irónico com o papel.
Ainda assim não basta que incluam uma tirada de Khan a queixar-se ao subordinado por este lhe estar a explicar o que é evidente para compensar o facto do resto do filme assentar em explicações dadas a especialistas na matéria em causa.
Há que culpar o material de origem pelas maiores limitações deste - como dos anteriores - filmes.
Se o filme é um pouco melhor do que os anteriores é porque a história está mais perto do que a de um thriller deve ser.
Mais do que uma reviravolta acontece ao longo do filme, ainda que isso o torne apenas falsamente complexo.
Os acontecimentos internos são simplistas e o delírio da arquitectura do cenário global da aventura continua a desafiar a lógica (que desaparece quando o filme se encaminha para o final e precisa de começar a atar fios que não iam dar a lado nenhum).
A mecânica ficará sempre por afinar enquanto que a imaginação continuará sem estar ao serviço da narrativa.
Como já passou uma década desde The Da Vinci Code e Tom Hanks já não vai tendo idade para tanta correria, será razoável esperar que o tempo de Robert Langdon fique por aqui.
Não se vislumbra que a qualidade do material melhore e faltariam muitos filmes até que um deles atingisse o patamar da relevância.